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05/12/2003 - 15h55

Premiado em festivais, cinema argentino ainda busca público no país

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da France Presse, em Buenos Aires

Acostumado a receber prêmios nos festivais internacionais, o cinema argentino não atravessa um bom momento nas bilheterias do próprio país, onde é preterido pelos filmes de Hollywood.

Numa época em que a Argentina produz uma média de 40 longas-metragens por ano, o cinema do país foi responsável pela venda de apenas 10% dos ingressos neste ano.

Somente um filme, "Vivir Intentando", comédia sobre o grupo pop "Bandana", superou a marca de um milhão de espectadores na Argentina, desempenho alcançado de maneira frequente pelas grandes produções americanas.

Um total de doze fitas devem superar os 100 mil ingressos, segundo dados parciais do Incaa (Instituto Nacional do Cinema e Artes Audiovisuais). No entanto, mais da metade dos filmes locais terminarão o ano com menos de 10 mil espectadores.

Alguns especialistas atribuem esses números ao fato de quase todas as redes de exibição pertencerem a grupos estrangeiros. "As 'majors' têm um peso considerável. Ninguém se arrisca a enfrentar as superpotências", afirma o diretor Eduardo Mignona, cujo filme mais recente, o road-movie "Cleopatra", é uma das raras produções nacionais de sucesso.

"Os filmes que fazem sucesso nos festivais são diferentes dos que a indústria do cinema deseja", diz Mignona. "Assistimos na Argentina a explosão de uma geração estimulada pelo vídeo, que faz filmes de baixo custo. É uma geração com uma visão pessimista, que nada mais faz do que reproduzir a realidade".

O presidente do Incaa, Jorge Coscia, diz que os filmes argentinos não ficam muito tempo em cartaz, o que impede a avaliação do público. Por este motivo, o instituto começou a construir sua própria rede de salas, que no momento conta com 20 locais em todo o país. "O objetivo é garantir ao nosso cinema uma estréia mínima", disse Coscia.

"Os Estados Unidos produzem 400 filmes por ano. Desse total, de 100 a 150 são sucesso. Nosso índice de êxitos é similar. O cinema espanhol produz 100 filmes por ano. Quantos fazem sucesso?", pergunta Coscia.

Assim como outros profissionais da área, ele destaca o pouco crédito que os críticos de cinema têm entre os espectadores. Também lamenta "o gosto muito televisivo" do público argentino, que para ele perdeu seu refinamento.

O responsável pela programação de uma grande rede de salas de exibição, que pediu para não ser identificado, diz que o pouco interesse dos argentinos pelo cinema nacional é causado por uma opção pela quantidade em detrimento da qualidade. "Se um filme é bom, terá seu público. O problema é que aqui fazem muitos filmes e nem todos são bons", afirma.

Em meio a uma economia devastada, a indústria argentina do cinema representa uma exceção: a contribuição estatal continua desempenhando um papel fundamental.

O Incaa possui um orçamento anual de US$ 15 milhões que, graças aos baixos custos de produção pela desvalorização do peso, permite financiar boa parte da produção nacional. A participação pública nos filmes pode significar de 30% a 50% do custo de uma grande produção e até 100% para o filme de um diretor estreante.
 

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