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12/09/2000 - 04h10

John Kay mostra seu kit de sobrevivência em SP

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CLAUDIO JULIO TOGNOLLI, especial para a Folha

O kit de sobrevivência das futuras gerações do rock'n'roll, para fazer frente às novas tecnologias, terá de ser uma criatividade talvez ainda inaudita. Consumidores de rock hoje nivelam seus destinos com mais atrações da mídia e o roqueiro está sendo passado para um terceiro plano. Só os bons herdarão o reino do rock. O autor da filosofia é John Kay, que toca nestas terça e quarta no Olympia, em SP.

O líder cinquentão do Steppenwolf prepara show a incluir desde o primeiro trabalho, homônimo à banda, de 1967, até os mais recentes CDs, "The Lost Heritage Tapes", de 1997, e "All the Greatest Hits", do ano passado. Voz tresnoitada (e pedindo desculpas a cada minuto por estar "bebericando um drinque"), esse alemão que fugiu para o Canadá com seu violão em 1967 concedeu entrevista exclusiva de sua casa, no Tennessee (EUA). "Será um grande espetáculo, nele trago também material de meu álbum solo a ser lançado em março."

Kay está animado com um suposto "revival" da banda. Tudo porque, no ano passado, László Kovacs, diretor de fotografia do filme "Sem Destino" ("Easy Rider") contou-lhe que a nova versão do filme em DVD pulará de 95 minutos para três horas -e com duas faixas do Steppenwolf em estéreo. "Olha, quando começamos, nos anos 60, o adolescente só tinha o rock para lhe atrair. Hoje tem videogames, Internet, Napster. Daqui pra frente, só sobrevirão no rock os mais talentosos." Eis o que ele contou à Folha.

Folha - Por que vocês sobreviveram por tanto tempo?
John Kay -
É impressionante, nossa música atinge ainda tantas platéias que nosso site oficial (www.steppenwolf.com) terá de ter versões em português, espanhol, chinês e russo. Não tenho a fórmula de por que duramos 33 anos. Vamos a lugares por todo o mundo, e crianças sabem nossas letras de cor. Mas aprendemos muito com a banda Greatful Dead. Vendiam milhões de discos, lotavam estádios, sem anúncios nas rádios, tudo porque alimentavam uma relação direta com os fãs. Somos basicamente assim. Tanto que, veja, tocamos em filmes desde "Austin Powers" até "Candy", com Ringo Starr, e "Perigosamente Juntos" ("Legal Eagles"), com Robert Redford, e aparecemos em mais de 40 películas fora de Hollywood.

Folha - Como será o show?
Kay -
Toco nossos maiores sucessos e muita coisa do meu álbum solo que vai sair em março de 2001, cujo título é "Heretics and Privateers". Não quero contaminar o Steppenwolf com esse álbum, que conta histórias muito pessoais e faz críticas sobre a crise social do mundo. Mas vai ser basicamente um show de rock e blues do delta do Mississippi e de Chicago. O Steppenwolf continua uma cápsula do tempo que atrai mais e mais jovens. Talvez seja vontade de contracultura que eles vêem no filme "Easy Rider" e que nos tornou mundialmente conhecidos. Tanto que todos os anos temos de realizar aqui no Tennessee um "Wolf Fest", festival só com músicas nossas endereçado aos fãs mais próximos.

Folha - Algum tipo de música mudou você ultimamente?
Kay -
Não, nem o rap, nem o hip hop, porque nenhum desses estilos vai fazer mudanças drásticas na sociedade como o rock fez nos anos 60 e 70.

Folha - Fale sobre o futuro do rock...
Kay -
Não é brincadeira competir com outras mídias que atraem o jovem. Se o roqueiro não tiver uma atitude autêntica, boas canções, ótimas letras, vai deixar de entreter o jovem, que vai imediatamente se identificar com um videogame ou com um site de Internet. Sobreviverão os roqueiros que transmitirem o real senso do rock: um senso de comunidade, de comunhão entre as pessoas, entre nações. Eu, por exemplo, além do Steppenwolf, amo a música cubana. O espírito é esse.

Show: John Kay e Steppenwolf
Quando: terça e quarta, às 22h
Onde: Olympia (r. Clélia, 1.517, Lapa, tel. 0/xx/11/3675-3999) Quanto: de R$ 30 a R$ 60

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