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27/02/2004 - 21h02

Rabino de Israel quer boicotar "A Paixão de Cristo"

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da France Presse, em Jerusalém

Um dos grandes rabinos de Israel, Yona Metzger, exortou hoje ao boicote do polêmico filme de Mel Gibson, "A Paixão de Cristo", ao considerar que "alimenta o anti-semitismo".

"Peço a todos os judeus e não-judeus que boicotem o filme mentiroso, antieducativo, de uma violência complacente, que só faz incitar o anti-semitismo acusando falsamente os judeus de terem matado Jesus", disse o rabino.

"Espero que não seja jamais exibido em Israel", disse o rabino, porque "este filme apresenta uma tese que foi não só desmentida pelos historiadores, mas que contradiz a doutrina oficial da Igreja católica".

O Vaticano publicou "uma declaração em 1965 intitulada Nostra Aetate na qual limpava o povo judeu da acusação de ter matado Jesus", disse o rabino, acrescentando que esperava que o papa, com quem se reuniu há três semanas, recordasse esta posição.

O chefe do principal partido ultraortodoxo Shass, Eli Ishai, pediu ontem que se proíba o filme em Israel porque "incita o ódio contra os judeus e inclui acusações de crime ritual".

A cinemateca de Tel Aviv anunciou que queria exibi-lo, seguido de um debate, devido à polêmica que provocou.

Na semana passada, o centro Simon Wiesenthal, especializado na busca de criminosos de guerra nazistas, denunciou as declarações de Hutton Gibson, pai de Mel Gibson, nas quais negava a dimensão do Holocausto.

"Não são os desatinos de um homem de 85 anos que nos incomodam, mas o fato de que esta negação continua lastimando os sobreviventes do Holocausto", afirmou o centro Wiesenthal.

"Os líderes cristãos do mundo inteiro deveriam condenar fortemente essas declarações feitas alguns dias antes da estréia do polêmico filme de seu filho", disse o comunicado citando o fundador do centro, rabino Martin Hier.

"Não é senão ficção, ou talvez não, mas o é em boa parte", afirmou Hutton Gibson, fazendo referência ao genocídio levado a cabo pelos nazistas.

"As câmaras de gás e os crematórios em Auschwitz não fizeram o trabalho. Sabe o que se precisa para eliminar um cadáver? para incinerá-lo? É preciso de um litro de gasolina e 20 minutos. Então seis milhões [de vítimas]? Eles [os alemães] não tinham a gasolina necessária", disse.

Antes de estrear o filme nos Estados Unidos, a conferência episcopal católica americana publicou segunda-feira um livro lembrando as lições da Igreja sobre a morte de Jesus e "a condenação do pecado do anti-semitismo".

O secretário pessoal do papa, arcebispo polonês Stanislaw Dziwisz, desmentiu que ele tenha dito "aconteceu assim" depois de ter visto o filme, como afirmaram alguns meios de comunicação.
 

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