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05/11/2003
-
08h16
OTÁVIO DIAS
da Folha de S.Paulo
Maria Rita, 26 --que, após um show e um CD de estréia muito bem-sucedidos, lança agora um DVD--, tem tudo para fazer muito bem à música brasileira.
A jovem cantora, por razões genéticas, de formação e de opções musicais, remete a um passado de ouro da MPB. Ao mesmo tempo, devido a qualidades genuínas e próprias, traz grandes promessas.
Não há, logo, por que temer falar do que, ao menos por enquanto, é inevitável: as lembranças que traz de sua mãe, Elis Regina, que morreu em 1982, quando Maria Rita tinha apenas quatro anos.
Mas sua gravadora tenta minimizar questionamentos sobre as referências à mãe. Em entrevista à Folha, um funcionário da Warner entrou no meio da conversa por telefone para impedir que se falasse do tema. Sorte que Maria Rita consertou o estrago.
Folha - Quando gravou o DVD?
Maria Rita - No Bourbon Street, em São Paulo, em 11 de agosto.
Folha - Sente já ter havido uma evolução em seu canto?
Maria Rita - Não. Algumas pessoas sentem. Mas me sinto igual.
Folha - Um lugar-comum que se ouve por aí é que você já nasceu pronta. Como você aprendeu a cantar?
Maria Rita - Não sei, é natural, sempre cantamos em casa, na mesa, fazendo bagunça. Meu pai [o músico Cesar Camargo Mariano] compunha de porta aberta.
Folha - Você faz aulas de canto?
Maria Rita -Fiz para aprimorar e aprender a preservar a voz.
Folha - Um dos aspectos debatidos de seu CD é que ele remete à MPB dos anos 70 e 80, mesmo quando canta compositores jovens. Isso te preocupa?
Maria Rita - Não. Minha preocupação era me mostrar como intérprete. Quis que a base instrumental fosse simples para mostrar a minha voz, a que vim. Acho bonito valorizar os elementos, a união entre intérprete, autor, arranjador e músicos. Busco o orgânico.
Folha - Você demonstra cuidado quando se estabelece uma relação entre você e sua mãe, mas seu trabalho remete a coisas fortes dela, como os ornamentos, a emoção, o humor, os compositores escolhidos. Foi uma opção consciente?
Maria Rita - Minha mãe foi a melhor intérprete, e meu pai, o melhor arranjador. São referências para todos os bons músicos e para o público. Minha opção foi a de mostrar a minha voz e meu trabalho. Se é semelhante à de minha mãe, nada posso fazer. [Alguém interrompe a entrevista] Otávio, eu sou o Marcelo, da Warner. A gente pode falar mais do DVD?
Folha - Deixa eu continuar com a Maria Rita. A minha tese é que, já que não havia como evitar as comparações, você buscou estabelecer um elo muito estreito para resolver isso de uma vez por todas.
Maria Rita - Não quero ser antipática, mas não tento estabelecer ou quebrar elos. Se confirmo, vão me chicotear. Se tento negar, vão me chicotear também.
Folha - Quero deixar claro que não acho que você imite sua mãe. Falo de suas opções, de seu gosto.
Maria Rita - Isso é um mistério. Não sei explicar, mas posso te garantir que não é proposital. Sou parecida com ela, gravo quem eu gosto e estou feliz da vida.
"Sou parecida com minha mãe e estou feliz da vida", diz Maria Rita
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da Folha de S.Paulo
Maria Rita, 26 --que, após um show e um CD de estréia muito bem-sucedidos, lança agora um DVD--, tem tudo para fazer muito bem à música brasileira.
A jovem cantora, por razões genéticas, de formação e de opções musicais, remete a um passado de ouro da MPB. Ao mesmo tempo, devido a qualidades genuínas e próprias, traz grandes promessas.
Não há, logo, por que temer falar do que, ao menos por enquanto, é inevitável: as lembranças que traz de sua mãe, Elis Regina, que morreu em 1982, quando Maria Rita tinha apenas quatro anos.
Mas sua gravadora tenta minimizar questionamentos sobre as referências à mãe. Em entrevista à Folha, um funcionário da Warner entrou no meio da conversa por telefone para impedir que se falasse do tema. Sorte que Maria Rita consertou o estrago.
Folha - Quando gravou o DVD?
Maria Rita - No Bourbon Street, em São Paulo, em 11 de agosto.
Folha - Sente já ter havido uma evolução em seu canto?
Maria Rita - Não. Algumas pessoas sentem. Mas me sinto igual.
Folha - Um lugar-comum que se ouve por aí é que você já nasceu pronta. Como você aprendeu a cantar?
Maria Rita - Não sei, é natural, sempre cantamos em casa, na mesa, fazendo bagunça. Meu pai [o músico Cesar Camargo Mariano] compunha de porta aberta.
Folha - Você faz aulas de canto?
Maria Rita -Fiz para aprimorar e aprender a preservar a voz.
Folha - Um dos aspectos debatidos de seu CD é que ele remete à MPB dos anos 70 e 80, mesmo quando canta compositores jovens. Isso te preocupa?
Maria Rita - Não. Minha preocupação era me mostrar como intérprete. Quis que a base instrumental fosse simples para mostrar a minha voz, a que vim. Acho bonito valorizar os elementos, a união entre intérprete, autor, arranjador e músicos. Busco o orgânico.
Folha - Você demonstra cuidado quando se estabelece uma relação entre você e sua mãe, mas seu trabalho remete a coisas fortes dela, como os ornamentos, a emoção, o humor, os compositores escolhidos. Foi uma opção consciente?
Maria Rita - Minha mãe foi a melhor intérprete, e meu pai, o melhor arranjador. São referências para todos os bons músicos e para o público. Minha opção foi a de mostrar a minha voz e meu trabalho. Se é semelhante à de minha mãe, nada posso fazer. [Alguém interrompe a entrevista] Otávio, eu sou o Marcelo, da Warner. A gente pode falar mais do DVD?
Folha - Deixa eu continuar com a Maria Rita. A minha tese é que, já que não havia como evitar as comparações, você buscou estabelecer um elo muito estreito para resolver isso de uma vez por todas.
Maria Rita - Não quero ser antipática, mas não tento estabelecer ou quebrar elos. Se confirmo, vão me chicotear. Se tento negar, vão me chicotear também.
Folha - Quero deixar claro que não acho que você imite sua mãe. Falo de suas opções, de seu gosto.
Maria Rita - Isso é um mistério. Não sei explicar, mas posso te garantir que não é proposital. Sou parecida com ela, gravo quem eu gosto e estou feliz da vida.
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