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16/02/2004
-
10h58
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
Colunista da Folha de S.Paulo
Passando uns dias em Los Angeles, Califórnia, em busca de notícias e novidades, "Escuta Aqui" traz uma triste notícia. Está com os dias contados a rádio favorita desta coluna e de muitos leitores: a 97X, também conhecida por quem a ouve na internet como www.woxy.com.
Li no site da rádio. O casal que é dono da estação decidiu vender a licença de operação. Não se sabe que tipo de programação os novos proprietários vão adotar.
As justificativas para a venda? Cansaço, puro e simples. Linda e Doug Balogh, donos da rádio, explicam no site que, quando compraram a estação, Linda estava com 35 anos e Doug, com 39. Hoje, 23 anos depois, eles almejam uma vida mais sossegada, longe do clima de competição selvagem e nem sempre honesta que reina no mercado de rádio dos EUA (e não só lá...).
É hora de "aproveitar os frutos do trabalho", como eles mesmos dizem no texto que escreveram para o site. Devem mudar para Santa Fé (Novo México, sudoeste dos EUA) em busca de sossego.
A 97X é uma anomalia completa. E não só pela programação, focada em música novíssima e independente. Acontece que ela é uma estação que não pertence a nenhuma grande rede (como o conglomerado Clear Channel, que manda e desmanda no rádio americano) e sobrevivia sem jabá. Para complicar, a 97X tem sede em Ohio, um daqueles Estados americanos sem graça, iguais a tantos outros, não exatamente um mercado prioritário para os grandes meios de comunicação.
A essas alturas, alguns leitores devem achar que estou maluco, gastando espaço para falar de uma estação tão pequena, perdida no meio do nada norte-americano.
Essa alegação tem seu quê de verdade, mas o fato é que, há tantos anos escrevendo "Escuta Aqui", poucas vezes tive reações tão numerosas, freqüentes e apaixonadas como nas ocasiões (nunca pensei que um dia escreveria a palavra "ocasiões") em que recomendei a 97X.
Daí, imagino, a justificativa para essa breve elegia a uma iniciativa tão honesta, tão íntegra quando a 97X.
"Nós não somos uma corporação grande e sem rosto. Somos duas pessoas de verdade --que, por sinal, têm sentimentos também", diz o texto de despedida de Linda Balogh.
Ah, no meio disso tudo, há uma notícia bacana: o site www.woxy.com vai continuar a funcionar. Com os mesmos DJs e a mesma programação! O que acabou foram as transmissões normais, pelas ondas de rádio. Os ouvintes da internet, como nós, brasileiros, vão continuar aproveitando. Pelo menos isso.
BRASAS
Cena de Los Angeles 1
Com tantas celebridades na área, Los Angeles é uma festa para bons fisionomistas, o que definitivamente não é o meu caso. Na semana passada, por exemplo, este colunista dava um tempo no saguão de entrada de um hotel bacana no Sunset Strip quando avistou uma figura. Quem seria?
Cena de Los Angeles 2
Eu sabia que era alguém conhecido, mas... Depois de muito pensar, concluí que se tratava do rapper Jay-Z. Segundos depois, entra no hotel mais um "artista" com cara de famoso, pinta de famoso, mas quem seria? De novo, ativei os neurônios e concluí que era Chad Smith, batera dos Chili Peppers.
Cena de Los Angeles 3
O inevitável, então, aconteceu: "Chad Smith" passou bem ao lado de "Jay-Z" e um nem olhou na cara do outro. Três possibilidades: a) eles não se conhecem; b) eles não vão com a cara um do outro; c) não era nem o Jay-Z nem o Chad Smith. Se eu fosse você, apostaria na alternativa "c".
Clássicos alternativos
Essa é a nova onda no radio dos EUA: rádios de clássicos alternativos. Ou seja, a emissora fica com uma cara "alternativa", mas só toca coisas mais manjadas, do tipo Pearl Jam, Nirvana, Cure, Pixies etc. etc. Várias rádios estão mudando para esse formato e a fórmula tem funcionado.
CD PLAYER
Play
"Fugitive Motel", Elbow
Grande canção romântica dessa banda britânica que faz o que o Coldplay faria se fosse um grupo criativo, ou seja, escrever melodias poderosas, que acariciam nossos corações.
Pause
Outkast no Grammy
Beleza, os caras levaram vários prêmios, são gênios e fizeram por merecer. Mas o que o Andre 3000, metade do Outkast, estava fazendo no palco do Grammy fantasiado de Carlinhos Brown?
Eject
Fim da radio 97X
Já chorei as pitangas no texto aí de cima, mas fica aqui mais um protesto por termos uma voz a menos gritando "independência ou morte!" em meio ao triste cenário do rádio americano.
Álvaro Pereira Júnior, 40, é editor-chefe do "Fantástico" em São Paulo. E-mail: cby2k@uol.com.br.
