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23/11/2003 - 04h42

Documentário recupera obra do produtor Primo Carbonari

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SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo

Por haver nascido junto com o ano de 1919, seguindo a linha de sucessão em terras brasileiras dos empreendedores e coléricos imigrantes italianos da família Carbonari, ele recebeu o nome de Primo (primeiro).

Dezessete janeiros mais tarde, na segunda metade da década de 30, Primo Carbonari direcionava uma câmera de cinema (o caçula das artes) para o canteiro de obras no qual seria erguido o aeroporto de Congonhas (SP).

Começava sua carreira de produtor e documentarista de uma São Paulo retratada em quase 3.000 edições do cinejornal "Amplavisão", extinto nos anos 90, quando também chegou ao fim a Embrafilme, que foi banida por decreto pelo então presidente Fernando Collor de Mello (1990-1992).

Produtora e distribuidora de filmes brasileiros, a Embrafilme era responsável pela liberação de recursos para o mercado cinematográfico e geria seu modelo de funcionamento, que incluía a obrigatoriedade de exibir nos cinemas curtas e cinejornais, antes das sessões de filmes.
A mágoa que sente por Collor de Mello é uma das revelações de Carbonari, 84, ao produtor Eugênio Puppo e ao crítico Jean-Claude Bernardet, na entrevista ao lado.

Dispostos a uma revisão crítica do acervo de Carbonari (quase 8.000 rolos de filmes, cuja metade diz respeito a personagens e fatos de São Paulo), Puppo e Bernardet preparam o documentário "Ampla Visão de São Paulo".

A estréia do filme está prevista para 4 de dezembro de 2004, com uma sessão ao ar livre, no vale do Anhangabaú, no encerramento das comemorações pelos 450 anos da cidade.

Aperitivo

Com um levantamento preliminar dos arquivos de Carbonari, os diretores produziram um curta-metragem de oito minutos que será um aperitivo do longa, cuja produção tem a parceria dos Estúdios Mega (onde os filmes de Carbonari serão restaurados) e o apoio da Cinemateca Brasileira e da Escola de Comunicações e Artes da USP.

No curta, Bernardet e Puppo exercitam os elementos com os quais pretendem ressaltar os méritos do acervo de Carbonari (há muitos registros históricos, como o da posse de Adhemar de Barros no governo do Estado, em 1962, e o de seu enterro, em 1969) e sublinhar com um olhar crítico certa tendência do produtor ao elogio dos personagens endinheirados que contratavam seus serviços. Era prática dos cinejornais exibir matérias patrocinadas.

Recursos

Imagens que se sucedem em cascata e em múltiplos quadros na tela, repetições (de um mesmo gesto por diferentes pessoas, por exemplo), fragmentações (de um discurso) e contraposições (de fatos retratados em abordagens unilaterais pelo cinejornal) são recursos de que Puppo e Bernardet lançarão mão.

Buscando dar a um filme composto por imagens de arquivo uma personalidade contemporânea, os diretores convidaram para colaborar em seu desenho gráfico os artistas plásticos Ricardo Carioba, Leandro Lima e Pedro di Pietro. O músico Amon Tobin assina a trilha do curta e deve levar também para o longa o trabalho, em que recheia a música eletrônica de influência erudita.

Regina Carbonari, filha de Primo Carbonari e curadora de seu acervo, idealizou (ao lado de Puppo) o projeto, que não se restringe à produção do documentário. Compreende ainda a catalogação de todo o acervo de Carbonari e a disponibilização de trechos em um site, o restauro do material ameaçado de deterioração e a melhoria das condições de armazenamento do conjunto.
 

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