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04/12/2003 - 03h41

Bolshoi estuda passos contemporâneos

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KATIA CALSAVARA
Enviada especial da Folha de S.Paulo a Joinville

"Se esse projeto virar realidade, irei considerar que não vivi a vida inteira", disse o bailarino russo Vladimir Vasiliev, 63, ao ver o novo projeto da escola de dança brasileira projetada por Niemeyer.

Ele e a bailarina Ekaterina Maximova, 64, fundadores e patronos da filial do Bolshoi no Brasil, participaram de encontro realizado anteontem no Rio em que foi entregue o projeto do arquiteto à Escola do Teatro Bolshoi no Brasil. Niemeyer, que não pôde comparecer, foi representado pelo arquiteto Jair Vallera.

Um dos destaques do projeto, o teatro terá um palco de 25 m de boca de cena por 15 m de profundidade. Além do fosso destinado à orquestra, uma sala para aquecimentos e preparações cênicas ocupa toda a parte inferior do tablado principal.

O bloco de três andares, destinado ao ensino de dança e piano e à escola regular, é elevado por um pilotis.

Casal nobre da dança

Vasiliev e Maximova ficaram conhecidos como um dos casais mais importantes da história do balé clássico. À frente do Teatro Bolshoi, encantaram platéias do mundo inteiro pela união harmoniosa de limpeza técnica e corpos perfeitos ao virtuosismo de suas interpretações.

Aqui, eles destacaram o desempenho dos alunos brasileiros. "Alguns já estão capacitados para ingressar em companhias do resto do mundo, fazendo inveja a muitos teatros", disse o russo.

Indagado sobre a atual situação do balé na Rússia, o bailarino diz que há uma procura muito grande pela dança contemporânea. "A Rússia sempre esteve atrasada nesse campo porque estávamos preocupados em manter o nível extremamente elevado da dança clássica. Creio que, em poucos anos, teremos espetáculos muito bons de dança contemporânea."

No próximo ano, a escola brasileira também começará a formar um núcleo especial para essa disciplina.

"As pessoas mais inteligentes e os melhores profissionais de contemporâneo compreendem muito bem que sem a base clássica não é possível dançar com qualidade. Não se pode levar tudo ao absurdo. Na literatura russa, por exemplo, houve uma época em que muitas experiências formais geravam expressões que ninguém entendia, e isso era saudado. Mas ninguém entendia. Quando as coisas acontecem no palco, é preciso saber por que elas acontecem", afirma Vasiliev.

Maximova destacou o nível técnico das turmas. "A maioria dos alunos criou uma base muito boa", disse a bailarina, que já brilhou nos papéis centrais de balés como "O Quebra-Nozes", "Spartacus" e "A Bela Adormecida".

Vasiliev foi diretor artístico do Teatro Bolshoi de 1995 a 2000. Nesse período, implementou o sistema de contratos com diversos períodos de duração-- antigamente os artistas trabalhavam em sistema vitalício. Também separou o teatro do Ministério da Cultura e reuniu a orquestra, os corpos de balé, ópera e mímica. "Nas montagens, procurei agrupar todos os núcleos. Comecei a fazer turnês estrangeiras com todos para que o público conhecesse não só o balé."

Sobre Vladimir Putin, Vasiliev diz que não nota nenhum interesse especial do premiê pelo Bolshoi. "Os que estão mais próximos do poder têm uma situação mais invejável, e hoje não estou próximo dele." O bailarino e Maximova hoje trabalham com montagens independentes em diversas companhias do mundo.

A jornalista Katia Calsavara viajou a convite da Escola do Teatro Bolshoi
 

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