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29/01/2004 - 07h47

Arena coloca em cena a sua resistência

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VALMIR SANTOS
da Folha de S.Paulo

Os 50 anos do Teatro de Arena, grupo que surgiu em São Paulo em 1953, fez sua primeira apresentação em um palco com esse formato circular no ano seguinte e, em 1955, encontrou endereço numa loja da rua Teodoro Baiama, no centro, é tema de um livro, do projeto de residência de uma companhia e um de seus fundadores estréia uma peça, com novos grupo e espaço na cidade.

"Sinto-me como se estivesse realizando o mesmo sonho do teatro de grupo daqueles anos 50", afirma José Renato, 77, que vai dirigir "RG", com a cia. A Casa da Comédia, no Teatro dos Arcos.

A Cia. Livre ocupa o teatro homenageado, por um ano, com o projeto "Conta Arena 50 Anos", uma mostra de dramaturgia que abre amanhã.

Já o livro "Teatro de Arena - Uma Estética de Resistência" é de autoria do jornalista e dramaturgo Izaías Almada ("Lembrar É Resistir") e será lançado na terça.

Ele mesmo ex-integrante do Arena, entre 1964-69, Almada permitiu-se entrecruzar suas memórias com a história do grupo que afirmou a importância da dramaturgia nacional, até então preterida em relação aos textos estrangeiros.

O público passou a ser visto em cena, como protagonista. É o caso da greve dos operários em "Eles Não Usam Black-Tie" (1958), de Gianfrancesco Guarnieri. Também foram importantes as peças que ajudaram a entender a história de outra forma, como em "Arena Conta Zumbi" e "Arena Conta Tiradentes".

O mineiro Almada, 61, decidiu escrever o livro quando, em mesas-redondas, ouviu o comentário repisado de que o Arena fazia "um teatro iminentemente político, sectário, partidário, maniqueísta e outros adjetivos".

"Essas classificações me pareciam reducionistas, erros de informação repetidos sobretudo pelos mais jovens", afirma.

O autor foi a campo para dar mais fôlego às memórias. Entrevistou 11 personalidades que tiveram relação direta com a história do Arena, entre elas dramaturgos como Guarnieri, Oduvaldo Viana Filho, Augusto Boal, Chico de Assis, além do crítico Décio de Almeida Prado (1917-2000).

Almada define o depoimento de Almeida Prado, colhido pouco antes de sua morte, como um dos mais importantes do livro. "Foi uma surpresa ouvir do Décio que foi ele quem trouxe a idéia do teatro de arena para o Brasil. Ele tomou conhecimento desse formato de palco em uma conferência que assistiu na França. Trouxe os documentos para sua aula na Escola de Artes Dramáticas e repassou o material para o Zé Renato."

Por isso a experiência de espetáculos em arena veio antes da inauguração do edifício. Até então, as apresentações aconteciam nas salas de exposição do segundo andar do Museu de Arte Moderna, na rua Sete de Abril.

John Herbert, Eva Wilma, Jorge Fischer Jr., Milton Gonçalves, Lélia Abramo, Eugênio Kusnet, enfim, são muitos os artistas que têm sua história vinculada ao grupo, que foi desfeito em meados dos anos 70, e ao espaço, que segue ativo e tentando se reinventar.

"É isso o que propõe este livro, recompondo nossas memórias e ativando, talvez, a esperança de que o teatro recupere o seu espaço e espante para sempre os fantasmas das crises cíclicas que o acompanham", escreve José Renato na apresentação do livro.

TEATRO DE ARENA - UMA ESTÉTICA DE RESISTÊNCIA
Autor:
Izaías Almada
Editora: Boitempo
Quanto: R$ 29 (159 págs)
Lançamento: dia 3/2, às 18h30, na Livraria Cultura (av. Paulista, 2.073)

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