Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
13/11/2003 - 04h50

MixBrasil traz à tona discussão sobre relações sem proteção

Publicidade

FABIO CYPRIANO
da Folha de S.Paulo

Após 20 anos de campanhas pelo sexo seguro, um crescente grupo nos EUA, denominado "barebackers" (os que fazem sexo sem camisinha), inicia um novo capítulo na história da Aids. "É um alívio ser soropositivo", afirma Kenboy, um dos militantes desse segmento, no filme "O Presente" ("The Gift"), que é exibido na 11ª edição do Festival MixBrasil, com início hoje e que traz a discussão para a capital paulista.

Com 143 produções em 14 espaços da cidade até o dia 23, o festival abordará diferentes manifestações da sexualidade, seja uma transexual no Irã, uma caminhoneira na Índia ou a história de Michael Alig, em Nova York, interpretado por Macaulay Culkin, em "Party Monster", que abre o festival hoje à noite.

Entretanto, é com "O Presente", da americana Louise Hogarth, que o festival promete polemizar. Por sugestão da Folha, o MixBrasil organizou uma exibição do filme com especialistas em saúde e militantes de organizações não-governamentais ligadas à sexualidade, anteontem, no Museu da Imagem e do Som, em SP.

"A nossa categoria de infectologistas ainda não se deu conta que existem sujeitos que deliberadamente se expõem à doença. Precisamos tomar cuidado para não ter uma atitude preconceituosa. É um momento de reflexão", disse Orival Silveira, do Programa de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST/Aids), da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo.

"O Presente", que será exibido no dia 21 (10h), no CTA Santo Amaro, e nos dias 22 (18h30) e 23 (16h30) no Centro Cultural Banco do Brasil, conta a história de dois jovens reais, Doug Hitzel e Kenboy, ambos contaminados pela própria vontade, incorporando o que se chama nos EUA de "bug chasers", ou seja, jovens que querem o "bicho". Dos dois, Hitzel se arrepende: "Ninguém me contou que eu ia mudar tão rápido", afirma o rapaz de 21 anos, chorando.

Aparentemente, a prática do "barebacking" também tem adeptos por aqui. Numa pequena nota no site do MixBrasil, convidando "barebackers" para o debate, 48 pessoas se inscreveram, mas nenhuma esteve presente ao debate no MIS. Leo Bolanski, agente do Centro de Testagem e Acompanhamento da Prefeitura de São Paulo, conta que é comum encontrar grupos de rapazes em parques públicos que não aceitam camisinha. "Sempre há resistência quando vamos falar de sexo seguro", conta Bolanski.

"O tema torna-se polêmico pois corre o risco de generalizar uma prática restrita a um pequeno grupo, podendo gerar preconceito e estigmatizar os homossexuais", diz Murilo de Oliveira Moregola, da ONG Olhe + Positivo. Segundo outra integrante do mesmo grupo, a advogada Priscila de Oliveira Moregola, tal prática, no entanto, pode ser considerada crime: "Um 'barebacker' pode ser processado e condenado por lesão corporal ou, até mesmo, homicídio doloso".

Exibido em mais de 40 festivais, o filme ainda não foi vendido comercialmente, segundo a diretora do festival, Suzy Capó, pois "há um silêncio imposto pelos ativistas gays". Mas, afinal, informar faz mal? "O filme mostra uma situação como de fato acontece. É um retrato de algo que precisa ser debatido", diz Orival Silveira.

Leia mais
  • "Party Monster" retrata cena dos "club kids"
  • Veja quais são os destaques do 11º Festival MixBrasil
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página