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29/01/2004 - 08h03

Ator Diego Luna ultrapassa fronteiras mexicanas

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SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo

"Sabe quando você chega a um lugar e encontra uma família igualzinha à sua, só que com outros nomes? É desse jeito que me senti em São Paulo. Estou certo de que vou encontrar na rua um clone meu, minha versão brasileira."

A identificação imediata do ator mexicano Diego Luna, 24, com o Brasil em sua primeira visita ao país, ocorrida neste mês, serviu como uma motivação a mais para filmar a co-produção entre Brasil e México "Sólo Dios Sabe" (Só Deus Sabe), que terá locações nos dois países.

As primeiras cenas do longa, com direção de Carlos Bolado ("Promessas de um Mundo Novo"), foram feitas em Salvador. Elas correspondem ao desfecho da história assentada no romance entre o jornalista mexicano Damián (Luna) e a estudante brasileira Dolores (Alice Braga).

Começar pelo fim é uma estratégia que agrada o ator. "Uma vez que você sabe o final, não divaga muito no percurso. Todos já sabemos onde vamos chegar", diz. Para a produção do filme, assinada no Brasil pela Dezenove Som e Imagens, a decisão de dar a partida nas filmagens pelo ponto final do filme tem caráter técnico --a aparência dos atores deve mudar ao longo da história, para denotar a passagem do tempo.

Damián "é um jornalista em início de carreira, que trabalha num jornal pobre, onde faz sempre o que ninguém quer fazer", na descrição de Luna. Por ser "desprendido e místico, abandona tudo para seguir Dolores".

O aspecto religioso do personagem acentuará sua conexão com o Brasil. Daí as filmagens na Bahia, onde Diego Luna assistiu a rituais de candomblé.

Projetos

Além de filmar "Sólo Dios Sabe", o ator trabalhará neste ano na divulgação de dois longas a estrear: "Criminal", refilmagem norte-americana do sucesso argentino "Nove Rainhas", de Fabián Bielinsky, que tem produção de Steven Soderbergh, e "Terminal", uma superprodução de Steven Spielberg.

Em "Criminal", Luna faz o papel que corresponde ao do "bandido bom", interpretado em "Nove Rainhas" por Gaston Pauls.

Na adaptação da história, ele é "um mexicano da primeira geração de imigrantes vivendo em Los Angeles". No longa de Spielberg, o ator interpreta um funcionário do aeroporto onde a história se desenrola.

Os convites para produções internacionais começaram a surgir para Luna depois do sucesso internacional do longa "E Sua Mãe Também", do mexicano Alfonso Cuarón. Luna diz que o filme mudou suas perspectivas.

"Viajei com o filme, pude mostrar meu trabalho fora do México. Comecei a ler outros tipos de roteiro e me dei conta de que, se quisesse continuar atuando, teria que me mexer."

O ator diz que, para assinar os primeiros contratos internacionais, precisou vencer um certo medo. "O mais fácil é acomodar-se, mas é preciso sair do lugar. Agora atuo em inglês e estou tentando aperfeiçoar meu sotaque. Neste novo filme ["Sólo Dios Sabe"], terei de aprender também o português. São desafios que preciso encarar, para simplesmente ter mais opções. Se um país produz apenas dez filmes por ano, não se pode viver disso."

O país em questão é o México, que atravessa uma crise na produção cinematográfica, agravada no fim do ano passado pela retirada de financiamentos estatais às atividades do instituto nacional de cinema.

"Em nosso país, a cultura está abandonada. Cada vez mais, são os financistas que nos governam. Somos conhecidos por nossa cultura --nossa pintura, nosso cinema, nossa música-- e pela corrupção. O governo tem se empenhado para que sejamos conhecidos por apenas um desses aspectos", diz.
 

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