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14/11/2003
-
06h09
CLAUDIA ASSEF
da Folha de S.Paulo, na Cidade do Cabo
As aulas começam ao meio-dia e, para sorte dos mais dorminhocos, costumam atrasar. No lugar de carteiras, os alunos se acomodam do jeito mais largado possível em sofás e almofadas. Nas mãos dos professores, em vez de giz, vitrolas e discos de vinil.
Nos fundos da casa, não há quadras de esporte, mas sim uma estação de rádio de verdade, que opera ao vivo 24 horas por dia. E, na cantina, pencas de energético de graça. A faculdade dos sonhos de DJs e produtores de música eletrônica existe.
A tal escola atende pelo nome Red Bull Music Academy e está em pleno funcionamento até o fim de novembro, na Cidade do Cabo, África do Sul. Bancado pelo fabricante de energéticos, o curso acontece uma vez por ano, desde 98, em alguma cidade do mundo. Em 2002, a eleita foi São Paulo.
Anualmente, são selecionados 60 alunos, entre DJs, músicos e produtores iniciantes. Neste ano foram quase 3.000 inscritos, uma batalha digna da USP: cerca de 50 cabeças disputam cada vaga.
Além do curso, as passagens aéreas e a acomodação também vêm grátis no pacote. Então, entrar nesse time é notícia para comemorar --de preferência com bastante música eletrônica.
"Fiquei bem feliz e surpresa quando soube que havia sido escolhida", diz a DJ Eliana Iwasa, 27, representante do Brasil na primeira fase. Dividido em duas turmas de 30 alunos, o curso dura duas semanas para cada grupo.
Até o fim do mês, passarão pela academia DJs e produtores aprendizes de 23 países. Alguns representam nações com tradição no métier --Inglaterra, Estados Unidos, França, Alemanha, Espanha, Itália e, por que não, Brasil. Outros vêm de países novatos na área: Turquia, Grécia, África do Sul, Portugal, Bulgária...
"O legal é a troca constante de idéias e impressões entre os participantes", diz a DJ. Na segunda etapa, que começa dia 23 de novembro, o Brasil será representado pelo músico Roberto Coelho.
Em suas duas semanas na Cidade do Cabo, Iwasa, com os outros 29 alunos, assistiram a palestras e workshops com figuras seminais, verdadeiras autoridades em diversas áreas e gerações da música. De tops dos dias de hoje, como o DJ de drum'n'bass Marcus Intalex e o badalado Darshan Jesrani (do Metro Area), até figuras fundamentais como o americano Bob Moog --inventor do teclado Moog.
Além de aprender sobre história da música, os alunos têm aulas de arranjo, composição e harmonia, workshops sobre softwares de produção musical e palestras sobre acústica e ondas sonoras.
Aprende também quem já tem anos de janela. Depois de passar horas conversando com os alunos, Bob Moog, 69, se disse renovado: "Acredito que os meninos tenham gostado. Mas certamente eu gostei mais ainda da chance de passar alguma coisa para os DJs de amanhã".
A sinergia entre o "cientista maluco dos teclados" e o grupo foi grande. "Poder sentar ao lado de Bob Moog e aprender com ele a mexer em cada botãozinho do teclado foi incrível", diz Iwasa.
Veterana
E olha que a moça de iniciante não tem muito. Eli, como é chamada pelos amigos, é veterana da noite de São Paulo. Há três anos comanda no clube Lov.e a Technova, que tem como residentes os tops Mau Mau e Renato Cohen.
Formada em publicidade pela ESPM, Eliana Iwasa começou na noite ajudando a produzir uma festa temática oriental, a Japanese Style, que passou por clubes como Massivo, Latino e Columbia.
Depois de trabalhar na rave Groove Nation (embrião da SP Groove, que comemora quatro anos com festa hoje), foi para o clube Lov.e, em 2000.
A carreira de DJ começou há quase dois anos. Nesse tempo, tocou em raves e festas em várias cidades do Brasil e já se apresentou duas vezes em Paris. Então, Eli, precisava mesmo "estudar" na Red Bull Music Academy? "Quero seguir o caminho natural de um DJ. Por sorte, não sei, me escolheram. Fiz o meu melhor para absorver o máximo", diz a aluna aplicada, que não matou nenhuma aulinha. Aliás, matar aula na escola dos sonhos... pra quê, né?
