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15/11/2003 - 08h52

Copacabana ora por um "Corpo Presente"

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MÁRVIO DOS ANJOS
da Folha de S.Paulo

João Paulo Cuenca, 25, engrossa a lista de recém-formados desempregados no Estado do Rio. O currículo desse jovem economista pareceria comum não fosse um detalhe: ele é uma das apostas da editora Planeta, que publica seu livro de estréia, "Corpo Presente".

Em agosto, antes mesmo de o livro ser lançado, Cuenca já era saudado como co-autor de "Parati para Mim" ao lado de Chico Mattoso e Santiago Nazarian, que foi destaque na 1ª Feira Literária Internacional de Parati (Flip).

Hoje, enquanto lança seu primeiro livro solo, também procura emprego. Apesar da "pindaíba de luxo", como se refere à situação, Cuenca diz não poder reclamar.

"A Flip foi uma das melhores coisas que aconteceram na minha vida, principalmente porque ['Parati para Mim'] me provou que eu podia escrever sob pressão." Projeto da Planeta, foi resultado da estadia dos escritores na cidade histórica, a fim de que escrevessem contos baseados no lugar.

A viagem bem-sucedida forçou uma pausa no processo artesanal de acabamento de "Corpo Presente", escrito entre 2001 e 2003.

Começou a se materializar quando Cuenca notou que tinha "um amontoado de textos que possuíam uma linha condutora". Decidiu então organizar os fragmentos "como um 'patchwork'", costurado pelas obsessões afloradas entre o narrador e os personagens Carmen e Alberto em uma Copacabana amoral.

A numeração dos capítulos, em números primos ("divisíveis apenas por eles mesmos e por um", lembra), simboliza essa obsessão da busca da identidade. Que talvez dependa de uma outra pessoa.

Narrado no presente do indicativo, como um roteiro, os capítulos permitem leituras independentes, que sugerem que Alberto e Carmen "encarnam" personagens diversos. Carmen, por exemplo, aparece como mãe, como filha, como amada e como travesti.

O tempo da narrativa, porém, é para Cuenca a chave da unicidade do romance. "Tudo ocorre num eterno presente, de memórias misturadas, de um cara que está sempre em confronto consigo."

O leitor não passa incólume. Num evento literário, a leitura do primeiro capítulo --em que uma mãe se masturba enquanto amamenta-- fez pessoas se retirarem. "Mas minha intenção não é escrever para chocar", afirma.

Sua idéia, justifica, era uma escrita que fosse humana e sem filtros, da qual ele mesmo teria sido vítima. "Foi como se eu tivesse aberto uma ferida para olhá-la com uma lupa", diz Cuenca, que afirma não possuir o romance.

Diz que deu ou vendeu as cópias que tinha, e que "não se dá bem" com o livro. "Num certo sentido, é como se eu estivesse morto", afirma. O título dá a pista.

CORPO PRESENTE
Autor:
João Paulo Cuenca
Lançamento: Editora Planeta
Preço: R$ 35 (142 págs.)
 

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