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25/11/2003
-
09h29
BETTY MILAN
Especial para a Folha de S.Paulo
A capa do original francês é preta. Como uma mortalha estendida sobre os restos de Daniel Pearl, sequestrado e degolado em 2002, em Karachi. Por ser ele jornalista, judeu e americano? Da perspectiva dos assassinos, espião, inimigo israelita e portador dos pecados do mundo.
Cem vezes, nos dias de cativeiro, o sequestrado disse uma mesma verdade. Que, se existisse um só americano e um só judeu para lhes estender a mão, que, se houvesse um só homem para recusar a guerra de civilizações e insistir na paz com o Islã, o homem era ele, Daniel Pearl, americano hostil ao que a América tem de arrogante, judeu de esquerda, progressista, amigo dos deserdados.
O repórter do "Wall Street Journal" foi morto por querer descobrir se Bin Laden tinha ou não armas capazes de alterar radicalmente as relações de força entre Oriente e Ocidente. Por saber demais sobre uma organização que, a qualquer momento, podia acionar o fanatismo islâmico.
Antes de chegar a essas conclusões, Bernard Henri-Lévy ousou entrar num mundo de paixões sangrentas, manipulações perigosas e mentiras de Estado. Arriscou a vida para responder a duas questões: Quem matou Daniel Pearl? Que segredo ia ele revelar quando foi degolado?
Para ir além da versão oficial, Henri-Lévy passou meses escutando pessoas e visitando diferentes lugares nos EUA, Inglaterra, Paquistão e Índia.
A obra expõe o assassinato como a expressão da tragédia da guerra de civilizações, criticando o antiamericanismo, o anti-semitismo e a islamofobia.
"Quem Matou Daniel Pearl?" é um livro contrário à paixão do ódio, que levará os americanos a se perguntarem porque são odiados e o que devem fazer para reconquistar a confiança dos outros povos e do próprio.
Quem quiser saber "como funciona o demoníaco hoje", por que "a abjeção se tornou desejo e destino", precisa ler este texto, que analisa a vontade planetária de vingança e dá sentido à expressão direitos humanos. Tanto mostra a importância do papel do jornalista quanto do filósofo, que faz da atualidade o seu tema e do movimento a condição da sua filosofia. O filósofo que, na grande tradição de Montaigne, sai da torre de marfim para o mundo.
Betty Milan é escritora, psicanalista e autora de "A Paixão de Lia", entre outros
Crítica: "Quem Matou Daniel Pearl?" é contrário à paixão do ódio
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Especial para a Folha de S.Paulo
A capa do original francês é preta. Como uma mortalha estendida sobre os restos de Daniel Pearl, sequestrado e degolado em 2002, em Karachi. Por ser ele jornalista, judeu e americano? Da perspectiva dos assassinos, espião, inimigo israelita e portador dos pecados do mundo.
Cem vezes, nos dias de cativeiro, o sequestrado disse uma mesma verdade. Que, se existisse um só americano e um só judeu para lhes estender a mão, que, se houvesse um só homem para recusar a guerra de civilizações e insistir na paz com o Islã, o homem era ele, Daniel Pearl, americano hostil ao que a América tem de arrogante, judeu de esquerda, progressista, amigo dos deserdados.
O repórter do "Wall Street Journal" foi morto por querer descobrir se Bin Laden tinha ou não armas capazes de alterar radicalmente as relações de força entre Oriente e Ocidente. Por saber demais sobre uma organização que, a qualquer momento, podia acionar o fanatismo islâmico.
Antes de chegar a essas conclusões, Bernard Henri-Lévy ousou entrar num mundo de paixões sangrentas, manipulações perigosas e mentiras de Estado. Arriscou a vida para responder a duas questões: Quem matou Daniel Pearl? Que segredo ia ele revelar quando foi degolado?
Para ir além da versão oficial, Henri-Lévy passou meses escutando pessoas e visitando diferentes lugares nos EUA, Inglaterra, Paquistão e Índia.
A obra expõe o assassinato como a expressão da tragédia da guerra de civilizações, criticando o antiamericanismo, o anti-semitismo e a islamofobia.
"Quem Matou Daniel Pearl?" é um livro contrário à paixão do ódio, que levará os americanos a se perguntarem porque são odiados e o que devem fazer para reconquistar a confiança dos outros povos e do próprio.
Quem quiser saber "como funciona o demoníaco hoje", por que "a abjeção se tornou desejo e destino", precisa ler este texto, que analisa a vontade planetária de vingança e dá sentido à expressão direitos humanos. Tanto mostra a importância do papel do jornalista quanto do filósofo, que faz da atualidade o seu tema e do movimento a condição da sua filosofia. O filósofo que, na grande tradição de Montaigne, sai da torre de marfim para o mundo.
Betty Milan é escritora, psicanalista e autora de "A Paixão de Lia", entre outros
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