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15/12/2003 - 03h36

Cena teatral abraça a comédia "stand-up"

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VALMIR SANTOS
da Folha de S.Paulo

Tudo gira em torno dele, seja no palco do bar, da casa noturna ou do teatro. Está quase sempre em pé, sozinho, microfone a postos. Os melhores são aqueles que se autodestroem primeiro para depois criticar a tudo e a todos e, aí sim, ganhar o público.

O comediante adepto da "stand-up comedy" encontra cada vez mais espaço na cena brasileira de três anos para cá.

Esse gênero nascido do "musical-hall" e hoje característico do entretenimento americano ou inglês (comédia em pé, na tradução literal) foi devidamente "abrasileirado" --como se pode ver no teatro Café Pequeno, no Rio de Janeiro, ou no fenômeno "Terça Insana", em São Paulo.

O show paulistano com solos, duplas ou trios de atores mostra esquetes conforme o tema da noite (como "Olho para o Futuro", "Gula", "Etnias" etc.).

"No início, em 2001, eu não tinha consciência de que fazíamos "stand-up". Quando parei para pensar, vi que fazíamos um pouco, mas de outra forma, criando personagens", diz a atriz e diretora Grace Gianoukas, 40.

"Na "stand-up" original, o máximo que você cria é uma persona, uma versão de você mesmo mais ampliada", diz a atriz Agnes Zuliani, 42, que morou e estudou teatro por oito anos em Nova York e pesquisou em torno do gênero dileto do público americano, assimilado pelo cinema e TV.

O Brasil tem representantes de fôlego, no palco e na TV, que praticam variações da "stand-up", casos de José Vasconcelos, Jô Soares, Juca Chaves, Costinha.

"No meu caso, eu classificaria mais como "one-man-show" ou espetáculo solo, já que me movimento mais no palco, enquanto a "stand-up" fica mais presa ao microfone. No entanto, já vi espetáculos do [ator colombiano radicado nos EUA] John Leguizamo e outros, em que o pedestal do microfone não era o centro absoluto da apresentação", diz Jô, 65.

A tradição brasileira, que vem dos números "de cortina" do teatro de revista, perpetuou mais a piada do que o comentário corrosivo sobre a realidade comezinha ou social do país e sua gente.

"Mas o "stand-up" não fica contando piada de loira. Ele é, antes de tudo, um crítico de si mesmo e da sociedade", afirma Zuliani.

Em mais de 150 apresentações, o "Terça Insana" preocupou-se em não reafirmar preconceitos. "Ao contrário, os roteiros são consequentes, buscam também o riso crítico e consciente, não repisam rótulos", diz Gianoukas.

O espetáculo influenciou outras experiências do gênero na cidade. A partir de março, Gianoukas e os comediantes Roberto Camargo, Marcelo Mansfield, Octávio Mendes, Ângela Dip e Luis Miranda poderão ser vistos protagonizando 34 cenas no DVD sobre o humorístico (Trama Filmes).

Também para o próximo ano, o Festival de Teatro de Curitiba (de 18 a 28 de março) vai abrigar um segmento exclusivo para "stand-up". O diretor-geral, Victor Aronis, quer selecionar espetáculos em capitais como São Paulo, Rio, Salvador e Belo Horizonte. Não descarta artistas internacionais.

Num curso recente sobre "stand-up", Zuliani disse aos participantes que o comediante precisava olhar o mundo como se estivesse bêbado, fazer perguntas que ninguém faz. "Mas aí o bêbado fica parecendo um filósofo", disse o incauto. Na mosca.

TERÇA INSANA - Cerimônia-show da entrega do 2º Troféu Terça Insana de Humor a personalidades e grupos
Onde: Avenida Club (r. Pedroso de Moraes, 1.036, SP, tel. 0/xx/11/3814-7383)
Quando: amanhã, às 22h (a temporada volta em 10/2/2004)
Quanto: R$ 20
 

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