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21/11/2003
-
06h02
SHIN OLIVA SUZUKI
da Folha de S.Paulo
Tão distante --liricamente e culturalmente-- de um Gabriel García Márquez, o cantor Eagle-Eye Cherry, 34, adota o título da autobiografia do colombiano, "Viver para Contar", como lema para escrever suas canções. São de experiências e observações do dia-a-dia que o sueco tira inspiração para suas letras.
Uma ida ao Central Park de Nova York, o encontro casual com uma garota pela rua, as notícias dos telejornais e a rotina serviram de alimentos para composições do cantor em seu terceiro disco, "Sub Rosa", que apresenta hoje em show na capital paulista.
A faceta de contador de histórias está bem representada na canção "Twisted Games", em que descreve um incendiário e um garoto fanático por armas, esse último ao estilo dos personagens enfocados no documentário "Tiros em Columbine".
Filho do trompetista de jazz Don Cherry (1936-95) e irmão da cantora Neneh Cherry, Eagle-Eye iniciou a carreira após a morte do pai, quando retornou à Suécia depois de passar a adolescência em Nova York. Logo em seu disco de estréia --um pop-folk-soul muito comparado ao estilo do norte-americano Ben Harper--, o cantor vendeu 4 milhões de cópias, impulsionado pelo hit "Save Tonight", música mais tocada nos Estados Unidos em 1999.
Leia a seguir trechos da entrevista que o cantor concedeu à Folha, falando de Estocolmo.
Folha - O que você tentou mudar em "Sub Rosa"?
Eagle-Eye Cherry - Os dois primeiros discos foram gravados ao vivo. Dessa vez eu quis dar mais atenção à produção e, assim, acabei gastando mais tempo na preparação, em demos. Eu tenho um laptop que levo nas viagens, onde posso escrever e gravar músicas em hotéis ou aonde estiver, e muito do que trabalhei nessas demos acabaram no disco. De uma certa forma esse álbum é mais bem produzido, mais "hi-fi", mas também estão lá elementos "lo-fi".
Folha - Como é o seu processo de composição?
Cherry - Não há um "plano-mestre". Apenas sento e nunca sei o que irá acontecer. Em "Sub Rosa", as letras são basicamente histórias de Nova York. "The Strange", por exemplo, é sobre o que observava sentado em um banco do Central Park. "Twisted Games" é inspirado no massacre de Columbine [quando dois alunos do colégio Columbine mataram 12 pessoas em 1999].
Folha - Você assistiu a "Tiros em Columbine"?
Cherry - Assisti recentemente e achei importante o modo que Michael Moore mostrou como os americanos encaram a questão das armas. Guerras fazem parte da nossa história, mas crianças matando crianças é um sinal de que as coisas não andam bem na nossa sociedade. Viver na América, mas tendo uma perspectiva européia, é bastante chocante.
Folha - Hoje você se sente mais sueco ou mais americano?
Cherry - Quando estava nos Estados Unidos, sentia-me sueco e quando estava na Suécia, americano. Politicamente, sou mais europeu, mas, na música, definitivamente sigo mais a tradição americana. Gosto de ter as duas perspectivas.
Folha - Seu pai não pôde ouvir seus discos. O que ele diria se tivesse tido a oportunidade?
Cherry - Acho que seria incrivelmente orgulhoso. Acredito que ele, em algum lugar e de alguma forma, já ouviu os meus discos. O fato de ter composições que são tocadas por outros músicos deixaria-o orgulhoso. Creio também que ele entenderia as histórias que conto nas letras. Pelo menos, tento tocar algo que ele estaria orgulhoso de ouvir.
