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11/09/2000
-
02h58
MARCELO BARTOLOMEI
Coordenador de Ilustrada da Folha Online
Dias atrás ouvi o apresentador José Luís Datena, da Record, dizer por aí que o programa "Cidade Alerta" iria maneirar nas cenas de violência e sangue que costumeiramente apresenta todo dia às seis da tarde na TV.
O pacote sangue-violência-sofrimento pode acabar, mas o sensacionalismo parece que veio para ficar. O que talvez mais impressione seja o jeito "light" para o qual a Globo apelou para ser sensacionalista. Sem sangue, mas com a mesma crueldade que repórteres perguntam "o que o sr. sentiu ao ser assaltado" ou "como é perder seu pai desta maneira".
É a TV realidade. No melhor padrão de produção global, "No Limite" terminou ontem com a mesma cara dos "Cidades Alertas" e "Aqui Agoras" (lembra?) da vida. Mostrou sem corte nem dó o sofrimento das duas últimas sobreviventes da "Praia dos Anjos" na disputa pelo prêmio de R$ 300 mil.
Nos últimos episódios do programa, dava até vontade de participar: as provas eram tão fáceis que todo espectador se sentia apto a participar de "No Limite", afinal, já convive em situações limítrofes com estresse, endividamento financeiro, tristeza, solidão, concorrência, entre outros motivos.
E justamente na finalíssima, o mesmo espectador que deu à Globo um recorde de audiência -visto por mais de 4,1 milhões de pessoas no domingo, dia 03- é obrigado a ver Pipa, a gaúcha candidatíssima ao título, caindo de cima de uma falésia, tentando se superar em sua força física, e chorando por não conseguir completar todas as provas, que foram muito mais difíceis.
O sensacionalismo estava nas câmeras, que registravam depoimentos nem um pouco amigáveis dos perdedores. A própria Andréa, quando foi eliminada, desabafou e jogou lama para todo lado. E então as cenas seguintes foram de um limite máximo no acampamento, de trocas de farpas sobre a sorte de uma e o azar de outra. Ninguém mais se suportava (ainda bem que o programa terminou!).
E além de tudo, o final de "No Limite" foi casual. Elaine sempre foi a mais simpática, a mais "mãezona" de todos do grupo, mas pelo espírito da gincana "da vida real", não merecia ganhar. O discurso que sua condição física em nada interfere é demagogo.
Prova disso é que foi Pipa quem venceu a prova que as levou para a final, contra Juliana e Andréa. Foi Pipa quem gritou antes que todas que havia encontrado no fundo da areia da praia o tal baú que lhe daria a chance de ir para a eliminatória. Ela mesma deixou Elaine para trás várias vezes e, por um acaso da vida -falo em sorte mesmo- tomou dois capotes de ondas na prova em que estava ao mar e perdeu uma chave que deveria entregar a Zeca Camargo, perdendo a vantagem.
Daí sim vem o grande trunfo de Elaine. Como na vida real, vence quem é mais esperto. E a cabelereira se mostrou impetuosa ao escolher que abdicaria da prova que mais fez Pipa sofrer, correrendo pela praia até chegar às falésias e escalar uma delas até encontrar o "elemento terra". E como Pipa havia perdido a tal chave antes, a vantagem de Elaine a deu o direito de pular uma prova.
Com isso, foi realmente a merecedora da vitória, que lhe rendeu o prêmio de R$ 300 mil e um carro zero quilômetro.
E a fórmula, que rendeu audiência à Globo e fama aos participantes, deve ser seguida para a próxima versão do programa, que volta em janeiro de 2001. Ponha-se a refletir: quem sempre vence? A partir disto, você acha que "No Limite" foi mesmo uma "gincana da vida real"?
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Crítica: Final de "No Limite" foi sensacionalista e casual
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Coordenador de Ilustrada da Folha Online
Reprodução de TV Elaine, chorando |
É a TV realidade. No melhor padrão de produção global, "No Limite" terminou ontem com a mesma cara dos "Cidades Alertas" e "Aqui Agoras" (lembra?) da vida. Mostrou sem corte nem dó o sofrimento das duas últimas sobreviventes da "Praia dos Anjos" na disputa pelo prêmio de R$ 300 mil.
Reprodução de TV Com a filha, em SP |
E justamente na finalíssima, o mesmo espectador que deu à Globo um recorde de audiência -visto por mais de 4,1 milhões de pessoas no domingo, dia 03- é obrigado a ver Pipa, a gaúcha candidatíssima ao título, caindo de cima de uma falésia, tentando se superar em sua força física, e chorando por não conseguir completar todas as provas, que foram muito mais difíceis.
Reprodução de TV Elaine, emocionada |
E além de tudo, o final de "No Limite" foi casual. Elaine sempre foi a mais simpática, a mais "mãezona" de todos do grupo, mas pelo espírito da gincana "da vida real", não merecia ganhar. O discurso que sua condição física em nada interfere é demagogo.
Prova disso é que foi Pipa quem venceu a prova que as levou para a final, contra Juliana e Andréa. Foi Pipa quem gritou antes que todas que havia encontrado no fundo da areia da praia o tal baú que lhe daria a chance de ir para a eliminatória. Ela mesma deixou Elaine para trás várias vezes e, por um acaso da vida -falo em sorte mesmo- tomou dois capotes de ondas na prova em que estava ao mar e perdeu uma chave que deveria entregar a Zeca Camargo, perdendo a vantagem.
Reprodução de TV Elaine comemora |
Com isso, foi realmente a merecedora da vitória, que lhe rendeu o prêmio de R$ 300 mil e um carro zero quilômetro.
E a fórmula, que rendeu audiência à Globo e fama aos participantes, deve ser seguida para a próxima versão do programa, que volta em janeiro de 2001. Ponha-se a refletir: quem sempre vence? A partir disto, você acha que "No Limite" foi mesmo uma "gincana da vida real"?
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