Escuta aqui: Tudo o que é bom acaba
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Colunista da Folha de S.Paulo
Passando uns dias em Los Angeles, Califórnia, em busca de notícias e novidades, "Escuta Aqui" traz uma triste notícia. Está com os dias contados a rádio favorita desta coluna e de muitos leitores: a 97X, também conhecida por quem a ouve na internet como www.woxy.com.
Li no site da rádio. O casal que é dono da estação decidiu vender a licença de operação. Não se sabe que tipo de programação os novos proprietários vão adotar.
As justificativas para a venda? Cansaço, puro e simples. Linda e Doug Balogh, donos da rádio, explicam no site que, quando compraram a estação, Linda estava com 35 anos e Doug, com 39. Hoje, 23 anos depois, eles almejam uma vida mais sossegada, longe do clima de competição selvagem e nem sempre honesta que reina no mercado de rádio dos EUA (e não só lá...).
É hora de "aproveitar os frutos do trabalho", como eles mesmos dizem no texto que escreveram para o site. Devem mudar para Santa Fé (Novo México, sudoeste dos EUA) em busca de sossego.
A 97X é uma anomalia completa. E não só pela programação, focada em música novíssima e independente. Acontece que ela é uma estação que não pertence a nenhuma grande rede (como o conglomerado Clear Channel, que manda e desmanda no rádio americano) e sobrevivia sem jabá. Para complicar, a 97X tem sede em Ohio, um daqueles Estados americanos sem graça, iguais a tantos outros, não exatamente um mercado prioritário para os grandes meios de comunicação.
A essas alturas, alguns leitores devem achar que estou maluco, gastando espaço para falar de uma estação tão pequena, perdida no meio do nada norte-americano.
Essa alegação tem seu quê de verdade, mas o fato é que, há tantos anos escrevendo "Escuta Aqui", poucas vezes tive reações tão numerosas, freqüentes e apaixonadas como nas ocasiões (nunca pensei que um dia escreveria a palavra "ocasiões") em que recomendei a 97X.
Daí, imagino, a justificativa para essa breve elegia a uma iniciativa tão honesta, tão íntegra quando a 97X.
"Nós não somos uma corporação grande e sem rosto. Somos duas pessoas de verdade --que, por sinal, têm sentimentos também", diz o texto de despedida de Linda Balogh.
Ah, no meio disso tudo, há uma notícia bacana: o site www.woxy.com vai continuar a funcionar. Com os mesmos DJs e a mesma programação! O que acabou foram as transmissões normais, pelas ondas de rádio. Os ouvintes da internet, como nós, brasileiros, vão continuar aproveitando. Pelo menos isso.
BRASAS
Cena de Los Angeles 1
Com tantas celebridades na área, Los Angeles é uma festa para bons fisionomistas, o que definitivamente não é o meu caso. Na semana passada, por exemplo, este colunista dava um tempo no saguão de entrada de um hotel bacana no Sunset Strip quando avistou uma figura. Quem seria?
Cena de Los Angeles 2
Eu sabia que era alguém conhecido, mas... Depois de muito pensar, concluí que se tratava do rapper Jay-Z. Segundos depois, entra no hotel mais um "artista" com cara de famoso, pinta de famoso, mas quem seria? De novo, ativei os neurônios e concluí que era Chad Smith, batera dos Chili Peppers.
Cena de Los Angeles 3
O inevitável, então, aconteceu: "Chad Smith" passou bem ao lado de "Jay-Z" e um nem olhou na cara do outro. Três possibilidades: a) eles não se conhecem; b) eles não vão com a cara um do outro; c) não era nem o Jay-Z nem o Chad Smith. Se eu fosse você, apostaria na alternativa "c".
Clássicos alternativos
Essa é a nova onda no radio dos EUA: rádios de clássicos alternativos. Ou seja, a emissora fica com uma cara "alternativa", mas só toca coisas mais manjadas, do tipo Pearl Jam, Nirvana, Cure, Pixies etc. etc. Várias rádios estão mudando para esse formato e a fórmula tem funcionado.
CD PLAYER
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"Fugitive Motel", Elbow
Grande canção romântica dessa banda britânica que faz o que o Coldplay faria se fosse um grupo criativo, ou seja, escrever melodias poderosas, que acariciam nossos corações.
Pause
Outkast no Grammy
Beleza, os caras levaram vários prêmios, são gênios e fizeram por merecer. Mas o que o Andre 3000, metade do Outkast, estava fazendo no palco do Grammy fantasiado de Carlinhos Brown?
Eject
Fim da radio 97X
Já chorei as pitangas no texto aí de cima, mas fica aqui mais um protesto por termos uma voz a menos gritando "independência ou morte!" em meio ao triste cenário do rádio americano.
Álvaro Pereira Júnior, 40, é editor-chefe do "Fantástico" em São Paulo. E-mail: cby2k@uol.com.br.
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