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02/01/2004
-
04h43
PEDRO BUTCHER
Crítico da Folha de S.Paulo
Não é difícil entender o que faz o nome da American Zoetrope de Francis Ford Coppola nos créditos iniciais de "Olhos Famintos 2". Coppola começou a trabalhar em cinema na fábrica de Roger Corman e ali aprendeu que os filmes de horror costumam render bons lucros. Com a série "Olhos Famintos", ele provavelmente está levantando uns trocados para desenvolver seu projeto "Megalopolis".
O primeiro "Olhos Famintos" estreou em 2001 para ocupar o espaço de "A Hora do Pesadelo" e "Sexta-Feira 13", séries já desgastadas. O novo monstro, Creeper, ser voador que se alimenta de carne humana para regenerar suas partes, não fez feio nas bilheterias (custou US$ 10 milhões e rendeu quase US$ 40 milhões).
Mas há uma estranheza em "Olhos Famintos 2", que talvez derive do fato de se tratar de um "filme b" da era digital. É algo paradoxal. O cinema americano atingiu um padrão de qualidade de produção e um patamar de orçamento que não deixam espaço para as soluções mambembes, mas criativas, que representavam toda a graça dos "filmes b". Os efeitos digitais têm um aspecto artifical que não se compara ao artificialismo do medo produzido com efeitos de luz.
O diretor procura contornar o problema concentrando esforços nos aspectos metafóricos da história, buscando recuperar outra força do "filme b". O universo de ataque da criatura voadora é um grupo de adolescentes americanos que viaja de ônibus. O ônibus fica isolado em meio a uma estrada deserta do interior dos EUA, deixando os adolescentes à mercê da criatura devoradora. Aos poucos, vê-se que o horror está tão presente no ônibus como fora dele. O medo faz brotar homofobia e outras intolerâncias que vão levando à autodestruição do grupo. É na figura de Scott (Eric Nenninger) que o horror nasce. Metáfora que se soma a outras, tão desesperançadas e tristes, sobre o que é ser jovem nos EUA hoje.
Olhos Famintos 2
Jeepers Creepers 2
Produção: EUA, 2002
Direção: Victor Salva
Com: Ray Wise, Jonathan Breck
Quando: a partir de hoje nos cines Iguatemi, Metrô Tatuapé e circuito
Em "Olhos Famintos 2", terror apela para medo feito em computador
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Crítico da Folha de S.Paulo
Não é difícil entender o que faz o nome da American Zoetrope de Francis Ford Coppola nos créditos iniciais de "Olhos Famintos 2". Coppola começou a trabalhar em cinema na fábrica de Roger Corman e ali aprendeu que os filmes de horror costumam render bons lucros. Com a série "Olhos Famintos", ele provavelmente está levantando uns trocados para desenvolver seu projeto "Megalopolis".
O primeiro "Olhos Famintos" estreou em 2001 para ocupar o espaço de "A Hora do Pesadelo" e "Sexta-Feira 13", séries já desgastadas. O novo monstro, Creeper, ser voador que se alimenta de carne humana para regenerar suas partes, não fez feio nas bilheterias (custou US$ 10 milhões e rendeu quase US$ 40 milhões).
Mas há uma estranheza em "Olhos Famintos 2", que talvez derive do fato de se tratar de um "filme b" da era digital. É algo paradoxal. O cinema americano atingiu um padrão de qualidade de produção e um patamar de orçamento que não deixam espaço para as soluções mambembes, mas criativas, que representavam toda a graça dos "filmes b". Os efeitos digitais têm um aspecto artifical que não se compara ao artificialismo do medo produzido com efeitos de luz.
O diretor procura contornar o problema concentrando esforços nos aspectos metafóricos da história, buscando recuperar outra força do "filme b". O universo de ataque da criatura voadora é um grupo de adolescentes americanos que viaja de ônibus. O ônibus fica isolado em meio a uma estrada deserta do interior dos EUA, deixando os adolescentes à mercê da criatura devoradora. Aos poucos, vê-se que o horror está tão presente no ônibus como fora dele. O medo faz brotar homofobia e outras intolerâncias que vão levando à autodestruição do grupo. É na figura de Scott (Eric Nenninger) que o horror nasce. Metáfora que se soma a outras, tão desesperançadas e tristes, sobre o que é ser jovem nos EUA hoje.
Olhos Famintos 2
Jeepers Creepers 2
Produção: EUA, 2002
Direção: Victor Salva
Com: Ray Wise, Jonathan Breck
Quando: a partir de hoje nos cines Iguatemi, Metrô Tatuapé e circuito
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