África do Sul sedia "faculdade" de DJs
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da Folha de S.Paulo, na Cidade do Cabo
As aulas começam ao meio-dia e, para sorte dos mais dorminhocos, costumam atrasar. No lugar de carteiras, os alunos se acomodam do jeito mais largado possível em sofás e almofadas. Nas mãos dos professores, em vez de giz, vitrolas e discos de vinil.
Nos fundos da casa, não há quadras de esporte, mas sim uma estação de rádio de verdade, que opera ao vivo 24 horas por dia. E, na cantina, pencas de energético de graça. A faculdade dos sonhos de DJs e produtores de música eletrônica existe.
A tal escola atende pelo nome Red Bull Music Academy e está em pleno funcionamento até o fim de novembro, na Cidade do Cabo, África do Sul. Bancado pelo fabricante de energéticos, o curso acontece uma vez por ano, desde 98, em alguma cidade do mundo. Em 2002, a eleita foi São Paulo.
Anualmente, são selecionados 60 alunos, entre DJs, músicos e produtores iniciantes. Neste ano foram quase 3.000 inscritos, uma batalha digna da USP: cerca de 50 cabeças disputam cada vaga.
Além do curso, as passagens aéreas e a acomodação também vêm grátis no pacote. Então, entrar nesse time é notícia para comemorar --de preferência com bastante música eletrônica.
"Fiquei bem feliz e surpresa quando soube que havia sido escolhida", diz a DJ Eliana Iwasa, 27, representante do Brasil na primeira fase. Dividido em duas turmas de 30 alunos, o curso dura duas semanas para cada grupo.
Até o fim do mês, passarão pela academia DJs e produtores aprendizes de 23 países. Alguns representam nações com tradição no métier --Inglaterra, Estados Unidos, França, Alemanha, Espanha, Itália e, por que não, Brasil. Outros vêm de países novatos na área: Turquia, Grécia, África do Sul, Portugal, Bulgária...
"O legal é a troca constante de idéias e impressões entre os participantes", diz a DJ. Na segunda etapa, que começa dia 23 de novembro, o Brasil será representado pelo músico Roberto Coelho.
Em suas duas semanas na Cidade do Cabo, Iwasa, com os outros 29 alunos, assistiram a palestras e workshops com figuras seminais, verdadeiras autoridades em diversas áreas e gerações da música. De tops dos dias de hoje, como o DJ de drum'n'bass Marcus Intalex e o badalado Darshan Jesrani (do Metro Area), até figuras fundamentais como o americano Bob Moog --inventor do teclado Moog.
Além de aprender sobre história da música, os alunos têm aulas de arranjo, composição e harmonia, workshops sobre softwares de produção musical e palestras sobre acústica e ondas sonoras.
Aprende também quem já tem anos de janela. Depois de passar horas conversando com os alunos, Bob Moog, 69, se disse renovado: "Acredito que os meninos tenham gostado. Mas certamente eu gostei mais ainda da chance de passar alguma coisa para os DJs de amanhã".
A sinergia entre o "cientista maluco dos teclados" e o grupo foi grande. "Poder sentar ao lado de Bob Moog e aprender com ele a mexer em cada botãozinho do teclado foi incrível", diz Iwasa.
Veterana
E olha que a moça de iniciante não tem muito. Eli, como é chamada pelos amigos, é veterana da noite de São Paulo. Há três anos comanda no clube Lov.e a Technova, que tem como residentes os tops Mau Mau e Renato Cohen.
Formada em publicidade pela ESPM, Eliana Iwasa começou na noite ajudando a produzir uma festa temática oriental, a Japanese Style, que passou por clubes como Massivo, Latino e Columbia.
Depois de trabalhar na rave Groove Nation (embrião da SP Groove, que comemora quatro anos com festa hoje), foi para o clube Lov.e, em 2000.
A carreira de DJ começou há quase dois anos. Nesse tempo, tocou em raves e festas em várias cidades do Brasil e já se apresentou duas vezes em Paris. Então, Eli, precisava mesmo "estudar" na Red Bull Music Academy? "Quero seguir o caminho natural de um DJ. Por sorte, não sei, me escolheram. Fiz o meu melhor para absorver o máximo", diz a aluna aplicada, que não matou nenhuma aulinha. Aliás, matar aula na escola dos sonhos... pra quê, né?
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