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12/02/2004 - 04h22

Filme "O Outro Lado da Rua" acerta ao deixar atores brilharem

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PEDRO BUTCHER
Enviado especial da Folha de S.Paulo a Berlim

Poucos cineastas ousam realizar um primeiro longa que tenha uma ambição proporcional à sua experiência. Diretores de primeira viagem costumam se deixar levar pela pretensão (criativa ou mercadológica) e esquecem a criação, com resultados quase sempre desastrosos.

Não é este o caso de "O Outro Lado da Rua", de Marcos Bernstein. Aos 33 anos, ele tirou proveito daquilo que sabe fazer (é um roteirista tarimbado) para construir um filme na medida certa, em que brilham sobretudo os diálogos, as atuações e a economia de meios da direção.

Um fato extraordinariamente corriqueiro serve de ponto de partida para o filme. Regina (Fernanda Montenegro) é uma moradora de Copacabana que se recusa a viver a velhice nas praças, jogando cartas. Prefere atuar como informante, seguindo um programa desenvolvido pela própria polícia e que estimula a participação dos aposentados do bairro na prevenção ao crime.

Em uma de suas rondas de binóculo, de sua própria janela, Regina flagra um vizinho (Raul Cortez) injetando uma substância suspeita em sua mulher, que no dia seguinte aparece morta. Avisada por Regina, a polícia faz uma procura no apartamento desse homem, um respeitado juiz chamado Camargo. Mas os trabalhos são interrompidos quando chegam ordens superiores para se "esquecer" o caso. Regina, no entanto, está convencida de que presenciou um crime, e começa sua investigação própria, contrariando a orientação da polícia. Aproxima-se, então, de Raul.

É nesse ponto que Marcos Bernstein (autor do roteiro ao lado de Melanie Dimantas) acerta em cheio. Quando "O Outro Lado da Rua" poderia se tornar uma trama policial das mais banais, ele prefere apostar na riqueza dos personagens (e dos atores) que tem nas mãos. O filme toma um rumo delicado e interessante ao seu modo, ganhando personalidade própria e mostrando como Regina se desmonta de sua amargura para a possibilidade de se apaixonar novamente.

Nesse caso, é claro, Bernstein conta com seus atores como os maiores aliados. Fernanda Montenegro e Raul Cortez emprestam sua grandeza e experiência sem exibir grandeza e experiência. É um trabalho de uma generosidade incrível, no tamanho da história. E a coisa ainda melhora mais com a participação especial, hilária, de Laura Cardoso.

Avaliação:

Pedro Butcher viajou a convite do festival.
 

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