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04/01/2004 - 09h20

Crítica: Duas ou três coisas para esperar em 2004

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BIA ABRAMO
colunista da Folha

O ano vai tão fresco e novo que ainda se pode ter algum tipo de expectativa em relação ao que vamos ver na TV.

Nada muito complexo: é inútil esperar que sejam eliminados os golpes baixos, os lances de mau gosto, os festivais de cretinice que assolam 90% da programação. A guerra por audiência deve prosseguir acirrada e, portanto, a probabilidade de que as coisas permaneçam mais ou menos nos mesmos patamares de idiotia e sensacionalismo é grande.

O que dá para desejar para o ano são duas ou três coisas modestas, mas que podem começar a mudar o panorama.

A primeira, e talvez a mais importante, é que a sociedade continue a vigiar e punir os excessos e abusos daquilo que se fala e faz na TV. Nunca é demais lembrar que os canais de TV são concessões públicas e que, portanto, deve prevalecer o interesse público. Foi em nome do interesse público que a sociedade reagiu aos episódios da entrevista forjada com um membro do PCC no "Domingo Legal" de Gugu Liberato e do destempero verbal de Hebe Camargo sobre o acusado de assassinar o casal Liana Friedenbach e Felipe Caffé.

Ambos apresentadores famosos que gozam de altos índices de audiência, Gugu e Hebe abusaram de seu poder de fazer e falar bobagem diante das câmeras e se deram mal.

A segunda é que prossiga a procura por novos formatos de dramaturgia. A telenovela vai bem, obrigado, apesar do sucesso incontestável dos "reality shows". A Globo confirmou com os recordes de audiência de "Mulheres Apaixonadas" e apostou alto na novela de autor "Celebridade". O SBT investiu na mexicana nacionalizada "Canavial de Paixões". A Rede TV! teve seus momentos com "Betty, a Feia" e "Pedro, o Escamoso".

Outras demandas

Mas o que os programas bem-sucedidos de público e prestígio parecem sinalizar é que há muitas outras demandas de ficção na TV, para além da telenovela, e algumas experiências deveriam ter continuidade. Tentativas de inovar nos formatos mais tradicionais, como "A Turma do Gueto", "Cidade dos Homens", "Cena Aberta" e "Sexo Frágil", serão bem-vindas. É preciso, mais do que encontrar "a fórmula", diversificar as maneiras de fazer ficção na TV.

Talvez a terceira seja que se ouça de forma mais criativa aquilo que os números de audiência vêm dizendo. Os baixos índices dos programas da Xuxa e da Eliana, por exemplo, talvez queiram dizer que a fórmula dos infantis tenha que mudar; por outro lado, uma produção ambiciosa e bem cuidada como "A Casa das Sete Mulheres" ter uma audiência melhor do que o horário faria prever pode significar que o público sabe distinguir boas produções de lixo.

Não é muito, mas se em 2004 isso acontecer, pode ser que a TV comece a mudar. Para melhor.

E-mail: biabramo.tv@uol.com.br
 

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