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02/01/2004 - 08h20

Mark Farina apresenta seu cogumelo viajante

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LEANDRO FORTINO
free-lance para a Folha de S.Paulo

Foram 15 anos de espera para que o DJ e produtor norte-americano Mark Farina estreasse em um álbum de produções próprias, com o título de "Air Farina". Até então, ele havia lançado apenas compilações de músicas de outros artistas mixadas umas nas outras.

Natural de Chicago, berço da house music, o DJ começou sua carreira em 1988, após conhecer Derrick May e, no ano seguinte, Kevin Saunderson, ninguém menos que os dois criadores do tecno que é tocado em clubes ainda hoje em dia.

Mas a paixão de Farina sempre foi hip hop suave, animado e cheio de jazz e groove, de grupos como De La Soul e A Tribe Called Quest, e os beats criados pelo Soul2Soul embalados por vocais black, no final dos anos 80.

Ao juntar essa influência ao jazz, Farina inaugurou o estilo que o tornou conhecido e respeitado mundialmente, o mushroom jazz (jazz cogumelo), uma das vertentes da house, no qual se baseiam algumas das faixas desse primeiro disco de composições originais.

Mas além disso, em "Air Farina", ele reúne toda a influência que teve em suas dezenas de viagens pelo mundo, incluindo o Brasil, por onde passou em abril deste ano, no festival Skol Beats, e para onde deve retornar ainda no primeiro semestre de 2004, para se apresentar no clube D-Edge, em São Paulo.

"Fusbol", faixa que abre o lado A do vinil, é uma comédia para quem é brasileiro; o produtor usou uma série de colagens em português, como uma entrevista em que Pelé (sim, ele) responde perguntas em inglês macarrônico a um locutor esportivo que pergunta, repetidamente: "Quem é que agarrou o cachorro?" (fazendo uma referência a uma partida da Copa do Mundo de 1962 em que um cão ficou solto no gramado e foi apanhado por Mané Garrincha), seguido do grito "Urra, Brasil!".

Sob essas falas, Farina impõe uma batida quase tribal, com tambores, baixo funqueado e a pegada característica da house. Sensacional.

Em "Radio (Lost Baggage Mix)", o vocal jamaicano de reggae conduz a loucura que o produtor cria usando beats e ruídos e sons de piano que invadem a música, um a um, como se fossem camadas sobrepostas. Ideal para começar uma pista.

Mushroom jazz

O lado B inicia-se com o tecno de "Betcha Do", também lotado de vozes e gritos masculinos, e segue com "Dropped into Water", que faz lembrar muito o teclado da clássica "Blue Monday", do New Order.

"Leaving SF", homenagem à cidade que Farina tomou como lar, San Francisco, levanta o lado C com a levada house, colada em "Gramma Si", breakbeat cheio de grooves e atmosfera underground.

O último lado do álbum duplo é aberto pelo estilo que Farina criou, o mushroom jazz, com piano e sopro do jazz, vocal negro masculino de soul music, colagens de diálogos, batida eletrônica e participação do produtor Kaskade (leia nesta página). Encerra-se o disco com "Love Make's" e "Travel", rap cantado pelo grupo People under the Stairs. Que venham outras viagens de Mark Farina.

Air Farina
Artista: Mark Farina
Lançamento: OM Records Quanto: R$ 120, em média (vinil importado)
 

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