EAGLE-EYE CHERRY - Show do cantor sueco
Quando: hoje, às 22h
Onde: Credicard Hall (av. das Nações Unidas, 17.955, Vila Almeida, SP, tel. 0/ xx/11/ 6846-6010)
Quanto: de R$ 30 a R$ 100
SUB ROSA
Lançamento: Universal
Quanto: R$ 28, em média
Eagle-Eye Cherry exercita lado de contador de histórias
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da Folha de S.Paulo
Tão distante --liricamente e culturalmente-- de um Gabriel García Márquez, o cantor Eagle-Eye Cherry, 34, adota o título da autobiografia do colombiano, "Viver para Contar", como lema para escrever suas canções. São de experiências e observações do dia-a-dia que o sueco tira inspiração para suas letras.
Uma ida ao Central Park de Nova York, o encontro casual com uma garota pela rua, as notícias dos telejornais e a rotina serviram de alimentos para composições do cantor em seu terceiro disco, "Sub Rosa", que apresenta hoje em show na capital paulista.
A faceta de contador de histórias está bem representada na canção "Twisted Games", em que descreve um incendiário e um garoto fanático por armas, esse último ao estilo dos personagens enfocados no documentário "Tiros em Columbine".
Filho do trompetista de jazz Don Cherry (1936-95) e irmão da cantora Neneh Cherry, Eagle-Eye iniciou a carreira após a morte do pai, quando retornou à Suécia depois de passar a adolescência em Nova York. Logo em seu disco de estréia --um pop-folk-soul muito comparado ao estilo do norte-americano Ben Harper--, o cantor vendeu 4 milhões de cópias, impulsionado pelo hit "Save Tonight", música mais tocada nos Estados Unidos em 1999.
Leia a seguir trechos da entrevista que o cantor concedeu à Folha, falando de Estocolmo.
Folha - O que você tentou mudar em "Sub Rosa"?
Eagle-Eye Cherry - Os dois primeiros discos foram gravados ao vivo. Dessa vez eu quis dar mais atenção à produção e, assim, acabei gastando mais tempo na preparação, em demos. Eu tenho um laptop que levo nas viagens, onde posso escrever e gravar músicas em hotéis ou aonde estiver, e muito do que trabalhei nessas demos acabaram no disco. De uma certa forma esse álbum é mais bem produzido, mais "hi-fi", mas também estão lá elementos "lo-fi".
Folha - Como é o seu processo de composição?
Cherry - Não há um "plano-mestre". Apenas sento e nunca sei o que irá acontecer. Em "Sub Rosa", as letras são basicamente histórias de Nova York. "The Strange", por exemplo, é sobre o que observava sentado em um banco do Central Park. "Twisted Games" é inspirado no massacre de Columbine [quando dois alunos do colégio Columbine mataram 12 pessoas em 1999].
Folha - Você assistiu a "Tiros em Columbine"?
Cherry - Assisti recentemente e achei importante o modo que Michael Moore mostrou como os americanos encaram a questão das armas. Guerras fazem parte da nossa história, mas crianças matando crianças é um sinal de que as coisas não andam bem na nossa sociedade. Viver na América, mas tendo uma perspectiva européia, é bastante chocante.
Folha - Hoje você se sente mais sueco ou mais americano?
Cherry - Quando estava nos Estados Unidos, sentia-me sueco e quando estava na Suécia, americano. Politicamente, sou mais europeu, mas, na música, definitivamente sigo mais a tradição americana. Gosto de ter as duas perspectivas.
Folha - Seu pai não pôde ouvir seus discos. O que ele diria se tivesse tido a oportunidade?
Cherry - Acho que seria incrivelmente orgulhoso. Acredito que ele, em algum lugar e de alguma forma, já ouviu os meus discos. O fato de ter composições que são tocadas por outros músicos deixaria-o orgulhoso. Creio também que ele entenderia as histórias que conto nas letras. Pelo menos, tento tocar algo que ele estaria orgulhoso de ouvir.
EAGLE-EYE CHERRY - Show do cantor sueco
Quando: hoje, às 22h
Onde: Credicard Hall (av. das Nações Unidas, 17.955, Vila Almeida, SP, tel. 0/ xx/11/ 6846-6010)
Quanto: de R$ 30 a R$ 100
SUB ROSA
Lançamento: Universal
Quanto: R$ 28, em média
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