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30/01/2004
-
05h20
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Folha de S.Paulo
A indústria fonográfica finalmente captura o hip hop nacional, e o faz no feminino: a Universal contratou ontem a rapper Negra Li, 24, nascida e domiciliada na Vila Brasilândia, na zona Norte paulistana.
É o primeiro caso de contratação de um rapper por uma multinacional após a rápida e acidentada passagem de Xis pela Warner. Negra Li, codinome de Liliane de Carvalho, é a primeira mulher nessa situação --a carioca Nega Gizza ganhou notoriedade nacional em 2002, mas em produção independente.
O diretor artístico da Universal, Max Pierre, diz que a atenção da gravadora foi despertada pela participação de Negra Li no "Acústico MTV" do Charlie Brown Jr. e num encontro musical com Zeca Pagodinho. Antes disso, ela atuara, ao longo dos últimos oito anos, junto ao grupo paulistano de rap RZO --nenhuma gravadora notou.
"Ela tem uma força que a gente não vê no hip hop nacional. Pode vir a ser uma Beyoncé, uma Erykah Badu", diz Pierre, já procurando transcender a ligação da artista com o hip hop.
Fã de jazz, samba, black music, MPB, Elis Regina e Lauryn Hill, Negra Li adota postura cuidadosa: "Meu grande sonho, que é fazer meu disco solo, não está concretizado. Ainda estou estudando música, teoria musical, aprendendo a compor".
É que ela impôs à Universal um contrato em dupla, com o rapper (nascido na Bahia) Helião, 35, líder do RZO agora de saída do grupo. Contrariando a idéia inicial da Universal, os dois deverão assinar o primeiro trabalho como Helião & Negra Li.
"Vamos respeitar o que eles falam. A idéia é dar acabamento ao discurso deles", diz Pierre.
O NÃO-LANÇAMENTO
A imagem que ficou do Trio Esperança foi a de um grupo infanto-juvenil que, na jovem guarda dos 60, cantava bobeiras como "Festa do Bolinha" e "Gasparzinho". Pois depois a (grande) cantora Evinha saiu para carreira solo e o trio seguiu adiante, com os manos Mário, Regininha e Marizinha. Entre seus afiados LPs estava este "Trio Esperança", de 74, com riquezas do samba-soul como "Arrasta a Sandália", "Replay" ("é gol/ o meu time é a alegria da cidade") e "Vamos Sacudir". O liquidificador batia até marchinha de Carnaval ("Ta-Hi!") e rock rural ("Zepelin", lançado por Sá, Rodrix & Guarabyra). Era supimpa. Os irmãos Corrêa se exilaram na Europa. O catálogo é Odeon, a proprietária é a EMI.
COMITIVA HIP HOP
O rapper carioca MV Bill e seu empresário, Celso Athayde, arquitetam visita do hip hop ao presidente Lula, com intermediação de Frei Betto e dos políticos petistas Aloizio Mercadante e Jorge Bittar. O grupo tenta agendar o encontro para início de fevereiro.
27 ESTADOS
Bill e Athayde querem enviar a Brasília representantes do movimento em 27 Estados (por São Paulo, iriam Rappin" Hood e Ferréz). "Tivemos reuniões com Lula quando ele era candidato. Como presidente, não nos acenou nada até agora. Queremos saber se acha que o movimento tem alguma importância ou se somos bandidos", diz Athayde.
OURO REBAIXADO
Índice de crise, a classificação de discos de ouro, platina e diamante pela ABPD caiu pela metade. Antes, quem vendia 100 mil cópias levava disco de ouro --agora precisa vender só 50 mil. "De forma alguma é rebaixamento, a música brasileira continua forte", diz o diretor-geral da ABPD, Paulo Rosa, explicando que se trata de adaptação normal ao novo tamanho do mercado.
E-mail: psanches@folhasp.com.br
Ruído: Negra Li na indústria
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da Folha de S.Paulo
A indústria fonográfica finalmente captura o hip hop nacional, e o faz no feminino: a Universal contratou ontem a rapper Negra Li, 24, nascida e domiciliada na Vila Brasilândia, na zona Norte paulistana.
É o primeiro caso de contratação de um rapper por uma multinacional após a rápida e acidentada passagem de Xis pela Warner. Negra Li, codinome de Liliane de Carvalho, é a primeira mulher nessa situação --a carioca Nega Gizza ganhou notoriedade nacional em 2002, mas em produção independente.
O diretor artístico da Universal, Max Pierre, diz que a atenção da gravadora foi despertada pela participação de Negra Li no "Acústico MTV" do Charlie Brown Jr. e num encontro musical com Zeca Pagodinho. Antes disso, ela atuara, ao longo dos últimos oito anos, junto ao grupo paulistano de rap RZO --nenhuma gravadora notou.
"Ela tem uma força que a gente não vê no hip hop nacional. Pode vir a ser uma Beyoncé, uma Erykah Badu", diz Pierre, já procurando transcender a ligação da artista com o hip hop.
Fã de jazz, samba, black music, MPB, Elis Regina e Lauryn Hill, Negra Li adota postura cuidadosa: "Meu grande sonho, que é fazer meu disco solo, não está concretizado. Ainda estou estudando música, teoria musical, aprendendo a compor".
É que ela impôs à Universal um contrato em dupla, com o rapper (nascido na Bahia) Helião, 35, líder do RZO agora de saída do grupo. Contrariando a idéia inicial da Universal, os dois deverão assinar o primeiro trabalho como Helião & Negra Li.
"Vamos respeitar o que eles falam. A idéia é dar acabamento ao discurso deles", diz Pierre.
O NÃO-LANÇAMENTO
A imagem que ficou do Trio Esperança foi a de um grupo infanto-juvenil que, na jovem guarda dos 60, cantava bobeiras como "Festa do Bolinha" e "Gasparzinho". Pois depois a (grande) cantora Evinha saiu para carreira solo e o trio seguiu adiante, com os manos Mário, Regininha e Marizinha. Entre seus afiados LPs estava este "Trio Esperança", de 74, com riquezas do samba-soul como "Arrasta a Sandália", "Replay" ("é gol/ o meu time é a alegria da cidade") e "Vamos Sacudir". O liquidificador batia até marchinha de Carnaval ("Ta-Hi!") e rock rural ("Zepelin", lançado por Sá, Rodrix & Guarabyra). Era supimpa. Os irmãos Corrêa se exilaram na Europa. O catálogo é Odeon, a proprietária é a EMI.
COMITIVA HIP HOP
O rapper carioca MV Bill e seu empresário, Celso Athayde, arquitetam visita do hip hop ao presidente Lula, com intermediação de Frei Betto e dos políticos petistas Aloizio Mercadante e Jorge Bittar. O grupo tenta agendar o encontro para início de fevereiro.
27 ESTADOS
Bill e Athayde querem enviar a Brasília representantes do movimento em 27 Estados (por São Paulo, iriam Rappin" Hood e Ferréz). "Tivemos reuniões com Lula quando ele era candidato. Como presidente, não nos acenou nada até agora. Queremos saber se acha que o movimento tem alguma importância ou se somos bandidos", diz Athayde.
OURO REBAIXADO
Índice de crise, a classificação de discos de ouro, platina e diamante pela ABPD caiu pela metade. Antes, quem vendia 100 mil cópias levava disco de ouro --agora precisa vender só 50 mil. "De forma alguma é rebaixamento, a música brasileira continua forte", diz o diretor-geral da ABPD, Paulo Rosa, explicando que se trata de adaptação normal ao novo tamanho do mercado.
E-mail: psanches@folhasp.com.br
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