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02/02/2004 - 10h26

Escuta aqui: Gênio do pop revela a fórmula do sucesso

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ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
Colunista da Folha de S.Paulo

Lápis e papel na mão. Um dos maiores compositores pop, Mike Stock, vai dar a fórmula do sucesso (se você não for músico, paciência. Prometo que, nos parágrafos seguintes, o texto fica mais interessante).

Diz ele: "Se você estiver na escala de dó, comece em fá maior e aí finalize em dó. Depois de tocar o fá, suba o tom para sol, mas continue marcando o baixo em fá. Isso cria tensão --e a música já começa a atrair. Aí você cai para mi menor e depois para lá menor. No final, se for o caso, você vai para dó".

Quem toca algum instrumento sabe que existem uns 5 milhões de músicas com essa seqüência de acordes. Quando liguei para o músico, jornalista e brother desta coluna Cássio Leite Vieira, ele deu uma de João Gilberto e tocou várias para mim ao telefone. Como, então, fugir do lugar-comum? Voltamos a Mike Stock: "Uso muito esses acordes. A chave é como ser criativo dentro dos limites que eles me impõem".

Mike Stock é do trio Stock, Aitken e Waterman, que dominou o cenário pop nos anos 80. Mais ou menos como os Neptunes hoje.

Só duas descobertas de Stock, Aitken e Waterman já bastariam para justificar a presença deles no mundo: a dupla pop-new wave Bananarama e a deusa australiana Kylie Minogue. É deles, por exemplo, "I Should Be So Lucky", o primeiro sucesso grandioso de Kylie.

As dicas de Stock estão numa entrevista para a revista britânica de notícias científicas "New Scientist", que fez há algumas semanas um especial sobre música.

Os "insights" do cara são fortes.

"Noventa por cento de minhas canções começam com um título que resume a idéia por trás da música. Pode ser uma frase que ouvi, daquelas que pegam, instigam. Às vezes a própria frase já sugere um ritmo. Seria difícil compor "I Should Be So Lucky" como valsa."

"Para mim, só existem duas canções: as em que você está triste e as em que você está alegre. De saída, essas são as restrições. É tudo uma questão de reescrever o que é familiar, e essa imposição me torna mais criativo."

"Eu sinto quando estou diante de um sucesso. Quando escuto um pela primeira vez, já detecto padrões antes mesmo de notar o que diz a letra. Eu percebo padrões de notas e o ritmo das palavras. Fico arrepiado. Nem sei como é a letra, mas a canção me toca. É quase subliminar."

Por fim, Stock faz uma profissão de fé na ourivesaria pop.

"Eu me vejo como alguém que serve ao público, e não que tenta impor suas idéias. Com o Blur, ou com o Oasis, é o ouvinte que tem de entrar no mundo deles. Mas no meu mundo, que é puro pop, as canções é que vão ao encontro das pessoas. Profissionalmente, eu não tento compor de acordo com meu gosto, mas, sim, com o gosto do artista e de seu público. Passo o tempo todo pensando em como cativar as pessoas, dar prazer, entusiasmo, emoção."

Mike Stock, 53. Esse é o cara.

BRASAS

Fornalhas em fogo - 1

Recomendada na coluna, a dupla americana Fiery Furnaces chamou a atenção do leitor Gabriel Garcia, 16. Gabriel mandou um e-mail para eles, perguntando se o disco novo, "Gallowsbird's Bark", sairia no Brasil e se eles tinham planos de vir tocar aqui. Mandou por mandar, mas aí veio a surpresa.

Fornalhas em fogo - 2

Os Fiery Furnaces responderam ao Gabriel! Elogiaram o inglês dele, escreveram todas as gentilezas de praxe e ainda sabiam que São Paulo estava fazendo 450 anos! É bacana ou não é? O site das peças: www.thefieryfurnaces.com. Não se esqueça: a pronúncia é "Fáieri Fârnaces". Pode contar para os amigos que foi você que descobriu.

Inglês tosco - 1

Na semana passada, caiu na minha mão o relato de um caso que envolve um jornalista brasileiro acusado de plagiar texto de uma pesquisadora americana. O que me mandaram foi uma longa troca de e-mails entre o brazuca e sua possível vítima. Além de o caso, se verdadeiro, ser escabroso, o mais chocante é o inglês desse mané.

Inglês tosco - 2

Não que se esperem conhecimentos shakespeareanos de um brasileiro comum. Ele trabalhava em um grande órgão de imprensa e tinha cargo de responsabilidade. A figura deveria ter um inglês, pelo menos, passável. Mas, nesse caso, a única coisa que ele passou foi ridículo.

CD PLAYER

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"Beautiful Collision", Bic Runga

Metade maori, metade chinesa, Bic Runga é cantora de voz forjada no céu, uma Natalie Imbruglia mais madura. Esse já é o disco mais vendido da história da Nova Zelândia. Parece piada, mas, nesse caso, pode levar a sério.

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"Election Night", Bic Runga

Se você quiser procurar uma faixa só na internet, vá nessa aqui. O arranjo tem ares de trip-hop, algo melancólico. E Bic Runga soa muito parecida com Harriet Wheeler, dos Sundays, de quem o povo do meu tempo lembra-se bem.

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"Born Too Slow", The Crystal Method

Essa dupla conhece o caminho que une o rock e a música eletrônica. O mesmo caminho no qual o Prodigy, ao que tudo indica, se perdeu. A faixa tem participação de Wes Borland, ex-Limp Bizkit (saiu porque pensava demais).

Álvaro Pereira Júnior, 40, é editor-chefe do "Fantástico" em São Paulo. E-mail: cby2k@uol.com.br
 

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