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25/02/2004 - 11h43

Estréia de "A Paixão de Cristo" ofusca entrega do Oscar

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da France Presse, em Los Angeles

Sob acusações de promover a violência e o anti-semitismo, a expectativa criada pelo filme "A Paixão de Cristo" está ofuscando a entrega do Oscar, cerimônia que acontece neste domingo.

Dirigido por Mel Gibson, o filme --que narra as últimas doze horas de Jesus-- chega hoje a quatro mil salas de cinema nos Estados. Seu sucesso de bilheteria está mais do que assegurado.

Os especialistas concordam que Gibson, um católico fundamentalista, não demorará muitas horas para recuperar os US$ 25 milhões que desembolsou para dirigir, produzir e escrever o filme que se transformou num dos mais acalorados temas de debate da imprensa americana.

Fontes da indústria cinematográfica predizem que o filme vai arrecadar US$ 30 milhões em sua semana de estréia.

O que é extraordinário para um filme rodado inteiramente em hebreu, aramaico e latim, com atores praticamente desconhecidos e que demorou meses para encontrar uma distribuidora.

"No momento, as pessoas estão interessadas na controvérsia desatada pelo filme. A imprensa está concentrada na obra de Gibson e deixou de lado o Oscar", disse Anthony Mora, autor do livro "Spin to Win" ("Produzir para Ganhar").

Há meses várias organizações cristãs e judias expressam seu temor de que o filme aumente a noção de que os filhos de Davi foram os assassinos de Cristo, algo de que foram remidos em 1965, com a reforma do Concílio Vaticano 2º.

"A interpretação de Gibson dada aos evangelhos é difamadora para as massas de judeus que não seguiram Cristo", afirmou o rabino Marvin Hier, presidente do Centro Simon Wiesenthal.

Mel Gibson, 48, negou que seu filme seja anti-semita.

"Jesus morreu por nossas injustiças", disse o ator, católico romano tradicionalista, grupo que nunca aceitou as reformas do Concílio do Vaticano 2º em 1965.

"Ele foi morto por nossos pecados e, mediante sua morte, fomos curados. Esse é o objetivo do filme. Não se trata de apontar para ninguém com o dedo", afirmou, em entrevista à "ABC", na qual negou-se a comentar as declarações de seu pai, Hutton Gibson, que disse que o holocausto judeu jamais aconteceu.

"Sabe quanto tempo é necessário para eliminar um cadáver? Para incinerá-lo? É preciso um litro de gasolina e vinte minutos. Seis milhões de vítimas? Eles não tinham a gasolina necessária", disse Hutton Gibson, a respeito do genocídio judeus por parte dos nazistas.

Gibson, pai de sete filhos, também contou que, durante as filmagens, aconteceram coisas insólitas, como duas pessoas que recuperaram a visão e a audição. O ator James Caviezel, que interpreta Jesus, também contou que um raio caiu sobre ele quando rodavam a cena da crucificação, mas que nada lhe aconteceu.

Com tantos detalhes curiosos, a atenção despertada por um filme que narra uma morte ocorrida há mais de dois mil anos está assegurada.

'A estratégia foi brilhante: o filme foi exibido a grupos cuidadosamente selecionados --em sua maioria protestantes e católicos-- que se comprometeram em não dar detalhes", disse Mora, para quem seria ingênuo não achar que isso não se trata de uma campanha publicitária perfeita.

Para um dos líderes eclesiásticos convidados a uma sessão especial, nunca ninguém terá uma narração sobre a Paixão de Cristo que seja parecida.

Além do papel da comunidade cristã, várias organizações evangélicas estão promovendo o filme.

Um dos maiores grupos desse tipo, a Outreach Inc., está trabalhando com a Icon para oferecer uma série de produtos relacionados ao filme em seu site www.thepassionoutreach.com.

"Por acaso alguém está falando do 'Senhor dos Anéis' esta semana? Evidentemente Gibson é o grande vencedor. E ele nem está indicado ao Oscar!", disse.
 

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