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16/02/2004 - 03h20

Documentário "The Yes Men" faz ataque com "guerrilha satírica"

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FABIO CYPRIANO
Enviado especial da Folha de S.Paulo a Berlim

Ironia, sarcasmo, criatividade. Estas são as armas de uma nova forma de guerrilha apresentada na Berlinale, como é chamado o Festival de Berlim.

Mesmo homenageando Che Guevara, o mais famoso guerrilheiro do século 20, em duas produções italianas, de Gianni Minà, que realizou "Traveling with Che", um making of do filme "Diários de Motocicleta", de Walter Salles (ainda sem previsão de estréia no Brasil), e "La Ultime Ora del Che", de Romano Scavolini, sobre os últimos momentos do líder na Bolívia, um outro perfil de guerrilheiro chamou a atenção do festival. Foi com o documentário "The Yes Men", exibido na seção Panorama (filmes fora de competição, em que também estavam os brasileiros "Fala Tu", documentário de Guilherme Coelho, e "O Outro Lado da Rua", de Marcos Bernstein).

Lançado no Sundance Festival, nos Estados Unidos, no mês passado, a produção dos diretores norte-americanos Chris Smith, Sarah Price e Dan Ollman apresenta Mike e Andy, dois personagens do grupo de ativistas Yes Men, que realizam performances satíricas à globalização, a partir do uso da internet.

Eles criaram, para tanto, um falso site da Organização Mundial do Comércio (www.gatt.org) e, por conta dele, acabam sendo convidados para palestras e debates na TV por desavisados que acessam o site --praticamente igual ao da poderosa instituição econômica--, e se assumem como representantes da entidade.

"Por três vezes a Organização Mundial do Comércio tentou derrubar nosso site, mas sempre conseguimos mantê-lo", contou Mike, durante entrevista em Berlim. O site institucional dos ativistas é www.theyesmen.org.

A internet, no entanto, é apenas a forma de realizarem contatos. São suas performances anarquistas a parte mais vibrante do documentário.

Eles se travestem de executivos e criam situações absurdas para a OMC, como em uma palestra numa universidade de Nova York, na qual apresentaram a idéia de reciclagem de alimentos, isto é, que todo o excremento do primeiro mundo seja reciclado para a criação de hambúrgueres a serem consumidos em países do Terceiro Mundo.

Naquela ocasião, a reação da platéia foi quase automática, mas em muitas outras palestras, não é o que se vê.

Durante oito meses, a equipe que realizou o documentário acompanhou o grupo Yes Men pela Finlândia, França, Bélgica, Austrália e Estados Unidos, apresentando suas iniciativas, que levaram a platéia do cinema às gargalhadas praticamente durante toda a exibição da produção, que conta também com depoimentos do polêmico documentarista Michael Moore (de "Tiros em Columbine").

Tirar a roupa

Apesar de armarem situações absurdas --na Finlândia, chegaram a tirar os ternos, deixando à vista uma roupa dourada com um imenso pênis e uma televisão em sua ponta, que controlaria todos os trabalhadores de uma empresa--, os ativistas costumam ser aplaudidos e, no geral, ninguém admite perceber que se trata de uma farsa.

Na Austrália, por exemplo, foi manchete dos jornais o que Mike chegou a anunciar durante uma de suas palestras: que a Organização Mundial do Comércio iria passar por uma reestruturação durante quatro meses para se dedicar a diminuir a pobreza e a fome do mundo.
 

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