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13/09/2000 - 04h08

Greg Osby põe seu sax a serviço da fusão no jazz

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EDSON FRANCO, da Folha de S.Paulo

Na noite em que o saxofonista Greg Osby, 40, e o trompetista Irving Mayfield, 22, dividirão o palco do Free Jazz Festival, o espaço New Directions (novas direções) vai fazer jus a seu nome.

Esses músicos são legítimos representantes da geração conhecida como "young lions" (jovens leões), músicos que elegem a técnica e o completo domínio sobre o instrumento como meta e têm na Escola de Música Berkley, de Boston, seu Vaticano.

Apesar de respeitarem os ditames da tradição, eles não têm receio de misturar o jazz com estilos musicais contemporâneos ou vindos de outros países.

Principal atração da noite -19 de outubro no Rio e no dia seguinte em São Paulo-, Greg Osby começou tocando em grupos de blues, funk e rhythm and blues. "No início, eu achava o jazz muito sofisticado e além das minhas capacidades musicais", disse o saxofonista, por telefone, de sua casa de campo na Pensilvânia.

Para conseguir tocar como seus ídolos na época -Charlie Parker e Cannonball Adderley-, ele teve de passar dois anos em um banco da Universidade Howard, em Washington. Depois, inevitável, estudou um tempo na Berkley.

"Na primeira, eu tive aulas de saxofone clássico e aprendi a dominar o instrumento. Dediquei meus anos na Berkley a estudar composição."
Apesar de usar a racionalidade para atingir seus objetivos musicais, Osby aponta motivos para lá de instintivos na hora de explicar por que escolheu o alto entre a família de saxofones.

"Ele tinha o tamanho certo para mim. O tenor é muito grande e tem um som que lembra um homem velho falando. Já o alto parece o canto de uma linda mulher."

Terminados seus anos na Berkley, Osby passou a emprestar seu sopro para músicos como Herbie Hancock, Jack DeJohnette, Geri Allen e Cassandra Wilson. Juntando o passado pop, a educação formal e a experiência com esses músicos, é natural que Osby tenha resolvido fundir o jazz com estilos contemporâneos desde seu primeiro disco solo ("Greg Osby and Sound Theater", de 1987).

No disco seguinte ("Mind Games", de 88), surpresa: o saxofonista resolveu mergulhar seu jazz em águas brasileiras. "Na época, eu estava saindo com uma brasileira, que me apresentou a música maravilhosa de João Gilberto, Gilberto Gil, Djavan e Milton Nascimento. Além disso, eu já estava tocando com Naná Vasconcelos, que influenciou muito a concepção rítmica daquele disco."

Osby chega aos dias atuais explorando até formas novas de gravação. Em seu disco "Banned in New York", de 1988, ele levou sua banda a um estúdio, ligou o gravador e improvisou por uma hora, sem intervalos entre uma música e outra.

Nos shows, o improviso sem limites também chega à forma como as músicas são executadas. O tema pode aparecer só no meio, a ordem dos solos pode mudar. Tudo depende de sinais que Osby dá para sua banda no palco.

"Detesto me repetir. Gosto de estar sempre mudando para manter a minha banda na ponta dos pés. Se não for assim, os músicos ficam preguiçosos.
É por isso que eu toco jazz, e não pop ou outro estilo cujo público queira ouvir sempre as mesmas coisas."

Com seu sopro, Osby ajuda a espanar a poeira do jazz e dá arrepios nos puristas. Para eles, o saxofonista dá a sua definição do estilo: "O jazz é a forma mais imediata de expressão pessoal por meio da arte. Nele, tudo é imediato. Você está muito mais exposto do que qualquer outro artista".

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