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12/09/2000
-
04h10
da Folha de S.Paulo
O debate que aconteceu segunda-feira, dia 4, sobre "Quase Nada", nono filme do diretor Sergio Rezende (de "Lamarca"), teve quase tudo: desde a discussão sobre o porquê do título até a antiga polêmica sobre a reserva de mercado para o cinema nacional.
O evento, mediado pelo escritor e colaborador da Folha Marcelo Rubens Paiva, contou com a presença, além do diretor, do professor de cinema da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, Carlos Augusto Calil, de Adhemar Oliveira, diretor de programação do Espaço Unibanco (local do debate), e da produtora do filme, Mariza Leão.
Apresentado por Marcelo Paiva como o cineasta que ficou conhecido por recontar a história do Brasil, Rezende disse ser mais que amante da história, amante de grandes personagens, "brasileiros comuns que tiveram destino incomum". Contou que rodou o filme em três semanas, com um custo mais baixo -R$ 800 mil contra R$ 6 milhões de "Canudos"- e com atores de teatro, desconhecidos do grande público. "Não tenho nada contra atores globais, mas quis dar a impressão de que era um documentário."
Calil resumiu os três episódios como "um livro de contos, que se dedica a narrar a eclosão violenta de sentimentos primários: inveja, medo e ciúme". Depois, detonou a discussão sobre o título: "Sergio nos trai com o título. "Quase Nada", não. É quase tudo".
Oliveira, do Espaço Unibanco, especulou que o "Quase Nada" tenha vindo "da sensação do nada, de isolamento, que quem já viveu no interior, percebe". As histórias do filme são rurais. Alguém da platéia perguntou qual era a razão do título. O diretor disse que se inspirou em um conto de Jorge Luis Borges. "É uma inscrição de uma carruagem na Buenos Aires do início do século que Borges achava um dito perfeito."
O diretor reagiu com ironia à pergunta sobre a viabilidade de produzir filmes pensando no mercado externo. "Nunca acreditei que exista um espaço internacional para o cinema brasileiro, a não ser absolutamente subalterno." Mariza Leão falou das dificuldades de distribuição que o cinema brasileiro ainda enfrenta. "Tenho muita saudade da Embrafilme. O país não assiste a 90% dos filmes brasileiros que passam no Espaço Unibanco", disse.
Leia mais notícias de Ilustrada na Folha Online
Debate sobre "Quase Nada", de Sergio Rezende, teve quase tudo
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O debate que aconteceu segunda-feira, dia 4, sobre "Quase Nada", nono filme do diretor Sergio Rezende (de "Lamarca"), teve quase tudo: desde a discussão sobre o porquê do título até a antiga polêmica sobre a reserva de mercado para o cinema nacional.
O evento, mediado pelo escritor e colaborador da Folha Marcelo Rubens Paiva, contou com a presença, além do diretor, do professor de cinema da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, Carlos Augusto Calil, de Adhemar Oliveira, diretor de programação do Espaço Unibanco (local do debate), e da produtora do filme, Mariza Leão.
Apresentado por Marcelo Paiva como o cineasta que ficou conhecido por recontar a história do Brasil, Rezende disse ser mais que amante da história, amante de grandes personagens, "brasileiros comuns que tiveram destino incomum". Contou que rodou o filme em três semanas, com um custo mais baixo -R$ 800 mil contra R$ 6 milhões de "Canudos"- e com atores de teatro, desconhecidos do grande público. "Não tenho nada contra atores globais, mas quis dar a impressão de que era um documentário."
Calil resumiu os três episódios como "um livro de contos, que se dedica a narrar a eclosão violenta de sentimentos primários: inveja, medo e ciúme". Depois, detonou a discussão sobre o título: "Sergio nos trai com o título. "Quase Nada", não. É quase tudo".
Oliveira, do Espaço Unibanco, especulou que o "Quase Nada" tenha vindo "da sensação do nada, de isolamento, que quem já viveu no interior, percebe". As histórias do filme são rurais. Alguém da platéia perguntou qual era a razão do título. O diretor disse que se inspirou em um conto de Jorge Luis Borges. "É uma inscrição de uma carruagem na Buenos Aires do início do século que Borges achava um dito perfeito."
O diretor reagiu com ironia à pergunta sobre a viabilidade de produzir filmes pensando no mercado externo. "Nunca acreditei que exista um espaço internacional para o cinema brasileiro, a não ser absolutamente subalterno." Mariza Leão falou das dificuldades de distribuição que o cinema brasileiro ainda enfrenta. "Tenho muita saudade da Embrafilme. O país não assiste a 90% dos filmes brasileiros que passam no Espaço Unibanco", disse.
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