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19/11/2003
-
03h42
CLAUDIA ASSEF
free-lance para a Folha
"Music Is My Life" é uma frase bobinha, que qualquer adolescente fã de música poderia ter tatuada no braço. De simplória, porém, a frase não tem nada quando vira título do primeiro álbum solo do maior DJ do Brasil.
Do início da carreira no Madame Satã até o reconhecimento como --para muita, mas muita gente mesmo-- o melhor DJ do país, ele sempre mostrou ser uma só sua preocupação: a música. Em 16 anos, carregou mais do que discos no case; carregou tendências.
Fez darks dançarem com a orelha grudada nas caixas de som. Tocou funk e hip hop para pistas eletrônicas; mergulhou na acid house. Ajudou a criar o termo "underground", como DJ do Sra. Krawitz. Quando conheceu o tecno feito em Detroit, tratou de apresentá-lo, tocando para gente que gostava de dançar num porão escuro enquanto o sol comia lá fora. Mau se tornou o primeiro DJ de um after brasileiro. Foi lá, no Hell's, que ele virou mito.
A cada som, "Music Is My Life" conta um capítulo da história. A faixa-título remete ao namoro do DJ com o tecno de Detroit. Em seguida vem "Test III", uma dupla homenagem: ao grupo inglês Test Dept. e ao DJ Magal, que foi quem apresentou o som a Mau.
"Kiss me" tem vocais em inglês de Laura Finocchiaro e é toda sexy. House bem sutil, quase deep. "MS 1985" é outro capítulo da biografia sonora. A faixa lembra a dance music do fim dos anos 80, Inner City. Em "The Breakers of Space", o DJ lembra ao ouvinte que seu passado vem do break. Lindo.
"JMRB" é outro tecno chique, à la Detroit, bem melódico. Beira o trance. Afinal, Mau também já tocou trance. Em seguida vem "Space Funk", que virou hit em pistas tecno. Outro retorno no tempo, e vamos para o Hell's, o mítico after hours. Lembra do som hipnótico e durão de lá? Está na música-tributo "Hell's Club"...
A essa altura, a sensação é de ter dado um giro pela história das pistas brasileiras de 87 em diante. E olha que ainda há três boas faixas pela frente: "D+", um tecno clássico, envolvente; "Deep Funk", que retrata a fase mais tech-house do DJ, e "Up & Down", com batuques e violões que lembram o flerte de Mau com a música brasileira.
O CD termina. A viagem foi sem escalas pela vida do DJ. E é aí que você entende melhor o título do disco, a princípio boboca: música é a vida de Mau Mau. E a sorte é toda nossa.
Avaliação:
Music Is My Life
Artista: Mau Mau
Lançamento: Segundo Mundo
Quanto: R$ 30, em média
Leia mais
DJ Mau Mau lança seu primeiro disco de produções próprias
Conheça as faixas de "Music Is My Life"
Título bobinho de CD ganha força após audição
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free-lance para a Folha
"Music Is My Life" é uma frase bobinha, que qualquer adolescente fã de música poderia ter tatuada no braço. De simplória, porém, a frase não tem nada quando vira título do primeiro álbum solo do maior DJ do Brasil.
Do início da carreira no Madame Satã até o reconhecimento como --para muita, mas muita gente mesmo-- o melhor DJ do país, ele sempre mostrou ser uma só sua preocupação: a música. Em 16 anos, carregou mais do que discos no case; carregou tendências.
Fez darks dançarem com a orelha grudada nas caixas de som. Tocou funk e hip hop para pistas eletrônicas; mergulhou na acid house. Ajudou a criar o termo "underground", como DJ do Sra. Krawitz. Quando conheceu o tecno feito em Detroit, tratou de apresentá-lo, tocando para gente que gostava de dançar num porão escuro enquanto o sol comia lá fora. Mau se tornou o primeiro DJ de um after brasileiro. Foi lá, no Hell's, que ele virou mito.
A cada som, "Music Is My Life" conta um capítulo da história. A faixa-título remete ao namoro do DJ com o tecno de Detroit. Em seguida vem "Test III", uma dupla homenagem: ao grupo inglês Test Dept. e ao DJ Magal, que foi quem apresentou o som a Mau.
"Kiss me" tem vocais em inglês de Laura Finocchiaro e é toda sexy. House bem sutil, quase deep. "MS 1985" é outro capítulo da biografia sonora. A faixa lembra a dance music do fim dos anos 80, Inner City. Em "The Breakers of Space", o DJ lembra ao ouvinte que seu passado vem do break. Lindo.
"JMRB" é outro tecno chique, à la Detroit, bem melódico. Beira o trance. Afinal, Mau também já tocou trance. Em seguida vem "Space Funk", que virou hit em pistas tecno. Outro retorno no tempo, e vamos para o Hell's, o mítico after hours. Lembra do som hipnótico e durão de lá? Está na música-tributo "Hell's Club"...
A essa altura, a sensação é de ter dado um giro pela história das pistas brasileiras de 87 em diante. E olha que ainda há três boas faixas pela frente: "D+", um tecno clássico, envolvente; "Deep Funk", que retrata a fase mais tech-house do DJ, e "Up & Down", com batuques e violões que lembram o flerte de Mau com a música brasileira.
O CD termina. A viagem foi sem escalas pela vida do DJ. E é aí que você entende melhor o título do disco, a princípio boboca: música é a vida de Mau Mau. E a sorte é toda nossa.
Avaliação:
Music Is My Life
Artista: Mau Mau
Lançamento: Segundo Mundo
Quanto: R$ 30, em média
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