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05/11/2003
-
05h02
LAURA MATTOS
da Folha de S.Paulo
No caos de Florianópolis --que passou mais de três dias sem energia elétrica e com problemas na telefonia e no fornecimento de água--, o velho radinho de pilha acabou virando herói.
Diante do apagão que assolou a cidade na semana passada, AMs e FMs transformaram-se no principal meio de comunicação entre as autoridades e a população. Sem ter como ligar a TV, moradores e turistas da ilha catarinense correram a lojas e camelôs atrás de walkmans e radinhos portáteis.
"Os ouvintes nos telefonavam contando que não conseguiam mais encontrar aparelhos de rádio para comprar. Com o aumento da demanda, houve exploração no preço. A pilha, por exemplo, que antes era encontrada por R$ 1,99, chegou a ser vendida até por R$ 6", afirma Nabor José Prazeres, 55, diretor da Guararema AM.
Líder de audiência dentre as AMs, a rádio interrompeu sua programação normal e manteve cobertura praticamente ininterrupta dos transtornos na cidade.
Foi pelo rádio que a população soube do cancelamento das aulas na maioria das escolas, do fechamento do comércio, da confusão no trânsito, dos locais onde assaltantes aproveitavam a escuridão para agir. Foi também pelas estações que técnicos e políticos deram explicações sobre o acidente nas linhas de transmissão de energia e o consequente blecaute.
"Os ouvintes tinham muitas perguntas. Tivemos até de ensinar como lidar com os alimentos sem a geladeira. Mas eles também foram grandes fontes de informação. Um rapaz nos telefonou enquanto entrevistávamos um engenheiro da Celesc [distribuidora de energia no Estado] e disse onde havia visto um clarão, o que ajudou os técnicos a localizar o foco do incêndio", diz Prazeres.
Operações jornalísticas como a de Florianópolis resultam em despesas para as emissoras. Além de usar gerador para manter a transmissão, a Guararema arregimentou colaboradores, e sua equipe trabalhou por incontáveis horas extras, de quarta a domingo.
Mas situações como essa podem reverter em aumento de audiência e prestígio para o rádio. Foi o que aconteceu com estações de Nova York em decorrência do serviço que prestaram à cidade na tragédia do World Trade Center.
"Isso traz à tona até uma certa mágoa com os grandes anunciantes, que concentraram os investimentos nas TVs e se esqueceram do rádio. Nosso alcance é muito grande para ser desprezado pelo mercado." São as palavras do diretor da Guararema AM, de Florianópolis, e de dez em cada dez empresários do setor em qualquer cidade do Brasil.
E-mail: laura@folhasp.com.br
Outra Frequência: Radinho de pilha vira "ouro" no caos de Florianópolis
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da Folha de S.Paulo
No caos de Florianópolis --que passou mais de três dias sem energia elétrica e com problemas na telefonia e no fornecimento de água--, o velho radinho de pilha acabou virando herói.
Diante do apagão que assolou a cidade na semana passada, AMs e FMs transformaram-se no principal meio de comunicação entre as autoridades e a população. Sem ter como ligar a TV, moradores e turistas da ilha catarinense correram a lojas e camelôs atrás de walkmans e radinhos portáteis.
"Os ouvintes nos telefonavam contando que não conseguiam mais encontrar aparelhos de rádio para comprar. Com o aumento da demanda, houve exploração no preço. A pilha, por exemplo, que antes era encontrada por R$ 1,99, chegou a ser vendida até por R$ 6", afirma Nabor José Prazeres, 55, diretor da Guararema AM.
Líder de audiência dentre as AMs, a rádio interrompeu sua programação normal e manteve cobertura praticamente ininterrupta dos transtornos na cidade.
Foi pelo rádio que a população soube do cancelamento das aulas na maioria das escolas, do fechamento do comércio, da confusão no trânsito, dos locais onde assaltantes aproveitavam a escuridão para agir. Foi também pelas estações que técnicos e políticos deram explicações sobre o acidente nas linhas de transmissão de energia e o consequente blecaute.
"Os ouvintes tinham muitas perguntas. Tivemos até de ensinar como lidar com os alimentos sem a geladeira. Mas eles também foram grandes fontes de informação. Um rapaz nos telefonou enquanto entrevistávamos um engenheiro da Celesc [distribuidora de energia no Estado] e disse onde havia visto um clarão, o que ajudou os técnicos a localizar o foco do incêndio", diz Prazeres.
Operações jornalísticas como a de Florianópolis resultam em despesas para as emissoras. Além de usar gerador para manter a transmissão, a Guararema arregimentou colaboradores, e sua equipe trabalhou por incontáveis horas extras, de quarta a domingo.
Mas situações como essa podem reverter em aumento de audiência e prestígio para o rádio. Foi o que aconteceu com estações de Nova York em decorrência do serviço que prestaram à cidade na tragédia do World Trade Center.
"Isso traz à tona até uma certa mágoa com os grandes anunciantes, que concentraram os investimentos nas TVs e se esqueceram do rádio. Nosso alcance é muito grande para ser desprezado pelo mercado." São as palavras do diretor da Guararema AM, de Florianópolis, e de dez em cada dez empresários do setor em qualquer cidade do Brasil.
E-mail: laura@folhasp.com.br
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