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29/02/2004 - 08h00

Com ajuda de 14 kg, Charlize Theron impressiona como serial killer

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PEDRO BUTCHER
Crítico da Folha de S.Paulo

Gwyneth Paltrow, Hilary Swank, Julia Roberts, Halle Berry, Nicole Kidman: as vencedoras do Oscar de melhor atriz dos últimos cinco anos só reforçam o favoritismo da provável ganhadora de hoje: jovem, bonita e incrivelmente esforçada, a sul-africana Charlize Theron, 28, é a escolha mais lógica na linhagem de beldades coroadas pelos acadêmicos de Hollywood.

A seu favor tem um impressionante trabalho de caracterização. Melhor do que premiar um rosto bonito é premiar um rosto bonito que se despe de toda vaidade e se deixa enfeiar em nome da "grande arte" da interpretação. (Vide Nicole Kidman e o nariz protético que lhe rendeu um Oscar em 2003 por "As Horas".)

Charlize foi muito além e, para viver Aileen Wuornos, protagonista de "Monster" (ainda inédito no Brasil), engordou 14 quilos, usou próteses dentárias e uma pesada maquiagem reproduzindo as manchas de pele da personagem "real".

O (e)feito já lhe rendeu o Globo de Ouro, o Urso de Prata do Festival de Berlim e o prêmio do SAG (o sindicato dos atores americanos). Mas "Monster", ironicamente, não ganhou a indicação mais merecida, a de melhor maquiagem. O trabalho de Charlize também é admirável, mas não chega lá. Em nenhum momento o espectador esquece que está vendo a bela brincando de fera.

Charlize, na verdade, não tem tanta culpa. Ela apenas reproduz um conceito estabelecido pela diretora e roteirista Patty Jenkins, que é o de (super) explicar as razões da transformação da prostituta Aileen Wuornos em uma assassina em série (ela matou e roubou seis de seus clientes na Flórida nos anos 80).

Na mesma proporção que o roteiro recorre a clichês psicossociais como abuso sexual, opressão social etc., Charlize tenta reproduzir as marcas da opressão no corpo de Aileen. "Assisti a vários programas de televisão feitos com Aileen. Tentei imitá-la na frente do espelho até achar que o resultado estava sendo consistente. Ela se move de um jeito muito diferente do meu e, quando finalmente consegui entender essas diferenças, tudo saiu mais fácil", contou a atriz.

Muito menor, certamente, foi o esforço da veterana Diane Keaton, 58 anos, indicada pela comédia "Alguém Tem que Ceder" (estréia no país em 12 de março). Em um trabalho tão mais leve quanto eficaz, ela vive a mulher de meia-idade que se apaixona pelo namorado mais velho de sua filha (Jack Nicholson) e flerta com o médico que a atende (Keanu Reeves).

Feito raro em Hollywood, principalmente para atrizes de sua idade, ela vai para a cama com os dois. "Foi demais para mim, ainda estou exausta!", brinca.

"Mas me deixou muito tímida. Com Keanu porque foi engraçado e com Jack foi exaustivo, passamos três semanas na cama filmando, uma verdadeira humilhação em frente à equipe", disse Keaton, que nas entrevistas se mantém fiel ao espírito bem-humorado do filme.

A se registrar, também, o trabalho de Keisha Castle-Hughes em "A Encantadora de Baleias". Além de ser responsável por toda a sinceridade em um filme com excessivos apelos à emoção, não custa lembrar que Keisha tem 13 anos e é a atriz mais jovem a receber uma indicação na categoria. E os acadêmicos adoram ver os pimpolhos subirem no palco (que o digam Tatum O'Neal e Ana Paquin).

Com Paoula Abou-Jaoude, free-lance para a Folha, em Los Angeles, e Fabio Cypriano, em Berlim

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