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Romance de Antonio Callado é o próximo da "Coleção Folha"
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da Folha de S.Paulo
Primeira obra lançada pelo jornalista, dramaturgo e ficcionista Antonio Callado (1917 -1997) após ele ter se aposentado da atividade jornalística, "Reflexos do Baile" inspira-se no turbulento quadro político que se armara no Brasil com a ditadura militar, em especial nos seqüestros de diplomatas.
A visita da rainha da Inglaterra e o translado dos restos mortais de d. Pedro 1º ao país são alguns dos outros fatos transfigurados no romance, o décimo quinto volume da "Coleção Folha Grandes Escritores Brasileiros", que chega às bancas no próximo domingo.
Apesar desse substrato realista, não é uma história de estrutura simples. A dificuldade se deve à forma fragmentária como a narrativa é armada, com o entrelaçamento de diversos pontos de vista, como o de diplomatas, guerrilheiros e policiais. Nenhum deles desponta como principal, e em todos se percebe um alheamento da realidade, como se cada um abarcasse apenas a sua especificidade, lançando um olhar míope a tudo o que o cerca.
Nesse labirinto articulado como em um jogo de espelhos, no qual cada estilhaço lança um reflexo sobre os demais, cabe ao leitor estabelecer os nexos. Trata-se de uma técnica sofisticada, que denota o perfeito domínio formal do autor.
Jornalista e professor
Diplomado em direito, Callado foi redator da BBC de Londres durante a Segunda Guerra Mundial. Ao voltar ao Brasil, trabalhou no "Correio da Manhã" e no "Jornal do Brasil". Foi professor visitante da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, e da Universidade de Columbia, em Nova York.
Como dramaturgo, Callado escreveu peças que fizeram sucesso nos anos 50 e 60, como "Pedro Mico" (1957), que contou com direção de Paulo Francis e cenário de Oscar Niemeyer. No ramo da ficção, destacam-se "A Madona de Cedro" (1957), "Quarup" (1967), "Bar Don Juan" (1971) e "Sempreviva" (1981). Em 1994, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras.
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