Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
20/12/2003 - 08h49

Pampulha expõe arte alimentada pelo dia-a-dia

Publicidade

JULIANA MONACHESI
da Folha de S.Paulo

Em busca de um ponto de equilíbrio entre corpo e tecnologia, o artista plástico Jarbas Lopes desenvolveu um projeto que a um só tempo é construção imaginária e tem aplicação concreta: a "Cicloviaérea". Seis bicicletas recobertas por vime trançado estão dispostas no salão nobre do Museu da Pampulha e outra dezena de bicicletas comuns, à disposição do público para pedalar em volta da lagoa.

Na exposição individual do artista fluminense que é inaugurada hoje, em paralelo às duas primeiras exposições resultantes da Bolsa Pampulha, foi reunido um conjunto de obras de resistência à enxurrada high-tech que assola a produção contemporânea.

O historiador Nicolau Sevcenko já apontara na obra de Lopes, sobre sua participação no Panorama em 2001, "o hibridismo entre cultura popular e cultura de massa, a contradição entre as ambições da arte institucional e as realidades da cultura da penúria".

O artista descreve a ciclovia como "uma pista suspensa com suave declive para percorrer longas distâncias de bicicleta no meio urbano". As peças em vime servem de mestres de cerimônia, "um ponto de atração para fazer o público se voltar para todas as coisas disponíveis no cotidiano para as quais deixaram de dar atenção".

A mesma função tem o barco que o artista trouxe para colocar dentro da lagoa da Pampulha e a microdestilaria simbólica que montou no museu para lembrar a importância da biomassa energética. Sua produção caracteriza-se por uma militância low-tech, em consonância com outros artistas que se inscrevem na "estética da gambiarra". Nas palavras da crítica Lisette Lagnado: "Há uma ressonância do Parangolé pelo fato de abranger toda uma rede de subsistência a partir de uma economia informal, com soluções de baixo custo e de puro improviso".

No mezanino do museu, Cristina Ribas e Jared Domício expõem obras desenvolvidas ao longo de 2003 na "bolsa-residência" que a instituição concedeu a 12 artistas jovens, projeto pioneiro no Brasil, que, além de subsidiar a produção, acompanha e discute seus desdobramentos por meio de uma comissão de críticos que realiza visitas periódicas aos artistas.

Jared Domício que, nos últimos anos vinha fazendo intervenções na arquitetura, desconstruindo o "cubo branco", criou com fachadeira (tela de proteção para edifícios) um volume retangular azul que preenche o espaço curvo de Niemeyer em uma busca frustrada de impor ali a forma do paralelepípedo perfeito.

A escultura de grande leveza dialoga com o espaço externo, assim como o conjunto de trabalhos da gaúcha Cristina Ribas, que leva para o museu duas piscinas de plástico que ficavam na varanda de sua casa em BH, uma carcaça de táxi com fones em que se escutam ruídos de viagem, um luminoso intitulado "Coleção de Intenções", para discutir o prazer e a condição de estar de passagem.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página