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12/09/2000 - 04h00

Cordel abre a porta do sertão pernambucano e mostra sua música

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NANÁ VASCONCELOS, especial para a Folha

Dentro da cena musical pernambucana, o Cordel do Fogo Encantado faz um trabalho distinto daquele da turma do mangue beat -sem desmerecer, é claro, a originalidade de Nação Zumbi, Mundo Livre S/A, Mestre Ambrósio e companhia.

É uma música que a Recife urbana não conhecia, uma música da porta do sertão pernambucano, a cidade de Arcoverde.

O ritmo não se parece com nada do que a gente está ouvindo atualmente. Os meninos trazem consigo uma linguagem sofisticada, uma mistura rítmica que vem do interior e é popular por natureza. O som nasce da variedade da cultura nordestina, de seus cantadores e poetas populares. Mas o que o Cordel faz não é folclore. Sua concepção artística está ligada à
realidade histórica do país.

É uma música que vem do cordel de feira, por exemplo, que fala da safadeza ou da chegada de um Lampião, ao céu ou ao inferno. É uma música que vem do "tropé" (sonoridade dos pés no chão de terra). Enfim, é uma música que nasce das coisas que vêm do sertão, esse é o gol deles.

Há uma energia incrível nessa combinação de ritmos, de levadas, de instrumentos percussivos que casam com o violão e os poemas de Lirinha.
Ao vivo, o grupo apresenta uma forte presença teatral, que tem a ver com as raízes de Arcoverde. Aliás, se o melhor instrumento é o corpo, a voz é o primeiro dos instrumentos.

Quando Lirinha recita seus poemas, ele o faz não porque aprendeu na escola, mas com a vida. Suas letras têm um forte conteúdo emocional, social e ideológico.

Apesar de nunca terem entrado em estúdio, o grupo sabe o que quer musicalmente. Já houve quem lhe sugerisse a inclusão de baixo, sax ou guitarra, mas o Cordel não embarcou no lugar-comum. Aceitei produzir o CD por causa dessa coerência.

Não estou produzindo um produto, mas música. Não importa se o disco vai tocar no rádio, mas se estará conectado com a arte.

Produtor, no Brasil, está mais associado a um produto do que à música. Aqui, sou mais um colaborador, faço parte do time.

Dizer, como já ouvi por aí, que sou "padrinho" do Cordel seria uma típica jogada de marketing de gravadora. Sentiria vergonha. Eles não precisam de "padrinhos" ou "descobridores", porque já o eram, e continuam sendo, o som que são. O que não é pouco.

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