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16/02/2004 - 04h45

Maurice Vaneau quer contar suas memórias

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VALMIR SANTOS
da Folha de S.Paulo

Na sala do apartamento, gaiolas vazias dividem o espaço aéreo com passarinhos soltos, modelados pelas mãos desse artista que acaba de completar 78 anos e não desaprendeu a relacionar-se com vida, pessoas e objetos com ludicidade, assim como no palco.

Pintor, ator, encenador, cenógrafo, figurinista e coreógrafo, para citar alguns afazeres, o belga Maurice Vaneau está radicado no Brasil há quase 50 anos. Nos últimos tempos, porém, ele vem sendo pouco lembrado.

Quatro anos atrás, metido em um macacão respingado de tintas, podia-se vê-lo no saguão do Teatro Brasileiro de Comédia, trabalhando às vésperas da reabertura do espaço após reforma.

Justamente o lendário TBC em que ele estreou no Brasil como diretor, em 1956, com a comédia "A Casa de Chá do Luar de Agosto", do americano John Patrick, com Ítalo Rossi, Nathália Timberg, Milton Morares e outros.

Foi Vaneau quem dirigiu a primeira montagem brasileira de "Quem Tem Medo de Virginia Woolf?" (1965), do também americano Edward Albee, estrelado por Cacilda Becker (1925-69).

Artista multidiscipliinar, ele afirma que "todas as artes têm pontos em comum e precisamos conectá-los para não ficarmos numa perspectiva pobre."

Vaneau começou a carreira cursando belas artes na Bélgica natal. Depois, fez teatro. Transitou por Bruxelas, Paris, Nova York. Participou do elenco do Teatro Nacional da Bélgica, que veio em turnê para a América do Sul em meados da década de 50.

O industrial italiano Franco Zampari (1898-1966), "pai" do TBC, assistiu à apresentação da companhia no Teatro Municipal do Rio e convidou-o para a equipe da rua Major Diogo.

Vaneau entregou-se ao "destino", como diz. Casou-se em 1978 com a dançarina Célia Gouvêa, parceira também em várias coreografias, mãe de suas duas filhas, Vânia e Yara, que também trilharam as artes, cênicas e visuais, respectivamente.

Foi diretor do departamento de teatro em São Paulo, na gestão do crítico Sábato Magaldi na Secretaria Municipal da Cultura (1975-79); resgatou a pantomima que praticou na Europa e protagonizou espetáculos na base do "one-man show", como em "Para Governador" (1981).

É o arco dessas memórias que Vaneau pretende reunir em livro. Um projeto maturado, mas para o qual ainda faltam recursos. Nada que demova a esperança do artista que, na juventude, viu judeus serem assassinados na Bélgica pelos nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial.
 

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