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11/02/2004 - 07h26

Erasmo assume a liberdade e a solidão

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PEDRO ALEXANDRE SANCHES
enviado especial da Folha ao Rio

Erasmo Carlos, 62, consuma a interrupção da histórica parceria com Roberto Carlos: fato inédito, as 12 faixas de seu novo disco, "Santa Música", são compostas só por ele, sozinho.

"O meu telefone continua o mesmo, é só chamar", afirma, reagindo à distância mantida por Roberto desde a morte de sua mulher, Maria Rita, em 1999. "Se eu ligar, o chato sou eu. Então espero o momento dele."

Sem citar Roberto, explica o que há de libertador em compor sozinho: "Você pode falar do que quiser, não depende do crivo do parceiro. Se quiser matar o personagem no final, você mata".

Enquanto espera um chamado, Erasmo tem composto canções que considera "mais negras do que brancas". E cria um funk para homenagear outro amigo distante, Tim Maia (1942-98).

Escrita como se fosse uma carta ao amigo de adolescência, "Tim" não evita o tema da morte. "Quem sabe sai até um novo hit/ quando a gente se encontrar", ele canta, melancólico. "Não tenho frescura de falar desse assunto", explica Erasmo.

Falando sobre liberdade de compor, acaba comentando as diferenças entre criar em regime militar e em democracia. "O que dizem que é liberdade até hoje não sei direito. Fui votar com não sei quantos anos de idade."

Compara sua situação com a dos Beatles: "Quando comecei não era livre. Os Beatles sempre foram livres, os antepassados deles foram livres. Aqui fomos fazendo como pudemos".

Outro tipo de liberdade que só agora ele conquista é em relação à indústria fonográfica em processo de desmonte. "Santa Música" sai pela Indie Records, que acaba de interromper contrato de distribuição com a multinacional Universal. É o primeiro disco totalmente independente de Erasmo.

Erasmo opina sobre a situação de crise das gravadoras: "A culpada da pirataria é a própria indústria. Se morrer, foi porque ela se matou, se suicidou".

Tentando definir sua trajetória, o co-autor de cerca de 500 canções de Roberto Carlos volta a falar de liberdade. "Toda geração primeiro xinga os pais, os professores, o sistema, depois a si própria. Aí não tem mais quem xingar e acaba falando de amor."

Disco pop com sotaques de funk, discothèque, soul, rock e reggae, "Santa Música" tem 11 faixas de amor --e mais "No Olho do Furacão", sobre guerra e morte, composta na noite em que começou a Guerra do Iraque.

O jornalista Pedro Alexandre Sanches viajou a convite da gravadora Indie

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