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17/02/2004
-
08h29
LÚCIO RIBEIRO
colunista da Folha
Que o punk rock não morreu, existe o famoso bordão que jamais deixará que isso aconteça. Mas, pegando o ponto de vista da banda californiana Offspring, uma das mais bem-sucedidas do gênero, não tem como não dizer que o punk está velhinho.
E quem diz isso é o próprio Dexter Holland, o cantor da banda, músico envolvido com microbiologia, em entrevista direto de seu laboratório, em Los Angeles. O laboratório-estúdio de Dexter.
Em um cenário em que os últimos álbuns dos grupos da juvenilia punk Blink-182 e Good Charlotte foram considerados "adultos" pela crítica, o Offspring lançou seu sétimo disco, "Splinter", que ganhou sua edição brasileira.
Não só pelo novo CD, que exigirá da banda uma turnê mundial, este 2004 é especial por outros dois motivos. O grupo de Dexter comemora 20 anos de formação. E o terceiro álbum do Offspring, "Smash", o disco independente mais vendido da história (pelo selo Epitaph), faz dez anos.
Com as quase 5 milhões de cópias vendidas de "Smash", em 1994, e uma pequena ajuda de "Dookie", do Green Day, o punk rock realmente invadiu o mainstream. O punk juvenil-político de Sex Pistols e Dead Kennedys alcançava o sucesso com o punk juvenil-zoeira de Offspring e Green Day. Mas a algazarra promovida pelo Offspring já não tem muito lugar no punk anos 2000, o punk juvenil-auto-ajuda, que gasta suas letras com o fardo de ser adolescente nos EUA.
"A música está sempre mudando. Hoje a garotada acha que o punk rock é o que bandas como Sum 41 e Good Charlotte fazem. Mas, se essas músicas são importantes para eles de alguma forma, acho que faz todo o sentido. É o jeito de a música sobreviver diante das expectativas que sua época exige", disse Dexter à Folha, por telefone.
"O punk de hoje já não tem mais a ver com o punk do Offspring, e já está muito distante do que fizeram os Pistols, que foi o começo de tudo. Aí você percebe que está mesmo velho", conclui.
"Splinter", sétimo e primeiro álbum após três anos, tem o mérito --e também sofre a conseqüência-- de misturar gêneros ao punk-chiclete tradicional do Offspring. "Hit That", primeiro single do álbum, vai ao hip hop. Só faltava caprichar mais nas batidas.
"Hit That", cujo modernoso clipe tem alta rotação nas MTV americana e brasileira, tem ritmo engraçado, mas fala da desintegração familiar, que segundo Dexter está deixando as crianças cada vez mais sozinhas.
É o Offspring mantendo a integridade punk, som barulhento e eficiente, mas dando visíveis sinais de que a meia-idade chegou.
Ou que a época não é mais de zoeira. Engrossando o caldo auto-ajuda da geração Blink-182 e Good Charlotte.
Avaliação:
Splinter
Artista: Offspring
Gravadora: Sony
Quanto: R$ 30, em média
Leia mais
Leia entrevista com Dexter Holland, do Offspring
Offspring não se prende a gênero que o consagrou
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colunista da Folha
Que o punk rock não morreu, existe o famoso bordão que jamais deixará que isso aconteça. Mas, pegando o ponto de vista da banda californiana Offspring, uma das mais bem-sucedidas do gênero, não tem como não dizer que o punk está velhinho.
E quem diz isso é o próprio Dexter Holland, o cantor da banda, músico envolvido com microbiologia, em entrevista direto de seu laboratório, em Los Angeles. O laboratório-estúdio de Dexter.
Em um cenário em que os últimos álbuns dos grupos da juvenilia punk Blink-182 e Good Charlotte foram considerados "adultos" pela crítica, o Offspring lançou seu sétimo disco, "Splinter", que ganhou sua edição brasileira.
Não só pelo novo CD, que exigirá da banda uma turnê mundial, este 2004 é especial por outros dois motivos. O grupo de Dexter comemora 20 anos de formação. E o terceiro álbum do Offspring, "Smash", o disco independente mais vendido da história (pelo selo Epitaph), faz dez anos.
Com as quase 5 milhões de cópias vendidas de "Smash", em 1994, e uma pequena ajuda de "Dookie", do Green Day, o punk rock realmente invadiu o mainstream. O punk juvenil-político de Sex Pistols e Dead Kennedys alcançava o sucesso com o punk juvenil-zoeira de Offspring e Green Day. Mas a algazarra promovida pelo Offspring já não tem muito lugar no punk anos 2000, o punk juvenil-auto-ajuda, que gasta suas letras com o fardo de ser adolescente nos EUA.
"A música está sempre mudando. Hoje a garotada acha que o punk rock é o que bandas como Sum 41 e Good Charlotte fazem. Mas, se essas músicas são importantes para eles de alguma forma, acho que faz todo o sentido. É o jeito de a música sobreviver diante das expectativas que sua época exige", disse Dexter à Folha, por telefone.
"O punk de hoje já não tem mais a ver com o punk do Offspring, e já está muito distante do que fizeram os Pistols, que foi o começo de tudo. Aí você percebe que está mesmo velho", conclui.
"Splinter", sétimo e primeiro álbum após três anos, tem o mérito --e também sofre a conseqüência-- de misturar gêneros ao punk-chiclete tradicional do Offspring. "Hit That", primeiro single do álbum, vai ao hip hop. Só faltava caprichar mais nas batidas.
"Hit That", cujo modernoso clipe tem alta rotação nas MTV americana e brasileira, tem ritmo engraçado, mas fala da desintegração familiar, que segundo Dexter está deixando as crianças cada vez mais sozinhas.
É o Offspring mantendo a integridade punk, som barulhento e eficiente, mas dando visíveis sinais de que a meia-idade chegou.
Ou que a época não é mais de zoeira. Engrossando o caldo auto-ajuda da geração Blink-182 e Good Charlotte.
Avaliação:
Splinter
Artista: Offspring
Gravadora: Sony
Quanto: R$ 30, em média
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