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04/02/2004 - 04h30

Lixomania revigora raízes do punk rock

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JEAN CANUTO
free-lance para a Folha de S.Paulo

Após duas décadas longe do movimento que ajudou a consolidar no Brasil a partir do final da década de 70, o punk, a banda Lixomania volta à labuta com formação clássica.

Formada em 1979 sob influências de Sex Pistols, The Clash e Stiff Little Fingers, a banda foi a primeira a lançar um registro individual no Brasil, o compacto "Violência e Sobrevivência", que ganha relançamento pelo selo japonês Speed State.

O nome surgiu devido a comentários de amigos, parentes e vizinhos, que conferiam por tabela ou não a barulheira que o quarteto fazia. "'Que lixo é este que vocês estão tocando?', diziam. Não deu outra, coloquei o nome de Lixomania", conta Adalto, baixista da banda.

A primeira grande exposição aconteceu no mundialmente repercutido festival O Começo do Fim do Mundo, realizado em novembro de 1982 no Sesc Pompéia, em São Paulo. O evento revelou ao país uma juventude revoltada, que encontrou na guitarra, baixo e bateria (e berros) uma forma de expressar sua indignação.

A participação no festival rendeu à Lixomania uma faixa no LP homônimo comemorativo lançado após o festival.

Devido às brigas e confusões que abraçaram os primeiros anos do movimento, a banda encerrou precocemente as atividades, em 1983. "Depois de uma pancadaria que rolou durante nosso show no extinto programa 'Fábrica do Som', da TV Cultura, vimos que não dava mais, virou guerra de gangues ", explica o baterista Miro de Melo.

Pouco antes disso, o grupo tratou de acrescentar mais uma efeméride à sua curta trajetória: a de tornar-se um dos primeiros grupos a levar o punk paulista para outros estados.

"Lembro de um show surreal que fizemos no Circo Voador, no Rio, em que os Paralamas [do Sucesso] abriram pra gente", lembra Melo.

O baterista revela que a banda chegou a receber proposta de uma grande gravadora na época, mas teria que incorporar teclados ao som. "Não rolou", desconversa. Aproveita ainda para apontar que muitas bandas que fizeram sucesso no boom do rock brasileiro oitentista deram bons goles na fonte punk. "Basta prestar atenção em algumas músicas de grupos como o Camisa de Vênus, Ultraje a Rigor, Plebe Rude, Titãs, Legião Urbana e Capital Inicial", alfineta.

Hoje já grisalhos e mais roliços, os integrantes da Lixomania seguiram rumos diversos até o reencontro. O baterista Miro de Melo, 42, permaneceu trabalhando com música, comandando o 365. O guitarrista Tikinho, 41, trabalha com imóveis. Já o vocalista Moreno, 46, tornou-se publicitário, e o baixista Adalto, 44, é prestador de serviços gerais.

Já ensaiaram reativar o grupo algumas vezes, mas voltaram atrás sobretudo para preservarem o passado e o nome da banda de uma possível descaracterização.

O empurrão que faltava veio com o convite especial para duas apresentações no festival O Fim do Mundo, no Tendal da Lapa, no final de 2002. Logo depois passaram a fazer ensaios regulares e tocaram para um seleto grupo de pessoas em uma tradicional festa punk no Hangar 110.

Tikinho frisa que a banda não mudou nada. "Só ficamos mais chatos no sentido de ter uma estrutura melhor para tocar. Queremos fazer um show com mais qualidade para o público", finaliza Moreno.

Os punks não morreram.
 

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