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09/12/2003
-
15h38
CARLOS BATISTA
da France Presse, em Havana
A música cubana se despediu hoje de uma de suas lendas, Rubén González, o "homem do piano", que morreu ontem em Havana, aos 84 anos, após alcançar tardiamente a fama mundial como integrante do Buena Vista Social Club.
Mulato, magro e de estatura mediana, Rubén González estava esquecido e aposentado há dez anos quando o músico cubano Juan de Marcos bateu em sua porta em 1996 e lhe propôs entrar para o projeto Buena Vista Social Club.
De Marcos e o guitarrista norte-americano Ry Cooder se propuseram a resgatar os músicos veteranos da década de 50, época de ouro da música popular cubana, e uni-los em um grupo que fez história, o Buena Vista Social Club.
Quando González chegou ao estúdio, Cooder afinava sua guitarra em um canto, trabalho que interrompeu ao ouvir as notas de piano que o veterano músico cubano começava a tocar.
"De repente, [Cooder] deixou sua guitarra de lado e ficou olhando para o piano. Ele veio e me disse algo que não entendi. Depois, chegou o velho Compay Segundo e me disse 'ouça Rubén, você deixou esse grandão louco. Ele gostou muito do que você estava fazendo com o piano. Eu vi que ele pôs a mão na cabeça'", lembrou González em uma entrevista anos depois daquele encontro.
Assim, Rubén González --na época com 77 anos--, Ibrahim Ferrer, Compay Segundo, Pío Leyva e outros velhos músicos cubanos chegaram à fama mundial pelas mãos de De Marcos e Cooder com o projeto Buena Vista Social Club, que o cineasta alemão Wim Wenders imortalizou em seu filme homônimo.
"Eu pensei que isso ia acabar aos dois ou três meses. Mas Juan de Marcos é muito inteligente. É inteligentíssimo", disse González.
Curta discografia
Nascido no povoado de Encrucijada, Província de Villa Clara (centro), em 26 de maio de 1919, Rubén González começou a estudar piano em sua casa aos sete anos de idade.
Depois começou a viajar de trem até a cidade próxima de Cienfuegos para ter aulas até se mudar para Santa Clara, capital da Província, onde começou a tocar com vários grupos.
Ele estudou magistério e esteve a ponto de se formar médico na Universidade de Havana, cidade para onde se mudou em 1940 e onde tocou com vários grupos musicais, entre eles o de Arsenio Rodríguez e Enrique Jorrín, criadores do ritmo "chachachá", no final dos anos 40.
"O som de Arsenio era único. Continua sendo único. Ele me deu conselhos que sempre me serviram. Na música e na vida", lembraria anos depois.
Apesar de sua popularidade, González só gravou três discos seus: um de boleros, de 1974; 'Buena Vista introducing... Rubén Gonzalez', de 1996, e 'Chanchullo', no ano 2000. Também participou como pianista em vários CDs, como os de Ibrahim Ferrer e Omara Portuondo, também do Buena Vista Social Club.
Amante da música clássica, à qual ouvia quando estava sozinho, González era admirador de Frederick Chopin.
"Esse polonês deve ter sido muito sofrido porque sua música diz coisas muito tristes, como se estivesse chorando a perda de alguém muito querido", dizia.
Durante seus últimos anos de vida, sofreu de artrose progressiva, que foi afetando suas articulações até que o deixou de cama, disse à France Presse sua viúva, Eneida Lima.
Nesta segunda-feira, sua debilitada saúde não resistiu ao ataque conjunto de complicações renais e respiratórias e, ao meio-dia, "o homem do piano", como era conhecido nos meios musicais cubanos, deixou de existir.
Cuba diz adeus ao "homem do piano" do Buena Vista Social Club
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da France Presse, em Havana
A música cubana se despediu hoje de uma de suas lendas, Rubén González, o "homem do piano", que morreu ontem em Havana, aos 84 anos, após alcançar tardiamente a fama mundial como integrante do Buena Vista Social Club.
Mulato, magro e de estatura mediana, Rubén González estava esquecido e aposentado há dez anos quando o músico cubano Juan de Marcos bateu em sua porta em 1996 e lhe propôs entrar para o projeto Buena Vista Social Club.
De Marcos e o guitarrista norte-americano Ry Cooder se propuseram a resgatar os músicos veteranos da década de 50, época de ouro da música popular cubana, e uni-los em um grupo que fez história, o Buena Vista Social Club.
Quando González chegou ao estúdio, Cooder afinava sua guitarra em um canto, trabalho que interrompeu ao ouvir as notas de piano que o veterano músico cubano começava a tocar.
"De repente, [Cooder] deixou sua guitarra de lado e ficou olhando para o piano. Ele veio e me disse algo que não entendi. Depois, chegou o velho Compay Segundo e me disse 'ouça Rubén, você deixou esse grandão louco. Ele gostou muito do que você estava fazendo com o piano. Eu vi que ele pôs a mão na cabeça'", lembrou González em uma entrevista anos depois daquele encontro.
Assim, Rubén González --na época com 77 anos--, Ibrahim Ferrer, Compay Segundo, Pío Leyva e outros velhos músicos cubanos chegaram à fama mundial pelas mãos de De Marcos e Cooder com o projeto Buena Vista Social Club, que o cineasta alemão Wim Wenders imortalizou em seu filme homônimo.
"Eu pensei que isso ia acabar aos dois ou três meses. Mas Juan de Marcos é muito inteligente. É inteligentíssimo", disse González.
Curta discografia
Nascido no povoado de Encrucijada, Província de Villa Clara (centro), em 26 de maio de 1919, Rubén González começou a estudar piano em sua casa aos sete anos de idade.
Depois começou a viajar de trem até a cidade próxima de Cienfuegos para ter aulas até se mudar para Santa Clara, capital da Província, onde começou a tocar com vários grupos.
Ele estudou magistério e esteve a ponto de se formar médico na Universidade de Havana, cidade para onde se mudou em 1940 e onde tocou com vários grupos musicais, entre eles o de Arsenio Rodríguez e Enrique Jorrín, criadores do ritmo "chachachá", no final dos anos 40.
"O som de Arsenio era único. Continua sendo único. Ele me deu conselhos que sempre me serviram. Na música e na vida", lembraria anos depois.
Apesar de sua popularidade, González só gravou três discos seus: um de boleros, de 1974; 'Buena Vista introducing... Rubén Gonzalez', de 1996, e 'Chanchullo', no ano 2000. Também participou como pianista em vários CDs, como os de Ibrahim Ferrer e Omara Portuondo, também do Buena Vista Social Club.
Amante da música clássica, à qual ouvia quando estava sozinho, González era admirador de Frederick Chopin.
"Esse polonês deve ter sido muito sofrido porque sua música diz coisas muito tristes, como se estivesse chorando a perda de alguém muito querido", dizia.
Durante seus últimos anos de vida, sofreu de artrose progressiva, que foi afetando suas articulações até que o deixou de cama, disse à France Presse sua viúva, Eneida Lima.
Nesta segunda-feira, sua debilitada saúde não resistiu ao ataque conjunto de complicações renais e respiratórias e, ao meio-dia, "o homem do piano", como era conhecido nos meios musicais cubanos, deixou de existir.
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