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16/09/2000 - 11h31

Tom Cavalcante planeja filme com Guel Arraes e "bater" Gugu

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CARLA NASCIMENTO
da Folha Online

A frase é de Walter D'Ávila a Tom Cavalcante: "Humoristas como você só surgem de 40 em 40 anos", teria dito. Para tentar corresponder a essa afirmação (que não tem sido endossada pela crítica), Tom Cavalcante volta aos palcos de São Paulo para curta temporada com o show "É o Tom".

Definindo-se com um "workaholic", Tom Cavalcante revela que busca a perfeição em seu trabalho, que é fazer rir. "Você coloca coisas no palco que não sabe se vão dar certo, mas quando isso acontece eu já tenho cinco ou seis piadas na manga e aí não tem como o público não rir", revela.

No entanto, suscitar o riso não é o único objetivo das situações retratadas por Tom no palco. "Existe uma preocupação em alertar para algumas questões que considero importante", diz, referindo-se a um dos momentos do show em que o personagem João Canabrava alerta sobre a prevenção do câncer de mama e da próstata.

Aos 38 anos, "quatro vidas" de profissão, como costuma dizer, Tom ganhou notoriedade ao interpretar o personagem João Canabrava no humorístico "Escolinha do Professor Raimundo", consolidando o sucesso no personagem Ribamar do programa "Sai de Baixo", ambos na Rede Globo.

Comemorando o que o humorista define como "bom desempenho" do programa "Megatom", que vai ao ar nas tardes de domingo, Tom falou, em entrevista à Folha Online, sobre a concorrência com o apresentador do SBT Gugu Liberato, comenta sua saída do "Sai de Baixo" e revela que pretende fazer sua estréia no cinema dirigido por Guel Arraes. Leia a seguir trechos da entrevista.

Folha Online - O que muda na composição dos seus personagens do palco para a televisão?
Tom Cavalcante -
No palco não tem tempo, não tem uma obrigatoriedade de luz e coisas desse tipo, é um grande bate-papo. É como se você sentasse na calçada de um bar a beira-mar. Por mais sofisticado que seja o ambiente, eu consigo transportar o que eu faço no palco para o quintal da minha casa.

Folha Online - O que faz sucesso no humor?
Cavalcante -
As platéias estão sempre afim de ouvir o absurdo e sair do cotidiano.

Folha Online - No começo da sua carreira você recebeu ajuda de Chico Anysio. Você também procura fazer a mesma coisa com artistas que estão começando?
Cavalcante -
No "Megatom" eu estou trabalhando com artistas que não são conhecidos. Mas o número de artistas é grande...

Folha Online - O que faz do Ceará "um produtor" de humoristas?
Cavalcante -
Eu acho que a cultura do nordeste é assim, não é o Ceará especificamente. Mas existe um movimento grande no Ceará com shows de humor, festivais e prêmios.

Folha Online - Mas o fato de grandes artistas do humor hoje terem vindo de lá incentiva.
Cavalcante -
Sem dúvida.

Folha Online - Você sempre trabalhou sozinho no palco. Nunca pensou em dividir o palco com outros artistas?
Cavalcante -
Por enquanto não. Mas pretendo fazer fazer uma peça teatral de humor e drama.

Folha Online - Já existe um roteiro para isso?
Cavalcante -
A história seria escrita por mim mesmo e seria sobre um garoto para alcançar o sucesso na televisão. Um pouco autobiográfico, mas também viaja no conteúdo enriquecedor dos bastidores da televisão.

Folha Online - Mas você faria um drama?
Cavalcante -
Seria um drama-comédia. Humoristas fazendo drama sempre resultam em sucessos retumbantes. "O Show de Truman", com o Jim Carey, é um deles. Tudo o que um humorista pode chegar é naquele time ali.

Folha Online - Você tem outros projetos?
Tom Cavalcante -
Eu quero fazer um filme tipo "O Auto da Compadecida", dirigido pelo Guel Arraes, que também é nordestino. Acho que dá um casamento legal. Eu já tenho um roteiro. É sobre as coisas do Nordeste fazendo esse caminho que "Central do Brasil" fez, mas misturando tristeza com humor.

Folha Online - Você ainda não conseguiu na televisão o mesmo sucesso e autonomia que tem no palco...
Cavalcante -
A televisão tem um raciocínio próprio de empresa, então o artista participa como funcionário nessa relação. Mas hoje há uma abertura muito maior para discutir com a direção.

Folha Online - E o "Megatom" já tem o formato que você quer?
Cavalcante - Está bem melhor. Esse horário (16h de domingo) não é um horário muito indicado para o programa. Esse horário é da mãe de família com crianças na sala, o que não permite brincadeiras com muita molecagem.

Folha Online - Qual é o horário ideal?
Cavalcante -
Horário legal é sábado à meia-noite. Os costumes mudaram muito. As pessoas hoje dormem muito tarde e a televisão tem o poder de sugestionamewnto do sono. Uma boa atração não tem horário.

Folha Online - Mas você iria concorrer com o "Sabadão Sertanejo" do Gugu Liberato.
Cavalcante - O humor é sempre muito bem-vindo e eu já concorro com as garotas molhadas do programa do Gugu. O que eu estou apresentando na televisão com todo o zelo já está dando certo e eu já ganho em audiência quase todo domingo.

Folha Online - Você seguraria essa concorrência no sábado à noite também?
Cavalcante - A concorrência é salutar. Gugu é um grande profissional e ele tem que buscar legitimar o que ele acredita. Ele cresceu por si. Acreditou no que queria fazer e faz com muito empenho e força de vontade. Mas eu acredito que sempre existe um público para humor.

Folha Online - Existe espaço para novas linguagens e formatos dentro do humor?
Cavalcante -
O que eu faço ainda tem um formato estereotipado, mas minha proposta é modernizar tudo isso. Mas agora eu tenho que ter poder de barganha para provar e fazer isso acontecer. Eu vou convencendo e também fazendo o que já está aí. Eu não posso mudar esse quadro de uma vez porque isso é até um jogo político.

Folha Online - E você lida com o fato de ter que fazer jogo político?
Cavalcante -
Não, porque eu sei que vou conseguir chegar. É uma seleção natural do tempo mesmo.

Folha Online - O que de fato aconteceu na sua saída do "Sai de Baixo"?
Cavalcante -
Eu tenho saudade do "Sai de Baixo". O que aconteceu é que eu tinha um contrato com a Globo para fazer o programa por dois anos e depois sairia para fazer o Megatom. Mas aí me pediram para ficar mais um ano e depois mais um e isso comçou a me incomodar. Quando eu fui tentar sair não deixaram, aí gerou essa confusão toda.

Folha Online - Com isso você ganhou fama de temperamental...
Cavalcante -
Eu não mexo com ninguém, mas tudo aquilo em que eu acreditar pode ter certeza de que eu vou brigar pra ter. Eu não nasci no Rio ou em São Paulo onde eu conhecia artistas e diretores. Eu vim só, eu não tinha turma. Minha briga é solitária. É minha bandeira e o público. Eu saio quantas vezes for preciso. Vou voar sempre.

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