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22/04/2008 - 08h44

Motomix puxa "engarrafamento" de eventos de música pop

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THIAGO NEY
da Folha de S.Paulo

Valorização do real em relação ao dólar; excesso de dinheiro circulando no mundo; planejamento financeiro e de marketing das empresas. São alguns dos fatores que causam o congestionamento de grandes festivais de música pop que ocorre no Brasil, especialmente em São Paulo, neste ano.

O engarrafamento, que será mais visível no segundo semestre, será puxado pelo Motomix, evento que acontece no parque Ibirapuera, em 28 de junho.

Gratuito, o festival será composto por um braço de arte multimídia (com curadoria dos grupos Bijari e Tupi Não Dá) e outro de música. Este último terá três nomes internacionais -dois deles já definidos: a dupla canadense de electro-funk-rock Chromeo e o trio inglês de dance music Fujiya & Miyagi.

Em 2007, o Motomix foi realizado no segundo semestre. Neste ano, os organizadores anteciparam a data para desviar do excesso de eventos que ocorrem no final do ano.

Pelo menos cinco festivais ocorrerão na época: Skol Beats (27 de setembro); Sónar (de 3 a 5 de outubro); Tim Festival (último final de semana de outubro); Planeta Terra (8 de novembro) e Nokia Trends (ainda sem data definida).

"Foi uma decisão estratégica. Queríamos abrir a temporada de shows no Brasil", diz Loredana Mariotto, diretora de marketing e varejo da Motorola. "O mercado está poluído, com muitos shows acontecendo na mesma época."

Leilão de artistas

"Isso não deixa de ser um pouco nocivo", opina Monique Gardenberg, da produtora Dueto, que organiza o Tim Festival. "Essa concentração [de eventos no segundo semestre] acaba gerando um leilão de artistas, pois você tem muitos eventos procurando as mesmas bandas. E é ruim para o público, pois pouca gente conseguirá ir a todos os festivais."

"A procura pelos artistas fica mais disputada, isso é evidente", observa o produtor Marcos Boffa. "Há os artistas que não excursionam porque estão fazendo disco, porque estão em férias, então a lista fica reduzida. E o cachê dos artistas subiu no mundo todo, não apenas para o Brasil. O show ao vivo virou um mercado importante. Isso é uma questão global."

Há duas semanas, o "New York Times" publicou reportagem em que discute uma suposta saturação do mercado dos EUA, causada pela oferta de festivais de música pop no país -em 2008, surgiram quatro novos eventos, e a temporada americana já soma pelo menos uma dúzia de opções.

Bazinho Ferraz, presidente da B/Ferraz (Skol Beats; Planeta Terra), aponta: "O que causa isso é uma falta de planejamento de algumas empresas. Além disso, há aqueles que nunca trabalharam com isso, que entram em concorrências e oferecem dinheiro excessivo para os artistas. Atrapalha bastante".

O dólar está baixo, o que ajuda a trazer artistas internacionais. Gardenberg diz que o excesso de liquidez no mercado internacional impulsionou um "boom do entretenimento".

Fim do "idealismo"

"Há um excesso de liqüidez, e buscam-se novos negócios. Um desses negócios é o entretenimento. E tem gente muito nova entrando nisso", diz ela.

"O show business está mudando, não é mais aquela coisa idealista, feita por gente que sempre foi ligada às artes."

Outro fator, afirma Boffa, remete ao planejamento das companhias que investem nos festivais. "As empresas definem seus orçamentos no final do ano, e aí fica muito complicado realizar grandes eventos antes de junho."

E entre julho e setembro, com a temporada de festivais de verão no hemisfério norte, fica difícil realizar eventos de porte no Brasil. "O período disponível para nós é muito curto", diz o produtor.

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