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30/01/2004
-
06h31
LAURA MATTOS
da Folha de S.Paulo
O filme mal começa, e a primeira frase já diz tudo: "Como é que entra nesse Oi Pegação?". É uma das patricinhas de "Um Show de Verão" (que estréia hoje nos cinemas), exibindo seu celular da marca Oi, o primeiro merchandising a circular pela trama.
Protagonizado pelos apresentadores globais Angélica e Luciano Huck, o longa mostra o outro lado do "Brasil que vai ao Oscar". Busca faturamento, não prêmios.
"Um Show de Verão" é mais um produto de Diler Trindade, 60, titular de algumas das maiores bilheterias do cinema nacional (filmes de Xuxa, Renato Aragão e padre Marcelo Rossi).
Conhecido por conceber seus longas de maneira "industrial", Trindade agora mira o espectador adolescente --o maior filão de Hollywood--, pouco explorado pelas produções brasileiras.
"Era publicitário quando vi "Bete Balanço" [1984] e decidi fazer cinema. Sempre quis produzir para jovens, mas o cinema brasileiro não tinha essa cultura na época. Também tive dificuldades em encontrar um ícone dos adolescentes. Acabei partindo para os infantis com a Xuxa", diz Trindade.
O produtor realizou uma tentativa em 1990, com "Sonho de Verão" e suas paquitas apimentadas. "Os adolescente até podiam ter aversão às paquitas, adoradas pelas crianças. Mas iam ao cinema para vê-las de biquíni." O filme teve 2,8 milhões de espectadores.
Em 2002, outro longa com temática jovem estreou no Brasil, "Houve uma Vez Dois Verões", de Jorge Furtado. Foi sucesso de crítica, fracasso de público.
Para Trindade, que prefere o resultado inverso, o público jovem torna-se cada vez mais atraente para o emergente mercado cinematográfico brasileiro, e este poderá ser um nicho poderoso.
"Os americanos sabem bem aproveitar esse espectador. "American Pie", por exemplo, é um sucesso, mas é péssimo e não tem nada a ver com a nossa cultura."
André Mantovani, diretor-geral da MTV Brasil, também acredita no potencial do mercado cinematográfico para o espectador jovem. O canal irá rodar neste ano seu primeiro longa, direcionado a esse segmento. "Há uma demanda que acaba sendo preenchida pelos americanos. Nossa concorrência será a desses filmes", diz.
Para Mantovani, os veículos de comunicação brasileiros relutam em investir em produtos para esses consumidores. "Mesmo na TV são poucas as opções. A dificuldade existe porque é um público muito segmentado, com linguagem específica", afirma.
Para maiores
Rodado com R$ 2,8 milhões, "Um Show de Verão" estréia em 150 salas e verba de R$ 1,2 milhão para divulgação. A direção é de Moacyr Góes ("Xuxa em Abracadabra" e "Maria - A Mãe do Filho de Deus") e o roteiro é de Flávio de Souza ("Ilha Rá-Tim-Bum"). Conta a história de uma garota suburbana, Andréa (Angélica), que se torna cantora famosa.
A saga é entrecortada por nada mais nada menos que 12 clipes, uns teens (CPM 22, Detonautas), outros nem tanto (Capital Inicial, Lulu Santos). Tem no elenco José Mojica Marins e Marcos Mion.
Com alguns seios de fora, o filme foi classificado pelo governo para maiores de 14 anos. O produtor recorreu, mas ontem o "Diário Oficial" da União publicou a decisão de manter a classificação. Uma péssima notícia para a nascente indústria de cinema teen.
Comercial declarado, "Um Show de Verão" mira os teens
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da Folha de S.Paulo
O filme mal começa, e a primeira frase já diz tudo: "Como é que entra nesse Oi Pegação?". É uma das patricinhas de "Um Show de Verão" (que estréia hoje nos cinemas), exibindo seu celular da marca Oi, o primeiro merchandising a circular pela trama.
Protagonizado pelos apresentadores globais Angélica e Luciano Huck, o longa mostra o outro lado do "Brasil que vai ao Oscar". Busca faturamento, não prêmios.
"Um Show de Verão" é mais um produto de Diler Trindade, 60, titular de algumas das maiores bilheterias do cinema nacional (filmes de Xuxa, Renato Aragão e padre Marcelo Rossi).
Conhecido por conceber seus longas de maneira "industrial", Trindade agora mira o espectador adolescente --o maior filão de Hollywood--, pouco explorado pelas produções brasileiras.
"Era publicitário quando vi "Bete Balanço" [1984] e decidi fazer cinema. Sempre quis produzir para jovens, mas o cinema brasileiro não tinha essa cultura na época. Também tive dificuldades em encontrar um ícone dos adolescentes. Acabei partindo para os infantis com a Xuxa", diz Trindade.
O produtor realizou uma tentativa em 1990, com "Sonho de Verão" e suas paquitas apimentadas. "Os adolescente até podiam ter aversão às paquitas, adoradas pelas crianças. Mas iam ao cinema para vê-las de biquíni." O filme teve 2,8 milhões de espectadores.
Em 2002, outro longa com temática jovem estreou no Brasil, "Houve uma Vez Dois Verões", de Jorge Furtado. Foi sucesso de crítica, fracasso de público.
Para Trindade, que prefere o resultado inverso, o público jovem torna-se cada vez mais atraente para o emergente mercado cinematográfico brasileiro, e este poderá ser um nicho poderoso.
"Os americanos sabem bem aproveitar esse espectador. "American Pie", por exemplo, é um sucesso, mas é péssimo e não tem nada a ver com a nossa cultura."
André Mantovani, diretor-geral da MTV Brasil, também acredita no potencial do mercado cinematográfico para o espectador jovem. O canal irá rodar neste ano seu primeiro longa, direcionado a esse segmento. "Há uma demanda que acaba sendo preenchida pelos americanos. Nossa concorrência será a desses filmes", diz.
Para Mantovani, os veículos de comunicação brasileiros relutam em investir em produtos para esses consumidores. "Mesmo na TV são poucas as opções. A dificuldade existe porque é um público muito segmentado, com linguagem específica", afirma.
Para maiores
Rodado com R$ 2,8 milhões, "Um Show de Verão" estréia em 150 salas e verba de R$ 1,2 milhão para divulgação. A direção é de Moacyr Góes ("Xuxa em Abracadabra" e "Maria - A Mãe do Filho de Deus") e o roteiro é de Flávio de Souza ("Ilha Rá-Tim-Bum"). Conta a história de uma garota suburbana, Andréa (Angélica), que se torna cantora famosa.
A saga é entrecortada por nada mais nada menos que 12 clipes, uns teens (CPM 22, Detonautas), outros nem tanto (Capital Inicial, Lulu Santos). Tem no elenco José Mojica Marins e Marcos Mion.
Com alguns seios de fora, o filme foi classificado pelo governo para maiores de 14 anos. O produtor recorreu, mas ontem o "Diário Oficial" da União publicou a decisão de manter a classificação. Uma péssima notícia para a nascente indústria de cinema teen.
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