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17/03/2004 - 08h26

MAM inaugura exposição com obras de artista inglesa

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FABIO CYPRIANO
da Folha de S.Paulo

Seis esculturas em resina, um quebra-cabeças. Cada uma delas é feita a partir da estrutura de um banco --desses de sentar mesmo-- diferente. A resina solidifica o ar e, assim, dá visualidade ao espaço existente embaixo do banco. Assim, cria-se um paradoxo: as esculturas cheias de resina tratam do vazio de espaços banais.

Essas obras, da inglesa Rachel Whiteread, são representativas da poética da artista construída ao longo dos últimos 20 anos, tema da mostra que será inaugurada amanhã, no MAM (Museu de Arte Moderna de São Paulo), com curadoria de Paulo Venâncio Filho e Ann Gallagher. A exposição também já teve passagem pelo MAM do Rio de Janeiro.

Rachel Whiteread é uma artista bastante representativa da chamada Young British Art e uma das mais prestigiadas do grupo. Nascida em 1963, recebeu quando tinha 29 anos, em 1993, o Turner, mais importante prêmio concedido a artistas contemporâneos. Quatro anos mais tarde, ganhou o Leão de Ouro da Bienal de Veneza para jovem artista.

"Comecei de forma muito pragmática, pois eu não me interessava por vídeo ou novas mídias. Gostava de trabalhar no ateliê e, em minhas pesquisas na pós-graduação, usei meu próprio corpo como molde. Como não tinha uma linguagem própria, utilizei meu corpo como se fosse uma escultura, construindo algo parecido com móveis. Foi um princípio ingênuo, mas o ponto de partida para tudo que veio depois", disse Whiteread, no hotel onde se hospeda em São Paulo.

Esse princípio gerador, do uso do próprio corpo como molde, é uma clara influência do escultor inglês Antony Gormley, com quem a artista estudou na Slade School, na década de 80. Gormley é conhecido por seus trabalhos realizadas a partir de moldes de seu próprio corpo.

A exposição que entra em cartaz no Museu de Arte Moderna apresenta 23 obras recentes de Whiteread, realizadas a partir dos anos 90. "Creio que a exposição traz uma visão geral de minha produção, mas não abarca a questão da escala que, em meu trabalho, representa uma parcela importante", afirma a artista.

Projetada para o museu, onde Whiteread esteve há dois anos para iniciar a produção da mostra, a exposição procura dar conta das obras em grande escala feitas pela artista plástica inglesa por meio de registros fotográficos.

Obras públicas

É o caso de "House", obra realizada em 1993 e que lhe rendeu o Turner. Nesse trabalho, num parque do subúrbio londrino, Whiteread encheu de gesso uma típica casa inglesa do período vitoriano, que estava para ser demolida. Depois, retirou as paredes, revelando o negativo da construção, seu usual método de trabalho, atraindo multidões para o local.

"Essa obra se transformou num ícone político, o que não era intencional, sobre a necessidade de moradia, sobre o descaso com a arquitetura e outros temas", conta a artista. Tendo sido criada na intenção de permanecer como obra pública, a escultura acabou sendo demolida em 1994.

Outro trabalho que alcançou grande repercussão pelas dimensões e também presente na mostra em registro fotográfico e em uma maquete é o Memorial do Holocausto de Viena, realizado em 2000. Numa via pública da capital austríaca, Whiteread criou, também em negativo, uma biblioteca, que é um símbolo da cultura destruída pelo nazismo.

Ao contrário de muitas artistas que elaboram fórmulas e se prendem a elas, provocando tédio ao longo da carreira, o trabalho de Rachel Whiteread, como se vê na mostra do MAM, é permeado por descobertas.

"Creio que é como aprender uma língua, é necessário que se vá desenvolvendo aos poucos. Há muitos artistas como o [escultor Richard] Serra, que faz sempre a mesma coisa, mas de formas muito diferentes. É isso que procuro, um desenvolvimento que pareça natural e explore possibilidades diversas", afirma a artista, que, antes da abertura da exposição, ministra amanhã, às 18h30, uma palestra aberta aos interessados no auditório do MAM.

RACHEL WHITEREAD - Mostra com 23 obras da artista plástica inglesa
Curadoria: Paulo Venâncio Filho e Ann Gallagher
Quando: abertura amanhã, às 19h30; de ter. a sex, das 12h às 18h, qui., até 22h; sáb. e dom., das 10h às 18h. Até 2/5
Onde: Museu de Arte Moderna de São Paulo (parque Ibirapuera, portão 3, tel. 0/xx/11/5549-9688)
Quanto: R$ 5
Patrocinador: British Council

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