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10/12/2003 - 08h55

Absurdo é combustível para peças da 2ª Mostra de Dramaturgia

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VALMIR SANTOS
da Folha de S.Paulo

Em "Então, Felicidades!", vai a pique o cruzeiro que leva os noivos em lua-de-mel. À deriva num resto de convés, o casal é surpreendido pela visita de um terceiro náufrago.

Depois, em "Mal Necessário", dois homens perdidos numa sala de arquivo tentam encontrar papéis "da verdade" e dão com uma não menos misteriosa visita de uma mulher.

Sempre o cruzamento de três personagens, as revelações emendam camadas do absurdo aos diálogos das duas peças em cartaz na última quinzena da 2ª Mostra de Dramaturgia Contemporânea que o grupo Teatro Promíscuo apresenta no Teatro Popular do Sesi, em São Paulo.

"Então, Felicidades!", do português José Mora Ramos, dirigida por Regina Galdino, flagra o reencontro de um homem (Renato Borghi) e uma mulher (Débora Duboc) após 20 anos.

Tentam resgatar o amor que os uniu nos idos do 25 de abril de 1974, quando oficiais se rebelaram contra o governo e derrubaram a ditadura em Portugal, na chamada Revolução dos Cravos.

A aventura em alto-mar, na companhia de outro sobrevivente, um pianista (Elcio Nogueira Seixas), fará com que o noivos revejam, como nunca d'antes, o passado com pés no presente.

Dono de dramaturgia cuja temática traz vínculos com sua vivência com o mar, Ramos, 53, teve sua peça participando do ciclo "Leituras de Teatro", no auditório da Folha, em setembro.

"Mal Necessário", do paulista Cássio Pires, com direção de Marcelo Lazzaratto, traz uma narrativa plena em dubiedades.

X (Borghi) e Y (Seixas), personagens não-identificados vasculham um arquivo, entre meia-noite e 7h, em busca de um documento. A chegada uma mulher, Maria Eliza (Duboc), acentua o clima de estranhamento à ação.
Pires, 27, é estudante de dramaturgia na USP. Ambas as montagens se passam na cenografia-instalação "Máquina/Teatro", por Daniela Thomas e Marcia Moon.

2ª MOSTRA DE DRAMATURGIA CONTEMPORÂNEA - "Então, Felicidades!" e "Mal Necessário"
Onde: Teatro Popular do Sesi (av. Paulista, 1.313, tel. 0/xx/11/ 3146-7405)
Quando: de hoje a 21/12; de qua. a dom., às 20h30
Quanto: entrada franca
 

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