Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
23/12/2003 - 03h42

Artistas enxergam internet como aliada

Publicidade

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Folha de S.Paulo

O vice-presidente artístico e de marketing da Sony Music, Alexandre Schiavo, aponta para o colapso do sistema fonográfico industrial, que se reflete em índices de desemprego que assolam executivos, funcionários e artistas. "O desemprego é uma realidade nesse campo, o artista sofre bastante com isso. Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Discos, 56 mil pessoas perderam seus postos em 2002."

Na ponta oposta à da indústria, despontam os artistas que já se lançaram desconhecendo o que era o padrão de contratos milionários e mordomias das últimas décadas. Exemplo é o DJ Dolores, de Pernambuco:

"Para mim, que deixo minhas músicas disponíveis na internet para download, o que mais importa é a divulgação, e olhe que invisto do próprio bolso para produzir um CD, pois não tenho contrato com selo nenhum. O que me traz grana é fazer shows, remixes, trilhas sonoras".

Ele cita, como novo paradigma, a estratégia seguida pela cena dita "tecnobrega", do Pará: "Lá, alguns dos novos produtores fazem tudo no computador e só tocam MP3. A música chega ao público pela internet ou pelos piratas que se interessam em 'lançar' CD-Rs com esse material".

O guitarrista John, do Pato Fu, vê neste momento da indústria uma flagrante mudança de costumes. "Essa garotada geração CD-R já está se acostumando àquele disco dourado lotado de MP3 sem nenhuma informação. Resta saber se conseguiremos salvar o álbum de alguma forma. Por outro lado, a cultura do single pode voltar no Brasil", declara.

Num meio-termo ficam artistas como Zeroquatro, do Mundo Livre S/A, que migrou para a independência e, apesar de investir na internet como arma de sobrevivência, não deixa de acreditar na sobrevivência do disco.

"Nunca, em toda a nossa carreira, acreditamos tanto na viabilidade do formato CD. Pela primeira vez sentimos que a distribuição não está sendo deliberadamente sabotada. O resultado é que pela primeira vez aparecemos no top 10 da parada da rede FNAC, vendendo mais que Lulu Santos, Sandy & Junior e até Zezé de Camargo e Luciano", surpreende-se.

Para muitos, a grande perda a lamentar é o significado contido no álbum como conjunto de canções que traduz um conceito ou um momento na carreira.

"Não consigo imaginar música sem suporte físico. LP, CD, DVD, não importa, só consigo enxergar como arte, objeto de desejo --download, só do álbum cheio", diz o cantor Lenine. Outros como Marina Lima, acham que a questão não é tão relevante. "O que conta são as grande canções. Talvez, por força do hábito, eu acabe criando nove, dez faixas debaixo de um mesmo teto conceitual, temporal. E isso já caracteriza um disco. Mas uma grande canção, sozinha, já vale um download."
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página