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28/12/2003 - 06h00

Governo revê classificação de programas de televisão

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ANDRÉA MICHAEL
da sucursal da Folha de S.Paulo, em Brasília

Impulsionado pelas mais de 600 queixas apresentadas neste ano por telespectadores constrangidos com as cenas de sexo e violência, o governo decidiu rever os critérios para classificação dos programas de televisão.

Constituiu-se no Ministério da Justiça uma comissão para discutir as mudanças e a primeira decisão foi definir que serão fixadas regras diferenciadas para a classificação dos filmes veiculados em cinemas e a programação destinada às TVs. "O cinema é mais fácil de administrar, porque é uma escolha. Você paga, autoriza seu filho a ir. A televisão entra em nossa casa, invade a vida das pessoas", diz a secretária nacional de Justiça, Cláudia Chagas, coordenadora da comissão.

No regime militar, a censura era exercida pela Polícia Federal. Hoje, cabe ao Departamento de Classificação, apêndice da pasta da Justiça, a tarefa de definir horários de veiculação de programas televisivos e a faixa etária dos filmes exibidos no cinema. O trabalho é realizado por 18 pessoas, com a mesma metodologia há 11 anos. A equipe assiste às fitas, no caso do cinema, e analisa as sinopses de novelas, roteiros de programas e campanhas publicitárias.

O Ministério da Justiça publicou no "Diário Oficial da União" de 19 de dezembro a versão preliminar de uma portaria que torna obrigatório informar, nos cartazes de divulgação, o conteúdo de filmes cuja audiência não é livre. Além disso, foram criadas duas novas faixas de classificação --para oito e dez anos.

Desde maio, em cumprimento a uma determinação judicial, a mesma equipe também assiste ao conteúdo veiculado. Verificados desvios, a emissora e o responsável pelo programa recebem uma advertência. Inicialmente, os diretores dos programas são chamados a Brasília para conversar sobre a infração, como aconteceu com Wolf Maia por conta da novela "Kubanacan".

Na reincidência, há notificação por escrito. Persistindo a infração, o programa pode ser reclassificado, com a transferência de sua exibição para mais tarde, penalidade imposta, por exemplo, à novela "Mulheres Apaixonadas". Casos considerados mais graves são levados ao Ministério Público.

Um dos campeões das queixas é o apresentador João Kléber, da Rede TV. João Kléber chegou a liderar o ranking da baixaria na TV, uma enquete elaborada por uma subcomissão da Câmara dos Deputados. O grupo, presidido pelo deputado Orlando Fantazini (PT-SP), lançou em 2002 a campanha "Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania", pela ética na programação da televisão.

João Kléber, depois de ser chamado a Brasília, acertou algumas mudanças em seu programa.

"Eles [Departamento de Classificação] tinham razão. A gente estava exagerando mesmo com os barracos", diz ele.

"Além dos protestos básicos, relacionados a sexo e violência, sentimos uma demanda de homossexuais e negros que se sentem discriminados. Uma nova classificação tem de trazer esses elementos", afirma Cláudia Chagas.

Vencida a fase de discussões, as modificações serão baixadas por portarias do Ministério da Justiça.

As mudanças chegarão também à indústria. O governo pretende regulamentar uma lei tornando obrigatório que novos aparelhos de TV tenham um dispositivo que permita programar os horários em que poderão ser ligados.
 

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