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20/12/2003 - 08h30

Lula analisa primeiro ano de Gil e se diz "feliz e leve"

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SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo, em Brasília

"Não fizemos tudo o que nos propusemos fazer, nem era possível", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para uma platéia de artistas que se reuniu ontem no Salão Nobre do Palácio do Planalto, na solenidade de entrega da Ordem do Mérito Cultural a 40 homenageados.

Falando de improviso, o presidente disse: "Chegamos aonde precisávamos chegar. Estamos em porto seguro". Sem citar ações, números ou fatos específicos de seu governo na área da cultura, disse que considera "a primeira etapa do jogo ganha", afirmou sentir-se "feliz e leve" porque acredita no que está fazendo e "porque as coisas estão andando". "Nunca se trabalhou tanto na República."

O presidente afirmou que "no Brasil o Ministério da Cultura sempre foi tratado como aquelas bolinhas de árvore de Natal [um enfeite]" e acrescentou: "Olho para uma figura como Gilberto Gil e fico pensando como ele aceitou ser ministro da Cultura". Emendou contando que o ministro lhe havia dito que só aceitaria o cargo se fosse para "explicitar a cultura na cor, no tamanho e no rosto da sociedade brasileira". Anunciando o que seria uma receita da ação cultural, Lula disse: "A grande arma não é criar o que já está criado. É fazer desabrochar".

Antes de Lula, discursou o ministro Gil. "Não gostaria de deixar a cena sem expressar meu desejo de que, antes do final do governo Lula, não somente brasileiros individualmente recebam condecorações, mas que o país venha a merecer a medalha do mérito cultural", disse o ministro.

O ator e músico Antonio Nóbrega falou em nome de todos os homenageados e pediu licença para fazer um número musical ao lado do filho, em que tocaram rabeca e pandeiro. Apenas ao som do pandeiro, Nóbrega dançou e convidou Gil para acompanhá-lo, no que foi atendido. O número foi aplaudido de pé.

Utopia do possível

O dramaturgo e cineasta Domingos Oliveira considera "tímido" o resultado do primeiro ano de governo Lula na área da cultura. Ressalvando considerá-lo "o melhor presidente que o Brasil já teve", Oliveira afirma que o governo Lula, "como toda esquerda, sempre tende a certo sectarismo, a certa burrice na incompreensão de que nem só folclore é cultura".

A atriz Marília Pêra, agraciada com a Ordem do Mérito Cultural, afirma que "houve um primeiro momento de paralisação do cinema, do teatro, das artes plásticas, da cultura", o que considera "absolutamente normal, porque o governo estava verificando o que acontecia com a cultura". Pêra diz achar que "no ano que vem o cinema estará muito bem, mas o teatro fica um pouco em quinto plano, porque as pessoas de teatro se organizam menos".

Filiado ao PSDB, o humorista Marcelo Madureira, do grupo Casseta & Planeta, também homenageado, diz que acompanha mais a política econômica do governo Lula, que considera correta, e que lhe faltam dados para avaliar a ação cultural. "São ironias do destino. Sou um grande admirador do presidente Fernando Henrique, que nunca me deu uma medalha de lata nem me chamou para jantar."

O cantor Lobão diz que "queria ver mais rapidez, mais dinamismo no governo", mas, no geral, avalia que os artistas tiveram "uma relação boa com o Ministério, que foi receptivo à apresentação de projetos". "Em umas coisas, [o ministério] está um pouco reticente, precisava de mais presença na criação de leis como a da criminalização do jabá. Tenho esperança de que nesse ano que entra agora haja atuação mais objetiva não apenas na cultura, mas em todas as áreas."

O sociólogo Francisco de Oliveira, um dos principais teóricos de esquerda do país e recentemente desligado do PT, afirma que não tem elementos para analisar a política cultural de Lula. Comenta apenas que a "utopia do possível já era a de Fernando Henrique".
 

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