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04/12/2003 - 04h48

Universal reedita vozes da "indie" Elenco

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PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Folha de S.Paulo

Sinal dos novos tempos. Após longa espera, a Universal faz uma reedição esmerada de alguns dos mais importantes títulos do selo Elenco, que marcou história nos anos 60 por veicular parte essencial da música até hoje conhecida como bossa nova.

É sinal dos tempos novos porque recoloca a filial de uma das maiores gravadoras do mundo diante de uma das primeiras e avassaladoras experiências de música independente brasileira.

Em 1963, o ex-músico de Carmen Miranda e ex-diretor artístico de grandes gravadoras Aloysio de Oliveira fundou seu próprio selo, trazendo para o universo que hoje se chamaria "indie" sua experiência de quatro anos antes na Odeon, quando lançara João Gilberto e a bossa nova.

Pelo elenco da Elenco passaram nomes da estatura de Tom Jobim, Vinicius de Moraes e Dorival Caymmi, mas também estreantes como Nara Leão e Edu Lobo.

Já eram importantes, mas não simbolizavam a nata sacralizada da MPB. Estavam para os anos 60 como estão para os 2000 as dezenas de selos independentes que bóiam na crise da indústria.

A filosofia Elenco de Aloysio era do tipo começo, meio e fim. Na ponta inicial, abarcava nomes históricos da MPB que já haviam perdido espaço. Abrigou versões modernizadas, em bossa, do samba antigo de Aracy de Almeida e Cyro Monteiro e da fossa de Lúcio Alves, Sylvia Telles, Dick Farney, Maysa e Sérgio Ricardo.

Da ponta para o fim, Aloysio mirava a modernização da bossa, temendo desde então a fossilização que acabaria de fato acometendo-a. Fez estrear pela Elenco a bossa-novista de primeira hora Nara Leão. Lançou em comunhão com o mercado norte-americano discos históricos dos moços Astrud Gilberto e Sergio Mendes.

Fez estrear na militância musical Edu Lobo. Deu abrigo por fim, já em 1967, ao até hoje raro álbum de estréia de Sidney Miller. Em sua obra, despontavam referências críticas ao anti-samba prestes a ser batizado de tropicalismo.

Mais ou menos quando o tropicalismo começava a irromper, Aloysio viu que sua empreitada não tinha futuro e vendeu a Elenco à Philips (hoje Universal). O selo ainda sobreviveu, mas desvirtuado por exemplo no ato de colorir as capas em preto-e-branco. O elenco antitropicalista se esparramou em êxodo.

A Philips, que embolsou o catálogo da Elenco, fez o tropicalismo, fez Chico Buarque e Elis Regina, fez Raul Seixas e Tim Maia, fez nos anos 90 a axé music, virou Universal. Nunca havia reeditado com seriedade esse catálogo.

Revendo hoje seu passado, a gravadora entrega ao titã Charles Gavin o projeto de reentrada no catálogo da Elenco. As datas originais das edições permanecem confusas, mas Gavin e gravadora explicam nos encartes que a dúvida existe, quando ela existe.

O esclarecimento definitivo sobre a trajetória da Elenco só virá pela pena de seus historiadores.

Mas a gravadora começa a fazer sua parte. E até olha para o futuro, colocando historietas e prometendo uma rádio Elenco no www.universalmusic.com.br/elenco.

Avaliação:

Série Elenco
Lançamento: Universal
Quanto: R$ 23, em média, cada CD (20 volumes)
 

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