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12/01/2004 - 05h54

Italianos criam escola de atores em São Paulo

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PEDRO IVO DUBRA
free-lance para a Folha

A influência exercida pelos diretores italianos nos palcos paulistanos nos anos 40 e 50, via Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), terá ecos no presente a partir de 2004.

A Fondazione Pontedera Teatro, em conjunto com a Secretaria Municipal da Cultura, o Sesc, a Funarte e o Istituto Italiano di Cultura, criará no Brasil a Casa Laboratório para as Artes do Teatro, espaço destinado à formação de atores e produtores.

Com um investimento do instituto e da Região de Toscana de 60 mil euros (cerca de R$ 220 mil) para a primeira etapa da empreitada, o projeto ocupará uma das salas do prédio da Funarte, no bairro de Campos Elíseos, região central de São Paulo. Será ali oferecido um curso gratuito, que terá como objetivo constituir um núcleo brasileiro estável da fundação.

Trata-se do primeiro centro estabelecido pela Pontedera fora de seu país de origem. O porquê da escolha do Brasil? Quando questionado, o diretor italiano Roberto Bacci aponta com o dedo o ator paraense Cacá Carvalho. Ambos trabalham juntos há 15 anos e dividem a responsabilidade artística pela nova instituição, que conta ainda com a coordenação de Carla Pollastrelli, Silvia Pasello, Luca Dini e dois atores da Fondazione Pontedera Teatro.

O intercâmbio entre artistas dos dois países já rendeu encontros e conferências, além de montagens, entre as quais estão as pirandellianas "O Homem com a Flor na Boca" e "A Poltrona Escura". Com a colaboração do Sesc, a fundação também trouxe à cidade, em 1996, o encenador e teórico polonês Jerzy Grotowski (1933-99). O que não havia ainda era uma estrutura escolar estabelecida, capaz de oferecer condições para uma pesquisa continuada.

"Tínhamos o sonho de construir uma ponte entre Itália e Brasil. Tínhamos as duas pilastras, mas faltava construir a ponte. Esperamos que o núcleo esteja ligado à Pontedera da Itália, mas que também seja independente em relação a ela. E precisamos que possam dedicar seu tempo à idéia", afirma Bacci. Para ele, existe aqui "uma espécie de confiança específica" que estimulou o aporte da fundação.

Por ora, haverá a gratuidade do projeto. Numa fase posterior, poderá acontecer a distribuição de bolsas para a manutenção de uma companhia perene.

"Isso serve para estender a outros companheiros a experiência que tive. Com Roberto Bacci, encontrei um mestre, eu, que era órfão de outro mestre, Antunes Filho", diz Carvalho, que participou do aclamado "Macunaíma" (78), do diretor paulistano.

Teoria e prática

No laboratório, serão oferecidas aulas práticas e teóricas. Serão também apresentados, em março, os espetáculos "Il Raglio dell'Asino" e "A Poltrona Escura", produções da fundação. Desta última, antes da temporada paulistana, Cacá Carvalho exibirá 39 sessões na Itália, incluindo, na turnê, a casa do dramaturgo Luigi Pirandello (1867-1936). Bacci, ao longo do programa, deve vir ao Brasil em três ocasiões.

A seleção dos atores será realizada por meio de currículos e testes práticos. A escolha de produtores será feita pela análise curricular e por meio de entrevistas.

Há 12 vagas para intérpretes e dez para os profissionais de produção. O curso para os atores terá início em junho; o destinado a produtores, em março. Destes, três serão enviados à Itália para a conclusão do workshop. A intenção da Pontedera é fazer existir um núcleo organizado e atuante a partir de outubro.

As inscrições já se iniciaram e se estendem até o dia 5/3. Mais informações a respeito das regras e das exigências para ingresso no curso podem ser obtidas pelo telefone do Istituto Italiano di Cultura, 3285-6933.
 

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