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11/02/2004
-
06h55
FABIO CYPRIANO
enviado especial da Folha a Berlim
A violência brasileira novamente chega às telas de cinema. Com a estréia mundial anteontem à noite no Festival de Cinema de Berlim, "Contra Todos", de Roberto Moreira, apresenta como figura central um matador num subúrbio brasileiro, assim como ocorreu com os filmes "O Invasor", de Beto Brant, e "O Homem do Ano", de José Henrique Fonseca, exibido em Berlim em 2003.
A sessão estava lotada, com os 400 lugares da sala de exibição ocupados. No entanto, houve apenas palmas burocráticas no final e a sala se esvaziou para o debate com o diretor após a exibição. O que era esperado, já que a conversa começou à 0h30.
O filme chegou trazendo grande expectativa ao festival, já que é produzido pela O2, de Fernando Meirelles, realizador de "Cidade de Deus", que concorre em quatro categorias do Oscar. "O Fernando assistiu à primeira parte do filme, gostou muito e deu um apoio que permitiu que a gente estivesse aqui", afirmou Moreira.
"Contra Todos" retrata a desagregação de uma família no bairro de Aricanduva, na zona leste de São Paulo, por conta da "profissão" de Teodoro (Giulio Lopes), um matador.
Durante o debate, obviamente, a violência como um estereótipo da realidade brasileira foi uma das questões mais apresentadas ao diretor. "Há duas semanas, quatro funcionários do Ministério do Trabalho foram assassinados enquanto investigavam trabalho escravo, e isso aconteceu a 200 km de Brasília. O lugar onde acontece o filme está a 20 km da minha casa. Eu acho que essa é a realidade do Brasil", disse Moreira.
A atuação do elenco, que traz Leona Cavalli no papel de Cláudia, mulher de Teodoro, foi outro dos destaques durante a discussão. "Queria um tipo de qualidade documental na qual os atores fossem muito espontâneos e, por isso, trabalhei com bastante improvisação. Os atores participaram sem ler o roteiro e só sabiam o que ia acontecer no dia das filmagens. Com isso, eles foram construindo sua própria história", explicou.
Amanhã é a vez da última produção brasileira que participa da Berlinale: "O Outro Lado da Rua", de Marcos Bernstein. Entre as nacionais, é a que chega com espaço mais privilegiado, pois a entrevista será concedida na mesma sala que os filmes da mostra competitiva, o que não aconteceu com os demais. Graças à Fernanda Montenegro, que encabeça a produção e há seis anos ganhou o Urso de Prata por "Central do Brasil".
O jornalista Fabio Cypriano viajou a convite do Instituto Goethe de São Paulo e da organização da Berlinale
Violência de Aricanduva alcança Festival de Berlim
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enviado especial da Folha a Berlim
A violência brasileira novamente chega às telas de cinema. Com a estréia mundial anteontem à noite no Festival de Cinema de Berlim, "Contra Todos", de Roberto Moreira, apresenta como figura central um matador num subúrbio brasileiro, assim como ocorreu com os filmes "O Invasor", de Beto Brant, e "O Homem do Ano", de José Henrique Fonseca, exibido em Berlim em 2003.
A sessão estava lotada, com os 400 lugares da sala de exibição ocupados. No entanto, houve apenas palmas burocráticas no final e a sala se esvaziou para o debate com o diretor após a exibição. O que era esperado, já que a conversa começou à 0h30.
O filme chegou trazendo grande expectativa ao festival, já que é produzido pela O2, de Fernando Meirelles, realizador de "Cidade de Deus", que concorre em quatro categorias do Oscar. "O Fernando assistiu à primeira parte do filme, gostou muito e deu um apoio que permitiu que a gente estivesse aqui", afirmou Moreira.
"Contra Todos" retrata a desagregação de uma família no bairro de Aricanduva, na zona leste de São Paulo, por conta da "profissão" de Teodoro (Giulio Lopes), um matador.
Durante o debate, obviamente, a violência como um estereótipo da realidade brasileira foi uma das questões mais apresentadas ao diretor. "Há duas semanas, quatro funcionários do Ministério do Trabalho foram assassinados enquanto investigavam trabalho escravo, e isso aconteceu a 200 km de Brasília. O lugar onde acontece o filme está a 20 km da minha casa. Eu acho que essa é a realidade do Brasil", disse Moreira.
A atuação do elenco, que traz Leona Cavalli no papel de Cláudia, mulher de Teodoro, foi outro dos destaques durante a discussão. "Queria um tipo de qualidade documental na qual os atores fossem muito espontâneos e, por isso, trabalhei com bastante improvisação. Os atores participaram sem ler o roteiro e só sabiam o que ia acontecer no dia das filmagens. Com isso, eles foram construindo sua própria história", explicou.
Amanhã é a vez da última produção brasileira que participa da Berlinale: "O Outro Lado da Rua", de Marcos Bernstein. Entre as nacionais, é a que chega com espaço mais privilegiado, pois a entrevista será concedida na mesma sala que os filmes da mostra competitiva, o que não aconteceu com os demais. Graças à Fernanda Montenegro, que encabeça a produção e há seis anos ganhou o Urso de Prata por "Central do Brasil".
O jornalista Fabio Cypriano viajou a convite do Instituto Goethe de São Paulo e da organização da Berlinale
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