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08/02/2004 - 09h12

Novo CD de Norah Jones marca retorno melancólico

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CARLOS CALADO
Enviado especial da Folha de S.Paulo a Nova York

Quem a visse entrando no escritório da gravadora EMI, na imponente Quinta Avenida, em Nova York, na última segunda-feira, dificilmente notaria que aquela era Norah Jones, a cantora e compositora de 24 anos, cujo álbum de estréia, "Come Away With Me", já vendeu mais de 18 milhões de cópias no mundo desde 2002. Sem falar nos cinco prêmios Grammy que ela levou para casa, no ano passado.

"Acho ótimo que não me reconheçam na rua, porque é muito bom poder ser normal. Não ligo muito para a minha imagem", disse ela à Folha, pouco depois, usando jeans, cabelos presos e os mesmos óculos pretos com os quais aparece só na contracapa de "Feels like Home", seu novo CD que chega às lojas brasileiras amanhã, em lançamento simultâneo com o mercado internacional.

Segundo a revista norte-americana "Billboard", a expectativa do mercado é de que o novo trabalho de Norah seja o primeiro grande sucesso de 2004, nos EUA. Grandes cadeias de lojas prevêem que o álbum deve alcançar o primeiro lugar nas paradas logo na primeira semana de exposição.

Curiosamente, Norah diz que não compartilha dessa expectativa. "Não sou ingênua. Sei que este disco não vai vender 18 milhões de cópias. Se as pessoas gostarem, ótimo. Se não gostarem, tudo bem, porque fiz o disco que eu deveria fazer", diz ela, às vésperas de ver seu carisma musical ser novamente testado nas lojas.

Uma declaração como esta pode até soar arrogante, mas qualquer um que já tenha visto a tímida Norah Jones em cena, cantando sentada atrás de seu piano, sabe que ela é uma dessas artistas transparentes.

Talvez venha daí a sensação de sinceridade que ela costuma transmitir em suas canções suaves e singelas, com as quais conquistou um público de diferentes faixas etárias, pouco interessado nas poses excessivamente erotizadas de cantoras pop da mesma geração de Norah, como Britney Spears, Christina Aguilera ou Beyoncé.

Demonstrando valorizar mais a música do que o marketing, Norah fez questão de que as gravações do novo disco não fossem prejudicadas pelos planos de vendas. "A gravadora adoraria que o álbum estivesse nas lojas antes do final do ano, mas eu não agüentaria fazer tudo na correria", conta, lembrando que 11 das 13 canções do álbum começaram a ser gravadas em abril do ano passado. "Só voltamos ao estúdio em novembro para finalizar o álbum, depois de tocar durante todo o verão."

Mais do que por referências que aparecem em algumas canções do disco, segundo Norah, o título "Feels like Home" tem a ver com o fato de continuar trabalhando com os mesmos músicos do primeiro CD. "Já viramos uma pequena família. Estar junto com essa banda faz com que eu me sinta em casa", justifica.

E como Norah compararia o novo disco com o primeiro? "Acho que esse álbum é uma progressão natural do anterior. É um retrato preciso do que eu e a banda estamos fazendo agora", sintetiza, dizendo-se "feliz com o resultado". "Acabou saindo até melhor do que eu imaginava. Eu não poderia fazer nada diferente", completa.

A timidez da cantora volta a se manifestar quando o assunto é a gravação de "Melancholia", composição do lendário jazzista Duke Ellington (1899-1974), para a qual escreveu uma letra, quatro anos atrás. Norah chegou a cantá-la em shows, mas sentiu vergonha de pedir autorização à família do compositor para gravá-la no primeiro disco.

"Não é fácil escrever versos para uma música que foi composta 50 anos atrás por alguém como Duke Ellington, que nem está mais aqui para aprovar ou não a letra. Eu espero que ela não ofenda ninguém", desculpa-se, contando que ficou surpresa quando Bruce Lundvall, o presidente de sua gravadora, a Blue Note, surgiu com a permissão, pedindo que ela a incluísse no novo disco.

Apesar do interesse que revela por canções mais tristes, Norah garante que esse não é um reflexo de sua personalidade. "É engraçado, isso acontece, mas não sei explicar o porquê. Se você ouvir meu primeiro disco, pode mesmo achar que eu sou uma pessoa melancólica, mas eu realmente não sou assim. Embora goste de músicas calmas e doces, às vezes eu sou até bem vibrante", diz, rindo.

Quanto à sua primeira vinda ao Brasil, que chegou a ser anunciada em 2002, ela não faz mais promessas. "Devíamos ter ido no final do ano passado, mas estávamos cansados do primeiro disco e achei que não seria justo com o público tocar só o material novo."

"O Brasil é um lugar que eu morro de vontade de conhecer e quero fazer isso com tempo livre para ficar alguns dias de folga", diz ela, reafirmando sua condição de "fã de Elis Regina".

Carlos Calado viajou a convite da gravadora EMI O jornalista
 

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