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02/03/2004 - 04h38

Com 500 imagens, retrospectiva aborda crescimento de São Paulo

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EDER CHIODETTO
editor de Fotografia

Um misto de nostalgia anacrônica com o sentimento de que algo deu errado a partir de um determinado ponto, é a sensação que dá ao percorrer a mostra "São Paulo, 450 Anos: A Imagem e a Memória da Cidade no Acervo do Instituto Moreira Salles", em exibição na galeria do Sesi, no prédio da Fiesp, em São Paulo.

Trata-se de uma ampla retrospectiva do desenvolvimento da cidade a partir de 1826, quando a então vila de São Paulo era um lugarejo ocupado por 20 mil pessoas. Esses 178 anos condensados em cerca de 500 imagens, dispostos em ordem cronológica, perpassam surtos econômicos, revoluções, levas de migrantes e a expansão da malha urbana a partir de um pequeno núcleo em torno do Pátio do Colégio.

O grande destaque da parte inicial da mostra é o fotógrafo carioca Militão Augusto de Azevedo (1837-1905). Nascido dois anos antes da invenção oficial da fotografia, aos 20 anos se tornou um dos primeiros fotógrafos profissionais brasileiros preocupados com registros urbanos.

A partir dos seus originais em papel albuminado foi possível montar duas panorâmicas da cidade, em 360 graus, realizadas em 1862. Militão voltaria a fotografar sistematicamente a cidade em 1887 para realizar seu "Álbum Comparativo da Cidade de São Paulo", em que fica visível a transformação impulsionada pelo avanço econômico.

Antes das imagens feitas por Militão só existiam os desenhos feitos em 1826 pelas missões européias que chegavam por essas paragens para reconhecer a independência do Brasil, como os belos desenhos da série "Povo de São Paulo", do inglês Charles Landseer (1799-1879), que mostram os traços e as indumentárias dos paulistanos na época.

Ao avançar na linha do tempo, sabiamente proposta pela curadoria, o visitante se entrega aos poucos a uma espécie de jogo especular no qual o passado longínquo emerge como uma espécie de contraprova do paraíso perdido, como imagens de uma tourada em plena praça da República, em 1902, de Edgard Egydio de Souza ou uma regata no belo e tranqüilo rio Tietê, em 1905, feita por Guilherme Gaensly.

O segmento que mostra a cidade após a década de 30 levanta discussões acaloradas entre os visitantes idosos que, contrariando a fleuma paulistana, conversam entre eles e com quem tiver opiniões a dar sobre a localização exata de prédios e ruas.

A evolução da linguagem fotográfica através dos tempos é notória também. Do documento até uma leitura particular e subjetiva como nas imagens da série "Noturnos", de Cássio Vasconcellos, nas quais o autor praticamente abandona a idéia de documentação e busca sua própria cidade dentro da balbúrdia que se transformou a metrópole do século 21.

São o que atestam as imagens aéreas de Gal Oppido ao fechar a mostra num retorno ao ponto onde se encontram as aquarelas das primeiras expedições de 1826.

Avaliação:

São Paulo, 450 Anos
Onde:
Centro Cultural Fiesp - galeria de arte do Sesi (av. Paulista, 1.313, tel. 0/xx/ 11/3146-7406)
Quando: de ter. a sáb., das 10h às 20h; e dom., das 10h às 19h, até 27/6
Quanto: entrada franca
 

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